quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Problema da Cola nas Universidades



Existem alunos que colam porque não estudam. Existem aqueles que colam porque sabem pensar criticamente. E existem até mesmo professores que trapaceiam em avaliações, para favorecer seus alunos.

Como já afirmei anteriormente, decidi que não reprovarei mais aluno algum por nota. Tomei essa decisão a partir do momento em que a UFPR assinou o satânico contrato REUNI com o Governo Federal, o qual impõe aprovação mínima de 90% dos alunos. Mesmo assim, muitos dos jovens que supostamente acompanham minhas aulas ainda agem como se estivessem submetidos às regras usuais de avaliação.

É claro que ainda aplico provas. Mas independentemente de qualquer nota conquistada, cada um deles tem a aprovação garantida com média final mínima de 50. Tudo o que precisam fazer é simplesmente comparecer nos dias de avaliação e assinar suas respectivas provas. Ainda assim houve um evento bizarro recentemente, que ilustra a inercial submissão de muitos à tradição da avaliação com poder punitivo.

Durante uma prova que apliquei dias atrás, um aluno pediu para ir ao banheiro. Naturalmente permiti. O curioso foi o gesto seguinte dele. Este aluno pegou um rolo de papel higiênico que carregava em sua mochila e o estendeu para mim, sacudindo aquele utensílio diante de meu olhos. Inicialmente fiquei confuso, vendo aquele rolo de papel balançando em minha frente. O que exatamente aquele jovem queria? Esperava que eu usasse seu papel higiênico? Nele? Foi então que compreendi. Ele queria provar que não havia cola alguma no rolo de papel. 

Quando ingressei na UFPR como professor, em 1990, eu ainda tinha uma certa preocupação sobre trapaças de alunos - herança de minha experiência anterior, trabalhando em escolas de ensino fundamental e médio, como Barddal, SESC, Colégio Estadual do Paraná e Positivo Junior. 

No ano seguinte fui liberado pelo Departamento de Matemática (onde estou lotado) para realizar meu doutoramento. A partir de 1994, quando retornei às minhas atividades docentes, mudei de postura em relação a cola (trapaças em avaliações). Como não existe código de ética entre professores, decidi não procurar por fraudadores durante minhas avaliações. Apenas tomei cuidado para que não houvesse evidentes flagrantes de desonestidade. Por sorte, jamais tive este problema em qualquer uma de minhas turmas. Se algum aluno meu colou, foi sensato o bastante para fazer isso de forma discreta.

No livro How to Teach Mathematics (citado várias vezes neste blog), Steven Krantz discute sobre o tema da cola. Na opinião dele a cola é um problema insolúvel que gera frustrações em professores e em alunos que não trapaceiam. Afinal, o estudante honesto pode se sentir prejudicado ao perceber que seu esforço poderia ser substituído por mero embuste. 

Por um lado, o professor não pode ser leniente com alunos desonestos em suas avaliações. No entanto, Krantz recomenda que ações contra estudantes trapaceiros não devem ser tomadas pelo professor sem o apoio institucional da escola. Isso porque há muitas situações nas quais a identificação da cola se baseia apenas em evidências circunstanciais e não necessariamente em flagrantes. Além disso, o tratamento a estudantes que colam deve ser igualitário, atendendo à política da instituição de ensino. Isso porque há casos até mesmo de expulsão de alunos, que pode ser legalmente sustentada sob a acusação de falsidade ideológica. O Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e o Instituto Militar de Engenharia (IME) são raros exemplos de instituições brasileiras de ensino superior que adotam políticas enérgicas contra o logro em avaliações. 

Nas grandes universidades norte-americanas (aquelas pertencentes à Ivy League) existe um código de honra que deve ser rigorosamente seguido por estudantes e mestres. Os alunos prestam um juramento e o assinam. Esse código de honra inclui alguns procedimentos práticos. O professor, por exemplo, distribui as provas e escreve na lousa a frase “Eu juro pela minha honra que não entreguei ou recebi informações durante esta avaliação”. Essa frase deve ser copiada pelos estudantes ao final da avaliação e assinada. Em seguida o professor se retira da sala, deixando a responsabilidade do honesto andamento da avaliação integralmente nas mãos dos alunos. Eventualmente o professor pode retornar à sala para responder a questões individuais, mas sem se preocupar com a honestidade de seus alunos. Afinal, o termo de compromisso escrito e assinado por aqueles que estão realizando a avaliação constitui instrumento legal. 

Segundo Krantz, o aspecto crítico do código de honra é o fato de que estudantes são responsáveis também pela denúncia de colegas que foram vistos colando. Na prática, porém, a experiência tem mostrado que os estudantes preferem deixar o papel da denúncia nas mãos de autoridades escolares. A figura do “dedo-duro” é fortemente rejeitada entre alunos.

Como no Brasil não há instituições civis de ensino superior que sejam comparáveis a alguma universidade norte-americana da Ivy League, tal método sustentado em código de honra talvez não funcione. Somos um povo que desconhece o conceito de honra. No Brasil as instituições militares de ensino superior, como o ITA, adotam posturas comparáveis. Mas isso é reflexo da disciplina militar e não necessariamente de uma postura de compromisso com o exercício de cidadania, o qual deve ser entendido também como um constituinte na formação de caráter. 

Porém, se quisermos pensar seriamente sobre a imposição de códigos de honra nas universidades brasileiras, precisamos ponderar sobre as diferenças sociais consideráveis entre estudantes universitários brasileiros e norte-americanos. Já tive a oportunidade de testemunhar a chegada de calouros ao primeiro dia de aula na Universidade Stanford. Os rapazes, em sua maioria, chegam vestindo terno com gravata. E as moças usam delicados vestidos. A chegada de todos é calma, em meio a um ambiente de civilidade. Muito diferente dos selvagens trotes que até hoje se praticam por aqui. No Brasil ainda existem casos de rituais de trote contra calouros que resultam em violência, humilhação e hospitalização. 

As famosas fraternidades das universidades norte-americanas, que operam como grêmios estudantis, estão sujeitas a rígidas regras de civilidade que, em caso de violação, preveem severas punições. Isso ocorre pelo menos nas universidades da Ivy League

Ainda assim, no caso de avaliações objetivas, algumas instituições de ensino superior dos Estados Unidos chegam a empregar métodos estatísticos para a detecção de correlações anômalas entre avaliações de diferentes alunos. Diante desse tipo de identificação, frequentemente o estudante sob investigação fica sem argumentos para se defender durante uma simples entrevista. Mesmo assim, o código de honra das universidades da Ivy League garante a existência e a prática de instrumentos para a defesa de estudantes que são suspeitos de fraude. 

Mas há alguns aspectos que Krantz não leva em conta em seu excelente livro e que julgo importantes, principalmente sob o foco da realidade brasileira. Ele afirma que o professor não deve ser leniente em relação a fraudadores. No entanto, esquece que professores que leem um livro como o dele são profissionais que desejam refletir seriamente sobre maneiras para melhorar a qualidade de suas aulas e avaliações. E quanto aos demais? 

Existem professores que exigem absurdos de seus alunos, como a memorização de complicadas fórmulas matemáticas, tabelas, nomes, datas. Lembro de uma prova que fiz na quinta série do ensino fundamental, na qual eu deveria saber os nomes e as localizações de vinte rios brasileiros. Por sorte, minha mãe ajudou no processo de memorização e conquistei nota máxima naquela absurda avaliação. Dias depois, porém, esqueci os dados decorados sobre a maioria dos rios. O que se prova com isso? Se o professor exige o domínio de informações que não refletem conhecimento real, não seria justificável o emprego de cola? Não pode a cola ser encarada também como um gesto de autodefesa contra a prejudicial falta de bom senso de certos docentes?

Meras informações não estimulam estudantes. Conhecimento, por outro lado, pode ter um papel bastante estimulante para o intelecto. No entanto, nem todos os docentes estão cientes disso. Quantos são aqueles que sabem a diferença entre um fato e uma verdade? A distinção entre fato e verdade não é algo que interessa apenas aos estudiosos da teoria do conhecimento. Essa diferença de conceitos tem reflexos até mesmo na prática de ensino.

Conheço muitos casos de profissionais de alto nível que, em seus tempos de estudos em instituições de ensino, colaram em várias ocasiões. Eu mesmo colei na escola, quando percebi que o professor era um paspalho. Conheço o caso de um famoso cientista brasileiro (de excelente reputação internacional) que ocasionalmente enviava o irmão em seu lugar para fazer certas provas nos tempos de faculdade. E esse cientista é indiscutivelmente um amante do conhecimento como poucos que conheci. No entanto, diante de uma instituição de ensino que age como uma farsa, por que não se justifica a defesa contra essa farsa? 

Quando fiz o vestibular em 1982, sentei na carteira que eu usaria pelas próximas horas, com bastante antecedência. Comecei então a deduzir várias fórmulas matemáticas que julguei serem necessárias para a avaliação. Eu não lembrava das fórmulas, mas sabia como demonstrá-las. Fiz isso sobre a carteira de madeira, antes de receber as folhas com as questões. Se o fiscal tivesse visto aquilo, penso quais poderiam ser as consequências. Minha carteira continha evidências inquestionáveis de cola. Por sorte o fiscal estava mais interessado em conversar com seu colega durante a realização do vestibular.

Não estou justificando erros através de outros erros. Não é essa a questão. Estou colocando a ideia de que certos casos de cola podem ser justificados como mecanismos de autodefesa contra a estupidez de certos docentes ou até mesmo de todo o sistema de educação. Não se justifica um assassinato por conta de outro. Mas matar alguém como forma de autodefesa é plenamente justificável pelos parâmetros de nossa própria sociedade.

No Reino Unido algo mais bizarro ainda foi identificado. Os próprios professores estão trapaceando para que seus alunos tenham resultados melhores em avaliações. Isso decorre da pressão que docentes recebem diariamente de instâncias superiores.

Portanto, a política de tolerância zero contra a cola é certamente absurda. Os contextos social e individual sempre devem ser avaliados. O aluno que não estudou, pratica a cola como ato de desespero. Ele quer marcar cartas em um jogo de azar. Portanto, está fomentando o fracasso profissional de seu próprio futuro. E o aluno que estudou, pode colar como mecanismo de defesa contra professores medíocres ou até mesmo como instrumento psicológico de segurança. Pressões sociais não podem ser negligenciadas. 

No caso das universidades federais e estaduais brasileiras, desconheço a existência de qualquer uma que adote alguma política séria para lidar com fraudes. Isso acontece talvez porque nosso sistema de ensino seja reconhecidamente uma fraude, muito pior do que qualquer ato de cola. Quem, portanto, devemos condenar?

18 comentários:

  1. Em meus 11 anos de docência no ensino médio, pude notar que, em geral, os alunos encaram o ensino como um jogo de video game. Eles precisam passar de fase (ano) e vencer chefões (provas) conquistando pontos de desenpenho (nota) que são usados para aprimorar o personagem do jogo (para criar uma boa imagem perante escola e família). da mesma forma que aprender truques nos jogos, aprendem muito bem a jogar o jogo da avaliação escolar. No final das contas, eles não estudam para aprender, mas sim para passar de fase. A avaliação é um dos grandes problemas da educação, principalmente pelo intervalo de tempo envolvido na apresentação e incorporação do conhecimento, avaliação e devolutiva da avaliação. É preciso reduzir o tempo e discutir os resultados. Normalmente os alunos recebem notas e ponto final. Não se discutem os erros e acertos ou é feita qualquer análise estatística pelo professor para entender as razões dos erros e acertos. Quando muito, observamos os alunos reclamando e discutindo com objetivo de ganhar alguns décimos a mais; afinal, sem esse pequenos ganhos podem não passar de fase.

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    1. Marlon

      Vejo que estendeu comentário seu feito no facebook. Então estendo minha resposta. Quando Richard Feynman (Nobel em Física) visitou o Brasil, ele teve a mesma impressão sobre nosso sistema educacional. Jovens brasileiros estudam apenas para passar em provas. Detalhes sobre isso podem ser encontrados no livro Está a Brincar Sr. Feynman!, se Richard Feynman. Com relação a estudos estatísticos sobre avaliações, já observei um fenômeno muito curioso: a distribuição de notas de alunos de cálculo diferencial e integral não satisfaz a distribuição gaussiana. Eu gostaria de entender melhor este fenômeno que beira o paranormal.

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    2. Os estudantes não constituem necessariamente um grupo homogêneo. Essa é a explicação mais simples para o fenômeno que te surpreende, Adonai: a distribuição de notas seria, então, uma soma de diferentes gaussianas, correspondentes a diferentes perfis de estudantes, como sugerido em:
      http://www.researchgate.net/publication/2922541
      O caráter desses perfis é um assunto interessante. O artigo citado acima destaca diferente níveis de motivação (insuficiente; apenas para passar; normal [“maioria”]; e excepcional), mas podemos ter grupos claramente distintos em função do preparo (e.g., ex-alunos de escola pública v. de privada) ou de condições (e.g., turno noturno v. diurno).
      Aqui é importante notar que “motivação” aqui se refere à motivação para estudar para a avaliação, o que, no caso típico, é diferente de se estudar para aprender. Ao mesmo tempo, não se pode criticar em demasia aquele que estuda para tirar notas, mesmo em detrimento do aprendizado, afinal é muito mais provável se ser julgado pelas notas do que pelo (difícil de medir) conhecimento.

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    3. Caríssimo Stafusa

      Ótimo poder contar com o seu retorno aos comentários. Outra pessoa que fez estudos muito parecidos com aquele que você aponta foi o espanhol Juan Miguel Campanario (ver a página de links recomendáveis). Ele mostra justamente que é ingênuo assumir distribuição gaussiana em fenômenos sociais. É muito bom saber que mais gente percebe isso.

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  2. Textos sensacionais que foram recomendados no facebook:

    http://tomatadas.blogspot.com.br/2012/10/baixa-qualidade-do-ensino-medio-se.html

    http://tomatadas.blogspot.com.br/2012/08/universidades-federais-nunca-serao.html

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  3. Parabéns pelo texto e pelo blog!

    Sobre alunos e professores que trapaceiam, acho muito interessante um capítulo do livro Freakonomics que trata dessa questão. O pressuposto do livro é o princípio (basilar na ciência econômica) de que as pessoas reagem a incentivos. Assim, se o sistema de ensino oferece incentivos para a trapaça, a trapaça acontecerá, seja do lado dos alunos, seja do lado dos professores. Apelar para a consciência e honra de docentes e discentes, como as universidades norte-americanas fazem, tem sua eficiência. Aquele princípio básico da economia não nega que o homem seja movido também por conceitos morais. O próprio livro mencionado traz evidências de que o homem muita vezes age honestamente ainda quando não há ninguém olhando. Mas existem toneladas de evidências empíricas de que, havendo incentivo para trapacear, alguns trapacearão, sem sombra de dúvida. O ideal, portanto, é combinar o apelo ao senso de moralidade de alunos e professores com sistemas eficientes e isonômicos de fiscalização e punição.

    Mas as exortações morais e sistemas de incentivos negativos (punições para os trapaceiros) não exclui a necessidade de refletir sobre possíveis incentivos à cola que sejam criados, camufladamente, pelo próprio sistema de ensino. Seu texto é inteligente por refletir sobre a questão da cola pondo em questão o fato de que exigências completamente descabidas (como obrigar um aluno a memorizar os nomes de 20 rios a troco de nada) funcionam como incentivos para a trapaça. Mais uma vez, parabéns!

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Luis Diniz

      Percebo, pelas suas colocações, que o tema da trapaça na vida acadêmica merece estudos profundos. Hoje em dia, por exemplo, tem sido crescente o número de casos de fraudes em produção científica levada a cabo por pesquisadores de renomadas instituições de ensino e pesquisa no mundo todo. Até mesmo a Nature já publicou artigos fraudados. A pressão hoje existente na vida acadêmica está produzindo não apenas educação ruim, mas também ciência de péssima qualidade.

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  4. A cola só deve ser uma preocupação se a prova é mal elaborada. O que acontece é que os professores cobram um conhecimento estritamente mecânico, em que a memória é levada mais em consideração do que o raciocínio. E me diga, isso não é uma atitude retrógrada já que vivemos num meio onde o acesso a informação é extremamente fácil? Os alunos deveriam se basear em toda essa informação para resolver seus problemas, será assim na vida real. Acontece que os professores, com preguiça de elaborar uma prova que realmente cobre que o aluno entenda o conteúdo e utilize todas as ferramentas que lhe foi passada, cobra apenas que ele decore os exercícios das listas e os feitos em sala.

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    1. Bárbara

      Há algumas ideias em seu comentário que julgo necessitarem de um pouco mais de reflexão. Em primeiro lugar, como garantir que uma prova foi bem elaborada? Tenha em mente que provas devem ser realizadas em um intervalo de tempo muito inferior àquele necessário para expor e discutir os temas da avaliação. O problema da avaliação parece ser insolúvel. Sempre existem discussões a respeito disso. Em segundo lugar, mesmo que fosse possível a realização de uma prova bem elaborada, como garantir um comportamento único entre os alunos? Afirmar que a cola só deve ser uma preocupação se a prova é mal elaborada, parece assumir implicitamente que todos os alunos pensam e agem de maneira previsível. E a experiência mostra exatamente o contrário.

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  5. Detesto cola (nunca fiz e nunca aceito de alunos). Geralmente faço provas dissertativas, para que os alunos REFLITAM. Pouquíssimas coisas são de "decorar". E quando faço alguma questão objetiva e na hora de entregar a prova e fazer vistas mostro qual o acerto e o porquê dos erros, percebo que poucos alunos prestam atenção. Porque se interessam apenas pela nota e não em aprender. Quando repito a MESMA questão diversas vezes nos 4 bimestres, percebo que há alunos que erram TODAS as vezes. Justamente porque muitos estão ali apenas para ter NOTA e não para aprender! É uma pena. Justamente por estarem na Academia deveriam se preocupar em se formar, como profissionais. Mas são crianças pequenas que a cada atividade dada em sala perguntam se vale ponto. Só falta pedirem estrelinhas douradas!

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    1. Susan

      Não podemos esquecer que existem assuntos em cursos de graduação que demandam muito mais do que mera reflexão. Em disciplinas de matemática, por exemplo, é fundamental que alunos demonstrem a capacidade de resolver problemas. Os alunos devem aprender, por exemplo, diferentes técnicas para a resolução de problemas e escolher qual é o método mais adequado. A pressão de uma avaliação pode servir como forte incentivo à "consulta" a um colega.

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  6. Sobre cola e demais trapaças só tenho algo a dizer:

    "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

    Rui Barbosa.

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  7. Oi Professor,
    O que o senhor acha das provas com consulta? Tenho uma simpatia especial por este tipo de avaliação. Os alunos podem levar qualquer material, livros, cadernos, etc. Quando o aluno não estuda mesmo com o livro fica difícil fazer uma boa prova. Outra opção, quando a turma é pequena, é fazer uma prova para cada um. Neste caso dou 4 horas de prazo para eles me entregarem. Deixo até eles resolverem na biblioteca.
    Devido a maior complexidade das questões alguns alunos dizem preferir o método tradicional, mas acho que assim funciona bem.
    Abraço,
    Roberta

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    1. Olá, Roberta

      Sempre devemos pensar nos prós e contras de cada tipo de avaliação. Dependendo do professor (como no meu caso), é comum alunos terem medo de prova com consulta. Mas se você consegue mante-los tranquilos, acho evidentemente uma ideia interessante. Com relação a turmas pequenas, há condições de você realizar seminários? Em muitas instituições isso é quase proibitivo. Mas o dinamismo de um seminário apresentado por aluno e orientado pelo professor é estimulante e construtivo para a turma toda (se eles estiverem interessados em estudo sério, é claro).

      Mas um dos principais problemas que vejo em qualquer processo de avaliação é o tratamento igualitário dado a todos os alunos. Muitos anos atrás tive uma aluna realmente brilhante: Glenda Denicoló. Ela era incapaz de conquistar menos de 100 em qualquer prova. A matemática simplesmente fluía naquela moça. Um dia, no final do ano letivo, ela me disse que não estava se sentindo muito bem. Perguntou se poderia ser dispensada da prova naquele dia. Por alguma razão imbecil minha, eu disse a ela que não poderia faltar à avaliação. Mesmo doente, ela fez a prova e novamente tirou a nota máxima. Foi uma das atitudes mais infelizes de toda a minha carreira. Daquele dia em diante tentei ser mais flexível com casos especiais. Ou seja, é importante o professor estar permanentemente avaliando suas próprias avaliações, como parece ser o seu caso.

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    2. Nesse caso da aluna que se sente mal no dia de uma trabalho de avaliação, no caso dos meus pequenos, costumo me valer do conhecimento que tenho dele, se sei que ele sabe, posso dar-lhe uma boa nota mesmo sem provas, não creio que seja tão simples com adultos, eles poderão questionar uma boa nota sem fazer provas.

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  8. A minha lei: se pegar colando, quem cola poderá ainda ter chances, mas quem estiver passando, se for o caso, poucas. E a razão simples: considerando que sabe até para ajudar os outros, mais ainda para ser aprovado na próxima vez que tiver refazendo.
    O método: cada questão tem sua pontuação e uns três itens quase equivalentes; Sendo o único a fazer determinado item a pontuação é docbrada. Portanto, se repassar, corre o risco de perder esses pontos.
    A filosofia: o dito acima nada é de fato para pegar o trapaceiro, mas pelo seguinte: é possível que o cara esteja inovando e quem estiver fazendo isso tem um inimigo voraz: a tentação de imitar por ter visto como o outro faz. É possível algum aluno inovar? Por mais que riem, sempre ouço garalhadas estrondosas quando digo isso em sala de aula, acredito.

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  9. Fantástico texto! Conheço professores que manipulam provas para aprovar ou reprovar alunos de acordo com a simpatia (ou antipatia) que nutrem por determinada turma. Outros que elaboram provas tão mal redigidas que fica difícil, até mesmo para eles, entender o objetivo das questões.

    Penso que o REUNI sirva atualmente de parâmetro para o nível de dificuldade das provas. Obviamente, se o professor tentar avaliar todo o conhecimento que realmente deveria ter sido assimilado pelo aluno, muitos poucos conseguiriam a aprovação. E então, os 90% de aprovação seriam impossíveis de serem obtidos. Como você mesmo disse, isso também acaba sendo uma forma de trapaça. Nesse caso, dos professores para atender as exigências da instituição de ensino (que também está trapaceando!)

    Adorei! Uma visão bem realista do uso da cola como meio de trapacear professores trapaceiros e/ou incompetentes!

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