segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pausa Por Tempo Indeterminado


Um seguidor anônimo deste blog pediu para que eu escrevesse algo a respeito do papel do IMPA (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada) no desenvolvimento da matemática brasileira. 


Honestamente, não tenho muito a dizer a respeito do IMPA e que já não tenha sido colocado em postagem anterior. O IMPA é um órgão naturalmente centralizador. A centralização não precisa fazer parte de seus princípios estatutários. Mas, na prática, a presença ativa de seus integrantes na política de desenvolvimento científico de nosso país naturalmente conduz a um processo centralizador. E toda centralização é, por excelência, hierárquica. E a história tem provado, ao longo de milênios, que estruturas politicamente hierárquicas são ineficientes, burras, hipócritas, corruptas, frágeis e marginais ao desenvolvimento. Já chamei atenção para o fato de que estruturas políticas em rede constituem a forma natural pela qual as sociedades humanas operam. Mesmo instituições militares, as quais obrigatoriamente devem ser hierárquicas, contam com todas as demais redes sociais para sua manutenção. E a própria internet é o exemplo mais explícito de sucesso das redes. Por isso mesmo pergunto: por que insisto neste blog? Por que respondo a essa questão? Afinal, quem está realmente lendo o que aqui se escreve e colocando em prática?


De que vale chamar atenção para os inúmeros erros cometidos em nosso processo educacional de matemática e até mesmo no desenvolvimento desta fundamental e preciosa ciência? Livros e apostilas continuam a confundir conceitos com notações. Professores não desistem de seguir esses livros e apostilas. Docentes insistem em aplicar processos de avaliação que reprovam alunos por um ou dois pontos percentuais. Mestres insistem nos argumentos da autoridade, tradição e contra-autoridade. Autores apenas copiam outros autores, ignorando as raízes do desenvolvimento científico.


Num âmbito mais geral, alunos continuam a associar Big Brother a um programa de televisão, Drácula a um vampiro e Super Homem a uma personagem de histórias em quadrinhos. Ou seja, nossa cultura popular é muito ruim. Cidadãos ainda praticam a pirataria, desconhecendo por completo o que significa propriedade intelectual. O Brasil persiste em sua tradição de apenas pagar pelas ideias dos outros, sem gerar as próprias. As nossas universidades públicas não têm a mínima ideia do que significa meritocracia. As universidades privadas não têm a mínima ideia do que é pesquisa. Nossos governos ampliam cada vez mais as vagas universitárias noturnas, ignorando os benefícios reais de cursos técnicos noturnos. O REUNI se tornou uma oportunidade de negócios para poucos. Elitismo ainda é visto como palavrão. Jovens super-dotados continuam a se frustrar, dividindo seu espaço, tempo e sonhos com alunos de inteligência média.


Tudo isso já foi semeado aqui. Como os resultados conseguidos foram insípidos diante de minhas pretensões, ficarei quieto por enquanto. Jamais desisto. Mas percebo quando uma frente de batalha não apresenta perspectiva de vitória real, por menor que seja. 


Agradeço a todos aqueles que têm acompanhado este blog da forma como podem. Entendo que, principalmente os seguidores, são cidadãos que percebem que algo está fundamentalmente errado em nossa educação. Mas, por enquanto, não pretendo postar por aqui durante um bom tempo. Estou encaminhando outros projetos, na esperança de usá-los para alavancar a presente iniciativa.


Meu muito obrigado a todos e até breve, espero.