quinta-feira, 26 de abril de 2012

REUNI, Andifes e demais mazelentos


Neste mês a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais do Ensino Superior (Andifes) divulgou o Programa de Expansão, Excelência e Internacionalização das Universidades Federais. Trata-se, como o título sugere, de uma alegada proposta de modernização do ensino superior nas estratégicas universidades federais. O fato mais interessante é que tal programa se sustenta politicamente no atual programa REUNI, aquele que ambiciona o gradual aumento da taxa de conclusão de cursos para 90%.

Vale observar que a Universidade Federal do Paraná (UFPR) aderiu ao REUNI. Lembro até hoje da decisão do Conselho Setorial de Ciências Exatas em relação a este edital do Governo Federal: "Não somos favoráveis ao programa. Mas se a UFPR aderir, pode contar com o nosso apoio." Os temerosos membros do Conselho Setorial tinham consciência de que aprovação de 90% é uma perspectiva não realista. Isso porque ciências exatas contam com uma longa tradição de reprovação em massa de alunos. E tal fenômeno não acontece apenas na UFPR ou em demais instituições brasileiras de ensino superior. Nas melhores universidades do mundo o mesmo problema ocorre. Na Washington State University, por exemplo, cerca de 40% dos alunos matriculados em pré-cálculo reprovam. E, entre os aprovados, somente 50% conquistam aprovação na primeira tentativa. Na internet o leitor pode encontrar inúmeros relatórios sobre os elevados índices de reprovação em Cálculo Diferencial e Integral em universidades de todo o mundo. Se digitar no google as palavras-chave calculus AND "failure rate", aparecerão mais de meio milhão de resultados. E como essa disciplina é vital para cursos de ciências exatas, fica patente que aprovação de 90% é uma perspectiva que deveria ser pensada de forma racional e não colocada como um edital.

Por outro lado, os mesmos medrosos membros do Conselho Setorial de Ciências Exatas estavam cientes de que dizer não ao Governo Federal é uma estratégia politicamente pouco recomendável. Afinal, sem REUNI não há dinheiro. E sem dinheiro, não há novos laboratórios, novas salas de aula, novos equipamentos e demais formas de apoio à pesquisa e ao ensino. 

O resultado disso é um discurso patético de modernização, sustentado em uma visão sem sintonia alguma com o resto do planeta. 

Mas, uma vez que o REUNI está aí, atendendo à vontade da instituição onde trabalho, tomei uma decisão. Pelo menos neste semestre aprovarei todos os meus alunos de Cálculo Diferencial e Integral dos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Física, desde que realizem todas as provas. Aqueles que encerrarem o semestre letivo com média inferior a 50, estão automaticamente aprovados com média final 50. Ou seja, nem preciso realizar exame final. Já fiz isso antes, conforme relatei na postagem sobre a pobre APUFPR. E não ouvi uma única reclamação, fosse de aluno ou de coordenador de curso. Se o concordante silêncio da comunidade acadêmica continuar, darei prosseguimento a esta postura.

Não estou seguro se conseguirei atingir o índice de 90% de aprovação. Afinal, muitos alunos simplesmente abandonam cursos, sem dar satisfação alguma. Mas estou me empenhando para cumprir com o papel que a UFPR, o Governo Federal e a Andifes esperam de mim. 

Enquanto isso, continuo trabalhando nos projetos que considero realmente relevantes. Afinal, lecionar em universidade federal não me parece mais uma atividade que tenha alguma importância social séria.

32 comentários:

  1. Professor Adonai,

    Gostaria, sinceramente, de responder toda a sua prova com base em meus méritos e esforço para o estudo da mesma; pretendo cursar física apenas este ano, fazer o vestibular novamente porém para Letras-Alemão; eu não consigo entender o cálculo, AINDA...

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    1. José Carlos

      Se você realmente gosta de literatura e/ou linguística, então certamente deve seguir este caminho. No entanto, vale observar que o estudo sério de linguística demanda um bom conhecimento de teoria de conjuntos, lógica e estatística.

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  2. Se é que algum dia lecionar na universidade lhe teve alguma importância não é professor!?

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    1. Questionamento bizarro, Anônimo. Vejo que pouco conhece a meu respeito e pouco tem lido neste blog.

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    2. O Adonai é um dos pouquíssimos e raros professores que se dedicaram de coração, corpo e alma para o ensino! Mesmo hoje, sabendo do cansaço dele contra este sistema corrupto e ignorante, sinto este carinho dele em relação ao ensino através da dedicação dele para com os alunos interessados que o procuram. E nas postagens deste blog. Creio que se há críticas fundamentadas, que sejam realizadas com argumentos e provas (como o próprio professor sempre tomou o cuidado de fazer). Sei que o Adonai não precisa de ninguém para defendê-lo, mas os meus alunos sabem que não pretendo mais me calar frente à injustiças!

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  3. Vendo assim, minha visão romântica de continuar a minha busca pelo conhecimento e qualificação, para desempenhar futuramente o papel de docente do ensino superior se confronta com a realidade. Por mais que aos poucos a autonomia do ensino seja retirada pelos órgãos "públicos" ainda é possível contribuir para a sociedade, mais do que qualquer outro nível de ensino. Consciente das dificuldades, continuarei no caminho.

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    1. RobPaye

      Sua postura é sensata e admirável. É difícil encontrar, mas sempre existe um lugar e um grupo de pessoas com quem sentimos prazer em trabalhar.

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  4. professor, colocando dessa forma até concordo com a sua atitude, mas esse Moinho você já conhece...

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  5. Informo que fui obrigado a deletar um comentário. Apesar das críticas feitas serem extremamente relevantes, havia intenso uso de vocabulário chulo. E, como já alertei anteriormente, isso não é tolerado neste blog.

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  6. Temo que nas humanas a situação não seja diferente. As áreas da linguística são as disciplinas que mais reprovam, mas sempre aparece aquele discurso de que a reprovação causa desistências e isso é ruim pra instituição. Logo, o melhor é formar um profissional meia-boca e não forçar o nível para ajudar os bons atingirem o seu melhor, nivela-se por baixo. Enfrento esse dilema quase cotidianamente, quando vejo que os bons se entediam e muitos pedalam para entender e não conseguem ir muito longe.

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  7. Sinceramente estou injuriada!
    Tenho dois filhos um bacharel em física, ralou muitas vezes feito um camelo pra fazer provas e tentar entender o conteúdo, ralou pra fazer EUF, foi pra USP fazer mestrado onde ralou de novo, entrou em depressão (não por causa da física) perdeu sua bolsa de mestrado tá tendo que começar de novo EUF...
    O outro começou nas letras fez provar e foi pra física e me apareceu com essa história, é de estarrecer, os dois terão o mesmo diploma mas será que terão o mesmo conhecimento???
    Outra preocupação que tenho isso vai acabar ocorrendo em outros cursos como medicina, direito, odontologia...Como confiar sua saúde a um médico que "passou por tabela" e se formou no "tapetão" usando a gíria do futebol? É a tragédia de todo sistema educacional que chegou à universidade.

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    1. Solange

      Creio que conheço seus dois filhos. Os dois Mancini que conheci na UFPR são ótimos. No que depender da educação que ambos tiveram na família, os dois estão de parabéns. Mas a vida em nossas instituições acadêmicas é extremamente difícil para pessoas educadas e honestas como estes dois. Meu conselho ainda é o mesmo: que procurem contato com pessoas que dividam os mesmos interesses e valores fundamentais e que usem as instituições brasileiras como trampolim para uma vida melhor.

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    2. "[...] No que depender da educação que ambos tiveram na família, os dois estão de parabéns. Mas a vida em nossas instituições acadêmicas é extremamente difícil para pessoas educadas [...]"

      Espero que isto não tenha sido uma indireta por causa do meu deslize em desabafar usando muitos termos de baixo calão.......

      Posso não ser tão bem educado assim, mas também não sou nenhum crápula.......

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    3. Leandro

      Não uso indiretas. Não faz parte de meu perfil. Eu me referia aos irmãos Mancini e a mais ninguém. E entendo perfeitamente bem sua indignação. Até lamentei apagar seu comentário anterior. Você demonstrou ter sangue correndo pelas veias, algo raro hoje em dia. Mas... regra é regra.

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    4. Entendo e concordo.

      Não esperava mesmo que aquele comentário fosse publicado e, depois de esfriar a cabeça, passei a pensar que eu nem faria questão que fosse publicado, pois realmente me excedi ao extremo.

      No mais, desculpe-me por esta última desconfiança.

      Talvez isto tenha acontecido por eu não conhecê-lo melhor e ter essa neurose de achar que todo mundo persegue todo mundo.

      Mas, como vc mesmo já afirmou em tópicos anteriores, seu interesse não é e nunca foi o de perseguir pessoas.

      Me faltou a sensibilidade de lembrar disso.

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  8. "Informo que fui obrigado a deletar um comentário. Apesar das críticas feitas serem extremamente relevantes, havia intenso uso de vocabulário chulo. E, como já alertei anteriormente, isso não é tolerado neste blog."

    De fato, foi o meu comentário.

    Já estou no limite da paciência com toda esta palhaçada que acontece no ensino brasileiro, principalmente com a legalização do sistema de cotas nas universidades.......

    É isso aí pessoal, agora existe a chamada "Lei das Cotas Raciais"...........

    Constitucionalizaram esta patifaria!!!!!

    Ao meu ver, legalizaram o racismo!!!!!

    Não sei quanto aos demais membros do blog, mas eu particularmente estou cada vez me lixando menos para a Educação deste país......

    O povo parece querer isso, aceitar isso numa boa!!!!!!

    Então que afundem logo de uma vez!!!!!!!

    Quem sabe assim, em algum futuro remoto, as pessoas tenham algum tipo de epifania e percebam a real gravidade da situação......

    Em termos práticos, eu particularmente já desisti da Educação (parei de lecionar Química, visto que os incômodos eram muito maiores e mais frequentes do que a vocação poderia suportar).

    Em termos ideológicos, eu ainda nutria alguma esperança, mas com patifarias como a aprovação desta lei bizarra, fico cada dia que passa mais convencido de que Educação neste país é uma causa mais do que perdida.

    Como necessito sobreviver e preciso de dinheiro para isso, já que minha licenciatura em Química não será mais útil para nada e como bacharel minhas chances seriam melhores apenas na pesquisa (que também anda "mal das pernas"), optei por fazer o que a Sociedade tanto parece querer de nós: me tornei um dinheirista e agora só faço algo puramente por dinheiro!!!!!!

    A exceção notável dessa minha adoção de regra como estilo de vida é justamente a participação neste blog......

    Com exceção disso, nada mais faço por vocação, mas sim por puro dinheiro......

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    1. Olá Leandro.. já que vc diz que não sabe - com relação aos demais membros do blog - , respondo por mim (e apenas por mim): se eu não me importasse com a educação sequer leria este blog. Blog aliás que tão apropriadamente fala verdades que incomodam a tantos. E também não compartilharia em redes sociais ou no meu mailing. É justamente na tentativa de fazer as pessoas despertarem que insisto. Mas confesso que não descuido de meu lado financeiro também (afinal, temos que sobreviver).

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  9. Caro Luisandro,
    também tenho esta sensação de que estamos nivelando por baixo. Isso nos mais diversos níveis da educação. Alunos excelentes acabam desanimando, e os medíocres premiados. Para além de professores não comprometidos com a qualidade do ensino, temos também uma estrutura corrompida pela incompetência que reforça ainda mais este estado de coisas.

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  10. Caro Adonai,
    sobre a dificuldade dos alunos em ciências formais, acredito particularmente que estas dificuldades decorrem de uma série de fatores que envolvem desde de fatores sócio-econômicos e psicológicos até aqueles relacionados a própria dinâmica de uma aula, e o histórico escolar de cada um. É um tema por demais complexo, que mereceria um reflexão mais aprofundada. De qualquer forma, tenho a nítida impressão que a capacidade de aprender não é a mesma de um indivíduo para outro. Tenho em minha pouca experiência como professor de lógica, topado com alunos que tem grande dificuldade em entender, por exemplo, por que a afirmação do consequente é uma falácia. Este é um pressuposto não admitido pelas políticas governamentais, como o REUNI, que parece pressupor tosca e tacitamente o contrário, isto é, de que a capacidade de aprender é igual em todos e que, portanto, 90% dos alunos de cálculo deveriam obter sucesso nesta disciplina.

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  11. Infelizmente, para alguns alunos, isto foi a “salvação”. Mas para mim e para outros colegas de curso, isto não interferirá na nossa rotina de estudos. Pois, apesar da postura da universidade, levamos em conta que somos nós, alunos, os prejudicados. Se não aprendermos Cálculo Diferencial Integral, não daremos a devida continuidade no nosso curso. É a nossa vida acadêmica em jogo.
    Enquanto eu não conseguir entender e aprender Cálculo, vou procurar o professor, por que acredito que ele estará disposto a ajudar aos que se interessam em compreender esta disciplina de extrema importância para o curso de Física.
    Professor, peço ao senhor que não abandone àqueles que ainda tenham interesse. Apesar de entender sua indignação com a universidade e com os alunos que não dão a mínima importância com esta situação, com a qual também me revolto.

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    1. Kerllyn

      É claro que estou à disposição de quem se motiva a aprender. Mas preciso fazer uma advertência fundamental: a tentação da vida fácil (através da aprovação institucional e gratuita) é muito forte. As únicas pessoas capazes de resistir a essa tentação são os verdadeiros apaixonados pela carreira que desejam abraçar.

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  12. Luis Augusto Trevisan30 de abril de 2012 às 19:24

    Hoje (30/04) há uma reportagem no site da Gazeta do Povo sobre os cursos com alto índice de desistência e o que as Universidade fazem para diminuir. Como a reprovação alta em cálculo é um problema mundial, minha consciência de professor fica mais tranquila, a culpa não é minha. Acho que alguns cursos, como bacharelado em física ( o que eu fiz) deveriam abrir apenas 10 vagas por ano na UFPR, no máximo 20. Com mais competição, os alunos entrariam mais preparados. Mas isso poderia levar a outros assuntos, sobre a empregabilidade dos físicos e integração Universidade- Empresa.

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    1. Trevisan

      Do ponto de vista racional, sua proposta é evidentemente sensata. O problema é que vivemos em um país de iniciativas pouco racionais. Em primeiro lugar, nenhuma Pró-Reitoria de Graduação aceitaria a ideia de diminuir o número de vagas de um curso. Em segundo lugar, o próprio MEC se oporia a existência de graduações que aprovam tão poucos. Mas isso não significa que o problema não admite solução. A melhor saída, ao meu ver, é a concepção de programas de honors, como existem nos EUA. Ou seja, os alunos que genuinamente se destacarem em suas graduações, recebem uma certificado de honors. Na prática isso corresponde a uma perene carta de recomendação institucional que simplesmente afirma: este aluno não é como a maioria, ele se formou com excelência. Isso certamente poderia contribuir para alavancar o início da carreira daqueles que tiveram desempenho bem acima da média.

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  13. Se lecionar não é importante, qual a função de tantos funcionários que acima de tudo ocupam recursos sendo contratados como professores desta instituição?

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    1. Wagner

      A resposta à sua pergunta está no contrato de admissão de cada professor de instituição federal de ensino superior do Brasil. De acordo com este documento, os docentes contratados com dedicação exclusiva devem lecionar e realizar atividades de pesquisa e de extensão universitária. O problema é que até hoje nenhum grupo deliberativo deste país conseguiu chegar ao consenso sobre os conceitos de pesquisa e extensão universitária. São muitos aqueles que julgam que publicações locais caracterizam atividades de pesquisa. E já vi cursos de extensão universitária sobre a arte de empinar pipas.

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  14. Gostaria de ver um texto seu sobre a alta taxa de reprovação em Cálculo. Sou estudante de engenharia e a percepção que tenho após cursar quatro cálculos é que as disciplinas posteriores utilizam apenas conhecimentos básicos de cálculo, ou seja, muito do que aprendi não tem aplicação dentro da graduação. Neste sentido acredito que existe um descompasso entre as ementas de cálculo e as disciplinas que usarão esses conhecimentos, o que se for verdade pode ser um fator de desinteresse de estudantes, professores e coordenadores de curso. E explorando o problema de forma mais ampla, o senhor acha possível que a Universidade consiga diminuir esses índices ou estamos fadados a esperar a melhora do ensino básico?

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    1. Augusto

      Sua percepção é correta. De fato não há contato bem definido entre diferentes disciplinas. Sua sugestão está anotada e será respondida na forma de postagem. Agradeço pela contribuição.

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  15. Olá.

    Eu não concordo com esta atitude de aprovação automática de alunos na disciplina de Cálculo, bastando que o aluno faça as provas. Veja:

    Se um aluno viesse na prova e nada escrevesse em todas as provas, ele seria aprovado? Ou ainda, se ele escrevesse coisas desconexas, ou então escrevesse um poema, em todas as provas, estaria garantida a sua aprovação? Imagino que já tenha sido pensado em regras para evitar tais situações.

    Pelo que entendi, esta é uma forma de protesto contra o REUNI e o apoio da UFPR, mas isto vai contra, ao meu ver, a sua defesa por uma educação melhor. A possibilidade de reprovação independente de ter feito prova ou não é necessária pois, mesmo sendo os alunos adultos, vários deles são imaturos.

    Dificilmente alguém vai reclamar se for aprovado, sem dominar o essencial de Cálculo. Agora, diante da possibilidade de se reprovar, serão obrigados a aprenderem e se prepararem para as provas, para diminuir a possibilidade de se reprovar, forçando o amadurecendo como estudantes.

    Atualmente leciono Física em uma escola pública, e o que vejo é uma estranheza dos alunos no ato de estudar. Aparentemente, a Escola, salvo exceções, é um tipo de "point" e não um lugar onde se estuda. Ainda assim, a maioria é aprovada por vários motivos, seja porque os professores não quer se incomodar com o aluno, caso seja reprovado, seja por pressão das escolas sobre os professores para amenizar a péssima qualidade da educação. Isto de nada adianta, pois não contribui de forma positiva.

    A consequência disso é o problema de disciplina, professores estressados e, o pior de tudo, a maioria passa para a série seguinte e conclui o Ensino Básico sem domínio de um conhecimento mínimo para ser um profissional competente e confiável.


    A aprovação automática vai apenas reforçar este comportamento de desdém ao estudo e que a Universidade é um algum tipo de clube.

    Não se pode "brincar" com a disciplina de Cálculo pois é a base de disciplinas nas engenharias, Física, Química, entre outros cursos.

    O alto índice de reprovação em Cálculo se deve ao modo como se faz as avaliações. A prova tradicional não é suficiente para se avaliar o conhecimento do aluno. Para diminuir este índice, se faz necessário em pensar em alternativas de avaliação. O professor mesmo fez isso na disciplina de Cálculo B, na qual uma das avaliações foi entregar a análise qualitativa de soluções de equações diferenciais. Isto foi muito válido, pois tivemos tempo (mais de 1 dia) para desenvolver a análise, pesquisar informações em outras fontes e utilizar softwares como o MAPLE.

    Eu receio também que a tua ideia venha a contribuir negativamente para o futuro da Universidade, conduzindo-a ao que está a atual Escola Pública predominante.

    Estas são as minhas impressões sobre o assunto. Tomara que eu esteja equivocado.

    Um abração.

    Adam.

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    1. Adam

      Se o aluno deixar todas as provas em branco ou se escrever poemas no lugar de respostas às questões, estará aprovado da mesma maneira.

      Você parece apontar para uma atitude de inconsistência entre o que defendo e o que pratico. Entendo sua visão. Mas o fato é que não vou continuar pactuando com o sistema, na forma como ele se apresenta. Durante anos fiz isso e não gostei do resultado. Se você for o Adam Azevedo, tenha em mente que foi um dos melhores alunos da melhor turma que tive em minha vida. Não use a si mesmo como referência. Não existem mais alunos com aquela qualidade. Não existem mais alunos com a motivação que era visível em você e seus colegas. Os estudantes de hoje são um fracasso absoluto, perdendo-se entre a falta de motivação e uma profunda ignorância até mesmo sobre o lugar onde vivem, trabalham e estudam. A universidade já é o clube que você aponta! Estudantes ruins e professores medíocres são os pilares que definem a realidade acadêmica brasileira.

      Com relação ao motivo para taxas elevadas de reprovação em cálculo, sua análise é ingênua. Cálculo é assunto complicado e a maioria das pessoas não está preparada para lidar com essa disciplina. Isso tem se mostrado verdadeiro em instituições de ensino do mundo inteiro.

      Com relação à sua afirmação "Eu receio também que a tua ideia venha a contribuir negativamente para o futuro da Universidade, conduzindo-a ao que está a atual Escola Pública predominante.", não consigo responder hoje. Somente o tempo dirá se você tem razão. Minha esperança (a esperança de um desesperado) é que você esteja errado.

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  16. Adonai, cure-se de suas frustrações imediatas e mantenha o nivel ideologico do blog. Quanto ao ensino de calculo, os japoneses, chineses ou russos talvez, quem sabe os javaneses, já não têm algo parecido com "kumon" para calculo, dando enfase na geometria e repetindo o basico até furar o cerebro, fico imaginando, se com esses programinha de/para geometria dinamica, conceitos de calculo, espaço, forma, e blá blá, associados ao método "kumon", e o fato de todo mundo ter um celular com android na mão a solução para o ensino de calculo apenas não foi devidamente divulgada.

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  17. O programa REUNI em conjunto com outros programas do governo para a educação são uma completa afronta ao pobre povo brasileiro. No entanto, é interessante observarmos que o mesmo não foi denunciado pelas universidades, apenas acatado e implementado.
    Os atuais "intelectuais acadêmicos" (não generalizando, pois bem sei que há uma minoria absoluta pensante) de longe não se assemelham aos mesmos de um passado não muito distante (periodo logo após a ditadura), ou seja, a crítica (postura) e a discussão de rumos bem fundamentados para o futuro da educação foram delegados aos inflados umbigos. Alias, cabe as questões: Qual é o papel das universidades nos dias de hoje? Será que esse papel está sendo cumprido de fato? O que restou dos moldes iniciais de criação das universidades brasileiras que não foi corrompido ainda? Professor Adonai, forças e saúde nesse momento, a vida se estende para muito além do mundo academico.

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    1. Marcelo

      Entendo o seu alerta e concordo plenamente. O que se promove neste blog é uma fração microscópica do que poderia e deveria ser feito. Por isso mesmo tento atrair colaboradores. Se você tiver alguma sugestão pontual, por favor não hesite em fazer contato.

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