quarta-feira, 18 de junho de 2014

Por que é tão difícil provar a existência de Deus?

Bad Wolf

Recentemente publiquei na página Facebook deste blog uma matéria sobre preconceitos usuais em ciência. E o primeiro preconceito mencionado se refere à noção de "prova". 

Muitas pessoas afirmam que a ciência prova isso ou prova aquilo, insinuando a existência de um conhecimento que não permite espaço para dúvida alguma. Se uma pessoa assume que uma prova (ou prova científica) é uma metódica experiência de laboratório, uma descoberta amplamente conhecida pela comunidade científica ou (pior) um detalhado argumento que apresente uma resposta definitiva a alguma questão sobre algum fenômeno da natureza, esta pessoa não está assumindo uma postura científica. Isso porque a postura científica é fundamentalmente fomentada pela dúvida.

Se o leitor deste texto for uma pessoa com senso crítico, já deve ter se sentido desconfortável com a primeira frase do parágrafo acima: "Muitas pessoas afirmam que...". O que são exatamente "muitas pessoas"? E, pior, quem são essas pessoas?

Para responder parcialmente a essas últimas questões, recomendo que você mesmo faça a seguinte experiência. Digite no Google a seguinte palavra-chave: science (ciência). Surgirão 659 milhões de resultados. Em seguida, digite science has proven (a ciência provou). Surgirão 146 milhões de resultados, o que corresponde a apenas 22% dos resultados da primeira busca. Finalmente, digite science has proven god (ou seja, a expressão "a ciência provou" seguida do termo "deus"). Surgirão 17,5 milhões de resultados, o que corresponde a 12% dos resultados da segunda busca e somente 2,6% dos resultados da primeira.

Apesar da considerável desconfiança que o mecanismo de busca do Google desperta, ainda assim é possível perceber a existência de muitas pessoas que associam a noção de que "a ciência prova coisas" com "algum conceito sobre Deus", ainda que eu não tenha encontrado evidências de que tais pessoas representem alguma maioria. Ao se digitar a palavra-chave science has proven (sem menção alguma ao termo god), percebe-se, porém, já nas primeiras páginas expostas pelo mecanismo de busca, uma quantia considerável de sites com textos e vídeos sobre a existência de Deus, interpretações da Bíblia ou supostas análises sobre a Teoria da Evolução das Espécies (um dos alvos preferidos tanto dos autoproclamados céticos quanto dos fanáticos religiosos). 

E um dos pontos em comum entre tais textos é a presença da palavra "prova". São muitos os que questionam o que exatamente prova a Teoria da Evolução das Espécies. Outros chegam a afirmar que a ciência provou a inexistência de Deus, enquanto que alguns garantem que a ciência já provou a Sua existência.

No entanto, a confusão daqueles que esperam da ciência alguma resposta definitiva sobre a existência de Deus reside justamente no conceito de "prova".

Digamos que seja possível classificar a ciência em dois grandes ramos: ciências reais e ciências formais. Ciências reais seriam então divididas em ciências humanas e ciências naturais. As ciências humanas compreendem a economia, a sociologia, a psicologia, a linguística, entre outras. As ciências naturais contemplam a física, a química, a biologia, a geologia, entre outras. (Vale observar que estou me esquivando de qualquer visão objetiva sobre ciências reais, a partir do momento em que emprego o termo "entre outras"). Já as ciências formais compreendem a matemática e a lógica.

Em matemática e em lógica existe uma conceituação metamatemática muito precisa para prova, também conhecida como demonstração. Mas mesmo demonstrações matemáticas muito usuais são questionáveis. Um exemplo bem conhecido que ilustra isso é a visão intuicionista do matemático holandês L. E. J. Brower. Já nas ciências reais uma prova é usualmente uma evidência física e, portanto, algo sujeito a interpretações no escopo de algum corpo de conhecimento já estabelecido. 

Mas uma das características mais perturbadoras da ciência é que a distinção entre ciências reais e ciências formais carece de sentido, uma vez que todas as chamadas ciências reais fazem uso, vez ou outra, de métodos típicos das ciências formais.  E isso torna qualquer discussão sobre o conceito de prova muito mais complicado.

Desconheço a existência de qualquer texto sério e extenso o bastante para contemplar todos os casos possíveis de provas em ciência. Porém, parece seguro o bastante afirmar o seguinte: uma prova, em vastas porções da ciência, é apenas uma evidência de que uma teoria é suficientemente confiável para explicar fenômenos ditos reais, conforme são percebidos pela espécie humana em certos contextos sociais definidos pela comunidade científica internacional.

Ou seja, neste sentido, provas têm a função de apoiar ou contestar teorias, em um contexto social definido pela prática científica usual. John Maddox, editor da revista Nature durante muitos anos, chegou a escrever: "Se Isaac Newton submetesse sua teoria de gravitação hoje em dia, seu trabalho seria rejeitado para publicação em periódico especializado". A teoria da gravitação universal de Newton é um excelente exemplo para ilustrar o significado de uma prova. No século 17 a queda de uma maçã e a órbita da Lua ao redor da Terra eram provas que confirmavam tal teoria. No entanto, com o passar do tempo surgiram dúvidas severas quanto à interpretação física do conceito de força. Portanto, provar as ideias de Newton sobre gravitação ficou cada vez mais difícil, levando em conta as profundas exigências metodológicas, epistemológicas e pragmáticas existentes hoje em dia. A verdade (sempre mais perturbadora do que a maioria consiga antecipar) é que o próprio Maddox reconhece que até mesmo o artigo de Crick e Watson que desvendou a estrutura da molécula DNA (rendendo o Prêmio Nobel) provavelmente não seria publicável na Nature dos dias de hoje.

Dentro de certos contextos sociais extremamente toleráveis, a gravitação universal de Newton é suficientemente suportada por muitas provas. No entanto, hoje em dia é muito difícil contestar o marcante caráter metafísico da gravitação universal, a qual apela para uma misteriosa ação-a-distância que ocorre instantaneamente entre corpos com massa, não importando a distância entre eles. É possível que Isaac Newton fosse apelidado de Harry Potter, se apresentasse sua gravitação universal no século 21.

Se alguém se sente preparado para questionar provas da Teoria da Evolução das Espécies ou provas da existência ou inexistência de Deus, deve também estar preparado para questionar as provas da existência do campo gravitacional da Terra. Se uma maçã cai ao chão quando largada, tal evidência não garante que a gravitação universal está consolidada como um conhecimento inquestionável. Mesmo que um milhão de maçãs tenham o mesmo comportamento, não sabemos como se comportaria toda e qualquer maçã, ao ser largada de uma certa altura. E o questionamento sobre provas não cabe apenas à gravitação universal (a qual é criticada há séculos), mas a toda e qualquer teoria científica. Ou seja, antes de se questionar provas da existência ou inexistência de Deus, deve-se questionar o que, afinal, é uma prova.

Ainda que algum cientista apresentasse provas da existência de algo que muitos reconheceriam como Deus, tais provas dependeriam de um contexto teórico. E toda teoria é contestável. E, pior, toda prova está inevitavelmente vinculada a uma interpretação de supostos fatos. E como a noção de Deus frequentemente desperta fortes emoções (tanto entre religiosos quanto ateus e mesmo agnósticos), qualquer visão objetiva sobre o tema fica mais comprometida ainda. 

A ciência atingiu um grau suficientemente maduro para reconhecer que ela não surgiu para trazer respostas, mas apenas questões. E os reflexos desta maturidade têm ocorrido em áreas inesperadas do fenômeno humano, como as ciências jurídicas. Em brilhante artigo de David L. Faigman, o autor defende que juízes (enquanto membros do Poder Judiciário) deveriam ser cientistas amadores, dada a fundamental importância da ciência e da tecnologia nos dias de hoje. No entanto, não é o que ocorre. E a ignorância de juízes sobre conceitos básicos de ciência certamente compromete o próprio sistema judiciário. Um exemplo da importância de conhecimentos básicos de ciência entre juízes se encontra nesta postagem sobre um caso hipotético de exame médico indicando um falso positivo.

Em suma, por que é tão difícil provar a existência de Deus? Simplesmente porque não existem critérios objetivos (sem apelar para contextos sociais) que estabeleçam o que, afinal, é uma prova. Não é apenas a existência de Deus que se mostra difícil de provar. Se pensar bem, até mesmo a existência deste texto é contestável. Como saber se o leitor não está sonhando com esta postagem?

Se, por acaso, o leitor se sentir inseguro demais com esta visão sobre ciência, recomendo que erga uma maçã para o alto e a solte. Enquanto ela estiver caindo, pode respirar com certa tranquilidade e continuar confiando na surpreendente capacidade da ciência de se mostrar útil à sobrevivência da espécie humana. Mas se a maçã não cair, peço que faça contato com o administrador deste blog. Eu gostaria muito de ver uma maçã flutuante.

27 comentários:

  1. Mas afinal onde encontramos a realidade? Será que existe um lugar seguro e compreensível no espaço/tempo? Seria o Universo indefinível e/ou inexistente? Afinal então, para que serve a ciência?
    Sobre a maçã, será que a relatividade não seria útil neste caso? Aliás E=m.c não é válido?
    Me agrada muito que alguém falou de forma livre sobre Deus, assim como a questão do DNA. Ainda hoje se ensina na escola a velha e surrada dupla hélice! Porque?
    Onde esses assuntos são debatidos?

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  2. Imagino que a "misteriosa ação à distância" de Isaac Newton e este misticismo vinculado a isto "a la Harry Potter" se deva, em partes, a esta profunda característica mística e religiosa do próprio Newton, cujas obras, se não me engano, eram compostas por maioria de aspectos místicos. Ouvi dizer (não sei se é verdade) que o "Principia" de Newton fazia parte de cerca de 20% do total de seus estudos, sendo esta proporção voltada para o caráter "objetivo" e "materialista" da Ciência. Os demais 80% estariam voltados para a Religião, o misticismo e a alquimia.

    Na Química, este tipo de situação também foi bastante recorrente em sua história e suas raízes. A chamada "Teoria do Flogístico" explicava a maioria dos fenômenos químicos envolvendo a combustão de materiais e algumas reações de oxirredução, por meio de conceitos como "ar flogisticado" e "ar desflogisticado", que modernamente refere-se a uma ausência ou presença do gás oxigênio no meio reacional.

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  3. Nos dias de hoje, os defensores do Flogístico da mesma forma seriam vistos como Harry Potter, e seus trabalhos jamais seriam aceitos para publicação técnico-científica, uma vez que a "Teoria do Flogístico" foi derrubada e descartada pelos trabalhos de John Dalton, Gay-Lussac, Scheele, Prietsley, Proust, Avogadro e Lavoisier (com sua "Lei de Conservação das Massas"). Aliás, a própria "Lei de Conservação das Massas" de Lavoisier seria severamente criticada nos dias atuais e descartada, à luz da Conservação de Energia e do Momentum da Física e do que se entende por "massa" (seja lá o que signifique isso, pois tenho certeza que se eu expuser minha noção de "massa" serei facilmente contestado também, hehehehehehe).

    Esse caráter místico e religioso, comum em cientistas e pesquisadores ao término da Idade Moderna e início da Contemporânea e talvez um resquício da Idade Média, pode também ser encontrado inclusive no surgimento do conceito de "molécula", datado da época do religioso italiano Amedeo Avogadro.

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  4. Nos livros de História da Química que conheço (com destaque para "Pequena História da Química: dos Primórdios a Lavoisier", de Juergen Heinrich Maar), comenta-se que a ideia de que a matéria seria constituída por "unidades minúsculas e simples" teria sido pensada por Avogadro em função de sua própria vida religiosa e de sua ordem no contexto da Igreja. Uma vez que Avogadro seguia uma filosofia religiosa de ordem simples e humilde, teria estendido tal raciocínio para a natureza, que deveria ser tão "simples e humilde" como o ser humano que busca uma sintonia com ela. Daí teria surgido a noção de "simplicidade" e "unidade" na natureza, vinda de Avogadro, e que ia ao encontro da noção de "átomo", surgida na Grécia Antiga e retomada por Dalton, Lavoisier e outros contemporâneos.

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  5. Foi Avogadro que, muito habilmente, uniu os resultados experimentais de John Dalton e de Gay-Lussac (ambos aparentemente discordantes e opostos entre si), desenvolvendo a ideia de conjunto de unidades elementares que, juntas, formam outro tipo de unidade, que hoje conhecemos como "molécula". Somente esta noção de "molécula" permitiu agrupar num mesmo escopo os resultados aparentemente conflitantes de experimentos de Dalton e Gay-Lussac, mostrando que não eram discordantes, opostos e conflitantes, mas sim concordantes, complementares e em total sintonia com a ideia primordial de "átomo".

    Entretanto, ironicamente, se Avogadro tentasse justificar suas ideias partindo de seus preceitos religiosos (que efetivamente originaram a ideia central de seu trabalho científico), certamente seria rechaçado nos dias atuais e taxado como algo muito pior do que os personagens da série Harry Potter!!!!!!!!!!!!

    No entanto, a beleza e a majestosidade do raciocínio desses cientistas de épocas passadas é de uma grandeza tal que não vemos igual nos dias de hoje!!!!!!!!!

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  6. São diversas e variadas as passagens curiosíssimas na História da Ciência, não só na Química (conheço outras tantas, que gostaria de escrever sobre, em algum lugar e se alguém permitir), mas também na Física (como o Adonai escreveu) e na Matemática (através da poesia e da obra "Lilavati", por exemplo, que originou uma das maneiras de se resolver uma Equação do 2º Grau, se não me engano), além de raciocínios fantásticos desde a época de Eratóstenes, passando por Newton e Leibniz e desembocando na própria Relatividade.

    Se possível Adonai, vc também poderia explorar mais este assunto vinculando raciocínios e a História da Matemática com ideias e conceitos geniais que muitas vezes se mostra útil até os dias de hoje.

    Sei que o pesquisador Ubiratan D´Ambrósio é um dos que estuda esse assunto, mas não conheço a obra dele.

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    1. Leandro

      De fato Isaac Newton se dedicava muito a questões de ordem mística ou religiosa. E sua sugestão de escrever algo sobre a história das ideias em ciência é excelente. No entanto, não tenho competência para isso. Há algum tempo procuro por alguém que possa escrever sobre o tema neste blog. Mas certos assuntos são restritos a círculos extremamente reduzidos da comunidade acadêmica.

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  7. Apenas por curiosidade: Antoine Laurent Lavoisier era formado em Direito, além de coletor de impostos do rei Luís XVI, se não me engano.

    Seus estudos vinculados com Ciências Naturais era uma espécie de hobbie!!!!!!!!

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  8. Prof Adonai

    Deixa eu ver se entendi. Não é possível provar coisa alguma, pois a própria definição de prova carece de sentido. Estou certo?

    Perfeita essa colocação. Isto serve para refutar ateus e agnósticos que consideram que Deus não existe porque não há "provas". Na realidade não faz o menor sentido dizer que se Deus existe ou não.

    Para os que creem de verdade em Deus, "Deus é". e o ser humano que existe .Mas isto é uma questão de fé.

    Fanatismos religiosos ou ateístas são sempre prejudiciais e acho que nem devem misturar-se com ciência.

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    1. Hugo

      Há aqueles que dizem não ser possível provar coisa alguma. Se qualificarmos uma prova como uma evidência física irrefutável para a inequívoca conclusão de uma ideia ou teoria, de fato não vejo como provar algo. Além disso, mesmo que alguém dominasse o poder de provar coisas (algo que jamais vi em minha vida), é muito mais fácil provar a existência de Deus do que provar Sua inexistência. Isso porque não encontrar provas da existência de algo pode apenas significar que precisamos procurar melhor.

      Com relação a ateus, não passam de crentes. Isso porque eles creem que Deus não existe. Ateus são, sem exceção, pessoas ingênuas.

      Gosto muito da visão de Blaise Pascal sobre Deus. Para ele, Deus é como o horizonte. Ainda que possa ser visto, jamais pode ser alcançado. Deus envolve noções que, por natureza, escapam do escopo da ciência. Por isso Pascal dizia que o coração tem razões que a razão desconhece! Isso porque a razão de Deus é inacessível pela razão dos homens, segundo Pascal. Quando alguém propõe paradoxos em visões usuais sobre os atributos de Deus (por exemplo: se for onipotente, pode criar uma pedra grande o bastante que não possa carregar?) está necessariamente limitado pelas concepções humanas sobre o que é razão. Mas quem disse que a razão de Deus está ao alcance dos homens? Quem é ousado o bastante para garantir que conhece a razão de Deus (se é que isso existe)?. Ou seja, Pascal tinha uma visão muito elegante sobre Deus. Ela pode não ser convincente para muitas pessoas. Mas isso é irrelevante para quem é genuinamente religioso, algo muito raro nos dias de hoje.

      O único ponto de contato que pode existir entre ciência e religião é aquele já apontado por Carl Sagan: programas sociais. Tanto instituições religiosas quanto instituições científicas podem trabalhar em conjunto pelo bem comum de segmentos sociais. Mas no que se refere aos fundamentos da ciência e aos fundamentos da religião, não vejo como possa ser possível qualquer conciliação entre essas atividades humanas. Isso por si só é muito bonito. Não apenas a ciência é multifacetada com inúmeras visões incompatíveis entre si sobre a natureza, como a própria espécie humana é extremamente diversificada.

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    2. Curiosa coincidência,
      ontem eu tentava explicar para o (meu filho) Ulisses o que é razão.
      Minha explanação, muito inspirada no Prof. Newton da Costa, foi a de que os pilares da razão são a indução, a dedução e a crítica. Omiti conscientemente a quase-indução por pura incapacidade didática minha.
      Bacana foi a pergunta que, ao final da conversa, o Ulisses fez: "a sabedoria é um pilar da razão?". Pedi tempo para pensar.

      Parabéns, por mais uma bela postagem, Adonai.

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    3. Grande Daniel

      Muito mais importante do que postar textos em um blog é criar um filho da forma como você sugere aqui. Sensacional!

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  9. Os “juízes (enquanto membros do Poder Judiciário) deveriam ser cientistas amadores, dada a fundamental importância da ciência e da tecnologia nos dias de hoje”. Infelizmente estamos longo de tal possibilidade. Veja um exemplo de “confusão cognitiva” que costuma ocorrer: http://dererummundi.blogspot.com.br/2012/12/o-perigo-do-analfabetismo-cientifico.html

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    1. Luiz Braz

      Exemplo excelente! Pior do que não saber é confundir insanidade com saber. E existe muita insanidade neste mundo.

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  10. Acredito que nestes assuntos, a linguagem destorce muito as ideias. Por exemplo, uma pessoa genuinamente religiosa o que significa? Religião é fé, então qualquer coisa serve, a não ser que exista uma ou duas, ou a que um religioso designe como genuína! Portanto, creio que nunca se foi tão religioso como hoje em dia, basta ver o número de igrejas que existe atualmente. Se Deus é fé, existir ou não existir significa fé, e isto é a mesma coisa, ambas são válidas! Seria o domínio do terceiro incluído, segundo Basarab Nicolescu.
    Acredito que é difícil fazer uma ideia real ou comum do que significa ciência. Por exemplo, se alguém afirma que há 13 bilhões de anos houve uma explosão (big bang) e daí surgiu o Universo, será isto ciência ou fé?

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    1. João

      Pessoas adeptas de igrejas existem muitas. Pessoas que considero genuinamente religiosas são poucas, pois são aquelas que efetivamente estudam criticamente sobre religião, abraçando princípios religiosos em seu cotidiano. Ler traduções da Bíblia não qualifica sentimento de religiosidade. Autoproclamar-se cristão e ainda julgar as pessoas, também não qualifica sentimento de religiosidade. Como pode alguém se considerar cristão e não conhecer os textos de São Tomás de Aquino e os consequentes escritos de Pascal? E os manuscritos do Mar Morto? Impossível ignorá-los. Judeus, por exemplo, devem conhecer hebraico arcaico. Caso contrário, são questionados pelos seus pares.

      Com relação à teoria do Big Bang, não tem conotação religiosa. Existem, sim, crenças envolvidas na atividade científica. Mas são crenças sem caráter dogmático, que podem ser revistas. Os princípios fundamentais de ciência e religião são muito distintos.

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    2. Pois é, as palavras e seus significados acabam criando uma imprecisão nas ideias. Agora me questiono: o que realmente significa religião? Parece que o termo não possui uma clareza capaz de simplificar a comunicação. Para mim religião necessita fé, que significa crença que leva a dogmas, no entanto, a fé, não necessariamente precisa ser religiosa. A fé está dissociada da ciência mas acabamos, em muitos casos, tendo fé na ciência. Uma grande confusão de ideias.

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  11. "Eu gostaria muito de ver uma maçã flutuante."
    Ponha a maçã em órbita geoestacionária. Dependendo do referencial, ela flutua.
    Mas que argumento sem vergonha!...
    (risos)

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  12. Ok, não se pode provar a existência de Deus, mas penso que se pode encontrar várias utilidades para a sua existência.
    Alguém se habilita a enumera-las?

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  13. Na minha opinião, um dos papeis fundamentais da ciência é a maneira de se buscar evidências. De como a busca da verdade é feita, ignorando pre-conceitos e visões de mundo das pessoas envolvidas. Não importa se você é um ganhador do prêmio Nobel, isso não significa que tudo que você fala está correto. Qualificação de discurso é algo importante e talvez é isso que destaca a ciência como corpo de conhecimento com maior credibilidade.
    Como o próprio Sagan dizia: A ciência está atrás de entender o mundo como ele realmente é, e não está atrás do que nos faz sentirmos bem.

    Não concordo com o fato de que "provas" necessitam de melhor definição, pois a própria ciência tem um método de correção de erros embutida em seus métodos. Se precisássemos definir tudo rigorosamente a ciência estaria provavelmente estagnada a muito tempo. Mais importante do que definir "provas" é a maneira e o método para se chegar até elas.

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    1. Denis

      Em algum momento futuro pretendo postar um texto sobre a suposta metodologia científica. Com relação a Sagan, vale observar que ele defendia teses semelhantes àquelas defendidas por realistas. No entanto, visões realistas da natureza são altamente questionáveis.

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  14. Adonai, você é ateu ?

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    1. Mas deveria, pois não existem evidências que corroborem com a existência de Deus, mas existem evidências de que a crença no sobrenatural está associada em como o cérebro reage com o seu meio e o interpreta.

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    2. É a primeira vez que alguém afirma que eu deveria ser ateu. A ciência ainda está engatinhando no que se refere a questões realmente profundas, como a existência ou não de Deus. A sua afirmação "existem evidências de que a crença no sobrenatural está associada em como o cérebro reage com o seu meio e o interpreta" também se aplica à crença na ciência. Não gosto de ateísmo, justamente por se tratar de uma forma de crença. Identifico-me melhor com o agnosticismo. Ou seja, sou um profundo ignorante a respeito de Deus.

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    3. Não existe um meio termo entre acreditar e não acreditar, ou seja, entre teísmo e ateísmo. Afirmar “acho impossível saber com certeza” não é uma solução, mas uma evasiva. O que comporta um meio termo, na verdade, é a lacuna que fica entre a negação e a afirmação de deus, e tal lacuna corresponde ao ateísmo cético.
      Essa noção de agnosticismo é uma posição errônea comumente adotada por aqueles que não são teístas, mas que na verdade não consideram a existência de deus uma hipótese absurdamente improvável, como alguns ateístas mais fervorosos.

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    4. Bem, sempre desconfio daqueles que adotam posturas inquestionáveis sobre a existência ou não de Deus. E desconfio mais daqueles que afirmam como outros devem ser a respeito de suas posturas sobre este tema. Se Deus existir, é melhor que Ele não se envolva com esta gente.

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