sexta-feira, 20 de abril de 2012

Depoimento: Professores Cirurgiões


O texto que se segue é de autoria do Professor Marlon Soares, ex-aluno meu do Curso de Física da Universidade Federal do Paraná. Hoje ele é dono da empresa IEA - Soluções Educacionais.

Em 2011 fiz uma pesquisa com 500 alunos (um considerável espaço amostral) da 2ª série do ensino médio de uma grande escola particular de Curitiba. Dentre os itens da pesquisa, duas perguntas:


1. O que você espera do seu ensino médio?


2. O que você espera que esse colégio faça por você no ensino médio?


Diferente de outros itens da pesquisa, essas perguntas eram abertas justamente para que os alunos pudessem responder qualquer coisa.


As respostas dadas pelos alunos surpreenderiam muitos estudantes de licenciatura ou ainda alguns colegas de profissão que não são capazes de fazer uma boa leitura da educação no Brasil. 


Os resultados foram basicamente o seguintes:


1. Cerca de 95 % dos alunos respondeu que espera passar no vestibular


2. Cerca de 95% dos alunos respondeu que espera que o colégio os ajude a passar no vestibular.


E eu volto aos alunos e pergunto: É só isso o que vocês querem?


Olhando para os números, é possível compreender porque tantos professores que estão em sala de aula não querem saber de estudar a educação, muito menos investir em sua formação pós educação formal.


O problema começa lá atrás. A revolução industrial na Inglaterra do século XVIII gerou desemprego. Ao mesmo tempo havia a necessidade de se ter mão de obra qualificada para operar as máquinas. Aí então, o Estado cria uma instituição para "resolver os problemas". Uma instituição que daria uma formaçnao técnica o suficiente para os desempregados que assim poderiam voltar ao mercado de trabalho. Essa instituição que surge com uma função normatizadora da sociedade é chamada de ESCOLA.  Ao construir o currículo dessa escola, não seria muito interessante investir em formação humana. Temos então um currículo com excessiva dose de disciplinas técnicas. 


Falo para meus alunos sobre números hipotéticos, mas não longe da realidade da época:


- Imaginem ter 4 aulas semanais de Física, 4 de matemática, 4 de química, 4 de biologia, 5 de língua portuguesa (ou língua local) e literatura. Aí no tempo que sobrar colocam algumas aulas de História, Geografia. Ainda bem que hoje não é assim né?


Acredito que ainda resta esperança pois muitos alunos percebem a ironia da minha pergunta. A diferença é que hoje temos, por obrigação do MEC, uma aula semanal de sociologia e uma de filosofia.  


Michel Foucault, em seu livro Vigiar e Punir, fala sobre a existência de três únicas instituições nas quais, uma vez que se entra, não se pode sair espontaneamente: Hospício, Cadeia e Escola.


Isso não é mera coincidência. A estrutura arquitetônica da escola não é similar a de um presídio por acaso. Desde 1750 os alunos sentam uns atrás dos outros, como em linhas de montagem de uma fábrica. Tocam sinais para que os alunos saibam qual é o momento de ficar quietos, estudar, comer, levantar ou sentar. Diante deste quadro, fica fácil entender porque os alunos são UNIFORMIZADOS pelas escolas e porque eles são NUMERADOS.  


Olhem ao redor e vejam como as tecnologias transformaram o mundo dos transportes, das comunicações e até mesmo das relações humanas. Vejam como a computação vem transformando grandes e importantes áreas como a medicina, o direito, a segurança pública e até mesmo o lazer e o entretenimento. E quanto à escola? Jogam um projetor interativo de última geração na sala e acreditam que inovaram a educação.  O grande erro é que a maioria das instituições de ensino e também dos professores acredita que tecnologia na educação é para apresentar a mesma coisa de uma forma diferente. O problema já foi abordado por Todd Oppenheimer em seu livro: The Flickering Mind: The False Promise of Technology in the Classroom and How Learning Can Be Saved.


Aqueles que pensam um pouco sobre tudo isso devem concordar que seria uma enorme estupidez acreditar que dessas instituições saiam jovens com pensamento crítico e independente.  


Semanas atrás, para iniciar uma atividade complementar (valendo nota) com os alunos, eu precisava dividir a turma em grupos. Precisava de exatamente 15 grupos. Ao invés de gerenciar o processo de divisão dos grupos, resolvi fazer uma experiência. Entrei na sala e disse que a formação dos grupos seria feita por eles, sem minha interferência e, esta seria a primeira etapa dessa atividade avaliativa. Impus apenas algumas condições:


1. Preciso de exatamente 15 grupos.


2. O número mínimo de integrantes de cada grupo é 3.


3. Assim que os grupos estivessem determinados, uma folha deveria ser deixada sobre minha mesa com os nomes dos integrantes.


Dei aos alunos certa de 10 minutos e nesse tempo saí da sala (fiquei apenas observando a movimentação dos alunos pela janela).


Repeti a experiência em outras 9 turmas similares e, na maioria dos casos (curiosamente cerca de 95%) os alunos simplesmente foram montando seus grupos sem sequer saber quem estava montando grupos com mais ou menos pessoas. 


Resultado: Havia 18 grupos em algumas salas, 12 em outras e assim por diante. 


Quando retornei à sala, perguntei aos alunos como eles poderiam achar que isso funcionaria se eles sequer se comunicaram?


Apenas disse novamente: - Preciso de 15 grupos. Dei a eles mais 15 minutos.


A maioria das turmas conseguiu cumprir a difícil tarefa de formar 15 grupos, mas para algumas eu tive que dar uma ajuda.


Será que conseguimos entender então qual é a razão de os alunos não conseguirem formar grupos de 15 pessoas, de 95% deles esperarem de seu ensino médio apenas passar no vestibular e esperarem que a escola apenas os ajude com isso?


E os professores? O que têm feito? Nas poucas oportunidades que temos, nas pequenas janelas que se abrem neste "caos" todo, que possibilitam mudanças; a maioria dos professores não faz coisa alguma. E as mudanças não acontecem porque temos um bando de professores reféns das instituições, medrosos e que nem sabem direito o que estão fazendo na sala de aula. 


Diante da possibilidade de confrontar a tradição que vem formatando os alunos, alguns professores dizem: "Não posso me revoltar contra o sistema de ensino e arriscar perder o emprego, porque eu tenho um filho pra criar" 


Para todos esses e aqueles que tem pensamento similar eu digo: 


- Quando seu filho tiver 18 anos de idade, você olha bem nos olhos dele e pede desculpa... pede desculpa por ele ter tido uma m%$#% de educação. Pede desculpa por você ter contribuído para ele ser um tapado. Diz pra ele que isso aconteceu porque o pai dele foi um frouxo... porque o pai dele tinha emprego na educação e não uma profissão. Porque o pai dele não teve coragem pra fazer P&$$@ alguma coisa para mudar as coisas.


As salas de aula (sejam de universidade ou de ensino médio) estão entre os lugares mais estranhos da nossa sociedade. Explico. Quando você vai ao médico, a um médico profissional, ao entrar na sala para consulta, ele pergunta o que você tem, o que está sentindo, há quanto tempo tem exibido os sintomas. Depois disso ele pode sugerir uma medicação, pedir mais exames para se certificar de qual tratamento ministrar. De certa forma, podemos dizer que o ponto máximo do tratamento seria uma intervenção cirúrgica.


Já quando você vai para escola, ao entrar na sala, ninguém pergunta o que você quer, o que você já sabe, o que quer saber, como você está. Já vão te dando "remédio". Os professores em geral simplesmente vomitam todo aquele conteúdo na cabeça dos alunos. Na escola, damos remédios sem saber pra quê. Combatemos doenças que sequer soubemos diagnosticar ou perceber sintomas.


Como se não bastasse a alienação, falta de profissionalismo daqueles professores estúpidos que fazem isso, o que mais me incomoda é que os alunos aceitam tudo isso calados.


Pensa comigo. Você entra em um consultório médico. Admita, por hipótese, que foi lá porque está doente (seja lá o que isso signifique). Você senta na sala do médico e ele diz pra você:


- Bom, então vamos operar este joelho!


Como assim, operar o joelho po%%@?


Tenho certeza que nenhum paciente deixaria isso acontecer no consultório médico.


Então porque deixam acontecer na sala de aula?


95% dos alunos da minha pesquisa tiveram seus joelhos operados. E o pior é que acreditam estar curados de uma doença que fizeram eles acreditar que tinham. E os médicos responsáveis pela cirurgia não fazem a menor ideia da estupidez que fizeram.
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Nota do Administrador deste blog: Para uma resenha de livro do autor desta postagem basta clicar aqui.

24 comentários:

  1. Olá professor!
    Eu só estudei em instituições públicas, mas dei aulas particulares durante cinco anos, podendo então, através das minhas (longas) conversas com meus alunos, ter um bom conhecimento do que é uma escola particular. Considero essas experiências algumas das melhores em minha vida por poder compreender o porque do comportamento de algumas pessoas.
    No caso dos professores, acredito que eles não vejam a educação como um remédio para a sociedade. Aprenderam apenas que o assunto que eles lecionam é tão importante quanto usar o álcool (não importa qual) nas mãos após visitar um amigo no hospital, não importa o porque. Mas um dia fui com minha avó visitar minha mãe em um hospital e uma pessoa que nos recebeu afirmou que para desinfetar as mãos é preciso primeiro lavar e depois de secar usar o álcool; eu fiz nesta ordem e ela na ordem contrária, então mencionei que ela havia se confundido (com a intenção de lembrá-la qual a ordem certa) e ela afirmou que não, pois o álcool deixava as mãos com um aspecto estranho; ainda insisti em lembrá-la que aquela ordem era importante para desinfetar as mãos, ou seja, matar as bactérias, ela fez uma expressão de quem estava discordando e foi embora assim mesmo. Uso essa história para fazer uma analogia com o que as pessoas pensam: ontem mesmo eu conversei com meu namorado sobre alguns colegas de sala nossos que ficaram entediados com a nossa professora tentando explicar o porque o raciocínio matemático da questão estava errado, pois eles não querem saber o porque está errado, só querem saber qual o certo para fazer igual na prova. Concluo dizendo que as pessoas não querem saber o porque fazer tal coisa, só querem aprender a fazer da forma mais rápida possível. Infelizmente esse raciocício é válido para a maioria dos que lecionam; só querem vomitar a matéria o mais rápido possível já que a vida inteira deles foi apenas isso.
    Alguns dias atrás eu comentei com meu namorado o quanto meus alunos adoravam minhas aulas de matemática, mas se eu fosse minha aluna daria nota zero pra minha aula. Sempre que um aluno (ou o pai dele) perguntava qual meu método de ensino, eu repondia a mesma frase: "Eu não vou ensinar matemática para você (seu filho). Eu só vou ensinar a responder exercícios, pois a única coisa que importa é que você (seu filho) passe no vestibular.". E era incrível como tanto o aluno quanto o pai ficava feliz da vida. Por isso digo que essa filosofia de vida vem da própria casa, assim como deveria ter sido comigo, afinal meus pais também julgam que a importância do ensino médio é só para passar no vestibular e a da faculdade é só para conseguir um bom emprego (na verdade, quer dizer um bom salário). Assim completamos nossa missão de viver a semana inteira à espera do final-de-semana, o ano inteiro à espera das férias e a vida inteira à espera da aposentadoria, sem poder acreditar em ser feliz com o trabalho, ou seja, com todos os dias da nossa vida.
    Como o senhor é um professor universitário, ou seja, tem a oportunidade de ser ouvido por uma turma inteira de universitários, pergunte a eles, quando puder entrar no assunto do fato de eles gostarem muito mais das festas cheias de cervejas do que de um livro, como eles conseguem acreditar que o momento mais saboroso da vida é quando eles "enchem a cara" para não ver a vida?

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  2. Elisa

    Durante vinte anos fui um apaixonado pelo meu trabalho na universidade. Hoje não vejo a hora de me livrar daquilo. Aposentadoria pela UFPR é algo que vejo com absoluto horror. Basta examinar como os aposentados são tratados nas universidades públicas. No dia da aposentadoria eventualmente há festa de despedida. No dia seguinte tudo se passa como se aquele professor jamais tivesse existido. Não quero isso. Se for para ser ignorado, que seja por iniciativa minha e não pela inércia de nossas instituições.

    Mas, apesar de meu pessimismo em relação ao Brasil, ainda me preocupa quando vejo uma jovem como você pensando de forma parecida. Isso porque pessoas como você, que não contam ainda com formação e experiência significativas, podem facilmente se perder.

    Pelo que vejo em seu texto, você é inteligente e, mais importante, perceptiva. Se levar muito a sério o contorno absurdo que nos cerca, pode perder a oportunidade de fazer coisas boas por si e por outros. Então recomendo o que sempre recomendo a raros jovens como você: procure se envolver profissionalmente com aqueles que compartilham de suas ideias mais fundamentais e procure usar as instituições que estão disponíveis para alavancar um futuro em lugares melhores para trabalhar.

    A pergunta que você pede para eu fazer já foi feita entre meus alunos inúmeras vezes. Sempre conversei muito com eles. Mas o fato é que a maioria não desperta o menor interesse para mim. Meu círculo de relações sociais e profissionais é bastante limitado. Tenho poucos amigos. Mas esses poucos são pessoas que valem a pena.

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  3. Respostas
    1. Luiz Carlos

      Creio que você pode dizer mais do que apenas "interessante".

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    2. Professor, eu sou um aluno burro, não tenho nível para fazer um bom comentário, o senhor provavelmente riria de um comentário mais completo, por isso me sinto envergonhado de pensar o que o senhor pensaria disso....

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    3. Luiz Carlos

      Em primeiro lugar, se você fosse burro não demonstraria interesse sobre os temas aqui discutidos. Em segundo, este fórum é destinado a trocas de ideias. Aqui não há concurso sobre quem sabe mais ou menos. Além disso, sua opinião é tão importante quanto a de qualquer pessoa interessada no tema da educação. Se qualquer pessoa por aqui divergir de suas ideias, isso deverá ser sustentado em fatos ou opiniões. Se forem fatos, você aprende. Se forem opiniões, você reflete sobre o assunto e decide por conta própria sobre o que procede ou não. Espero contar com sua participação.

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    4. Pode contar com minha participação professor, os assuntos discutidos no seu site assim como as suas aulas são de muitíssima riqueza e proveito para mim, inclusive suas aulas de cálculo são uma das poucas o qual fico entusiasmado antes, durante e depois, e espero aprender muito com o senhor.

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  4. Meu depoimento tendencioso e unilateral de fatos que recordo:
    Desde o "jardim de infância" fui muito questionador, o que incomodava a quase todos os professores. O que eu não achava certo eu não sossegava até ouvir uma boa resposta ou ser ameaçado a conversar com coordenação. A segunda opção não funcionava muito bem, não tinha medo de coordenação e eu questionava os coordenadores também. Atitude que incomodava a todos, menos os colegas de classe que por motivo desconhecido não questionavam, mas quando percebiam que alguém o fazia por eles, apoiavam de forma que quase a turma toda se voltava "contra" o professor. Incomodados por perder o controle do gado, eles remediavam da maneira mais fácil: chamavam meus pais pra uma conversa, pois eu não estava agindo de acordo com o comportamento que eles queriam. Nessas conversas com os meus pais, disseram que eu precisava ser "polido" seja lá o que queriam dizer com isso. Enfim, conseguiram o que queriam, porque depois de umas 8 ou 9 escolas, algumas dezenas de professores e incontáveis reuniões com coordenações de todas as escolas, hoje sou mais um presidiário na universidade, mais um que não questiona, porque? Porque incomoda, e nínguem quer se sentir incomodado.

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  5. E os alunos do 3o grau só querem se formar. Se você exige algo a mais, fica tachado de agitador entre os professores e os alunos.

    Todo grupo de pessoas é um organismo vivo. Organismos vivos expelem corpos estranhos.

    No meu 4o ano de faculdade, percebi que o objetivo da minha universidade não era formar engenheiros, profissionais ou cidadãos, mas apenas imprimir diplomas. Por esse motivo, decidi não fazer nenhuma anotação. Nada de caderno ou livro. Apenas ir para as aulas e prestar atenção, mas nem todas, e ver até onde eu ia. Aluno nota 9-10 nos primeiros 3 anos, me tornei um nota 7-8 nos últimos 2. Professores queriam que eu mantivesse meu ritmo para concorrer à bolsa de mestrado premiada ao aluno de notas mais altas (o termo usado por eles era "melhor aluno". discordo do termo.). Eu recusei: "Não, obrigado". Professores não entenderam minha desmotivação. Eu dizia que não me importava com o prêmio nem com as notas, o que para eles era uma afronta, mas não perceberam que eles eram parte do problema que podiam ter evitado ou corrigido.

    Sobre a maioria dos colegas, não é preciso comentar. Estamos onde estamos e somos o que somos por um conjunto de fatores, mas não consigo ver qualquer possibilidade de mudança enquanto os alunos não quiserem. E os principais responsáveis são os alunos "politicamente corretos", aqueles que não querem se indispor com ninguém, mas não tomam partido de nada, porque não querem nada. E não percebem que são eles que dão legitimidade a um sistema falido e pouco inteligente e ainda botam banca de senhores da serenidade e da razão. Pelegos.

    Como dizia MLK: "O que me incomoda não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons."

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  6. Durante aula de Controle Discreto, o "professor" deduzia fórmula no quadro. Eu já tinha desviado minha atenção fazia tempo e conversava com um colega porque tinha percebido que a aula era inútil. Não lembro por que, mas acabei perguntando para o "professor": "É coisa desse tipo que os matemáticos usam pra tentar provar que Deus existe?". O "professor" não entendeu a pergunta. Eu repeti. Ele enrolou, desconversou e ainda me chamou a atenção. Eu fui embora.

    No dia seguinte, na aula de laboratório, ele me chamou pra conversar num canto: "As suas intervenções atrapalham as aulas. Por favor, se for pra fazer comentário ou pergunta que não seja relacionado à aula, por favor, não faça porque atrapalha.". Eu respondi: "Na sua aula, você fica apenas escrevendo no quadro o que está nos livros. Se for pra aprender o que está nos livros, eu vou pra biblioteca estudar. Eu venho pra sua aula pra aprender com a sua experiência pra ver o que você tem pra me passar que só você pode me ensinar. Mas não se preocupe. Se é assim que você quer, não só eu não vou fazer mais comentário nenhum, mas eu não vou mais aparecer na sua aula. Assim, resolvemos o seu problema e o meu.".

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    1. Neste caso, Eduardo, vamos dar prosseguimento ao contato com as mídias jornalísticas. Precisamos mudar o país. Nossa casa é nossa responsabilidade.

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    2. Concordo. A CBN Curitiba tem o CBN Debate todo sábado de manhã. A Gazeta deve ter algum espaço. Mas você acredita que rádios e jornais estariam sinceramente interessados pelo tema?

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    3. Eduardo

      Só existe uma maneira para descobrir quem tem interesse: tentando.

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  7. Adonai, você conhece este texto aqui: http://www.eniopadilha.com.br/artigo/24

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    1. Oi, Eduardo

      Eu não conhecia, nem o texto e nem o autor. Realmente fascinante o texto. Praticamente tudo o que ele discute sobre estudantes de engenharia se aplica a estudantes de ciências exatas. Talvez eu faça contato com o autor. Grato

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    2. Fico feliz que você tenha gostado. Concordo que se aplica a todas as ciências exatas.

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  8. Além de não terem conseguido seguir as instruções tão simples, acredito que nenhum aluno foi capaz de perguntar "Por quê?". "Por que 15 grupos?", "Por que no mínimo 3 alunos?". "Qual o objetivo da atividade?".

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    1. Eduardo. Pedirei ao Marlon para que ele responda sua pergunta.

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    2. Eduardo, acho que nos anos anteriores a escola ensinou muito bem aos alunos que tais questionamentos não devem ser feitos. Mas mesmo assim, naquelas turmas que não conseguiram formar os 15 grupos, antes de minha intervenção, ouvi perguntas do tipo: "Ah... não pode ser assim como tá?" ou "Tem que ter 15 mesmo?". Infelizmente as perguntas eram mais para dar um jeitinho brasileiro na atividade do que para entender o processo.

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  9. Marlon, agora que li seu depoimento, entendo melhor os últimos acontecimentos no referido colégio. Hoje olho pra trás, naqueles anos em que estudei lá, e me lembro sim de vários dos conteúdos que me foram passados. Aliás, muitos eu considero realmente úteis na minha vida acadêmica hoje, pois dão algo mais corporal a conceitos matemáticos abstratos, mesmo naquelas aulas tão enlatadas de matemática para vestibular. Entretanto, as aulas de sociologia e filosofia vinham enlatadas em uma apostila!!! Quanta ironia, uma apostila de filosofia! Ótimos professores, de matérias-chave, mas não tiveram metade da coragem que vc teve, de cutucar um pouco mais fundo a ferida da nossa tão bela ilusão da “educação de qualidade”.
    Saí do curso de pedagogia, após 2 anos, com uma tremenda frustração pelo excesso de filosofia e pouquíssimo senso prático para a profissão. Ao querer a todo o custo que o pedagogo na escola pública incentive o senso crítico dos alunos, os estudantes de pedagogia e os recém formados se vêem perdidos quando entram numa sala de aula, pois falta principalmente a base “técnica“, da matemática p. ex., aos próprios licenciados! É trágico! De repente saio de lá e vou ao outro extremo, em um curso de ciências econômicas de uma universidade particular, em que decoramos modelos e observações, a fim de fingir que analisamos a realidade, para quem sabe um dia escrever um artigo sobre a crise europeia, ou sobre o pleno emprego e sua relação com alguma variável. Isso que se trata de uma ciência social, que infelizmente pouquíssimo estuda as relações sociais. Muito gostam de se referir às economias dos países, p. ex., como seres que “metem o pé na jaca” (poxa vida, ouvi isso ontem mesmo em uma palestra de um economista muito renomado...), como se não se tratasse de uma nação, formada por pessoas que hoje passam dificuldades financeiras. Isso se reflete em quê? Fome, doença? Sobre isso os economistas não falam, mas adoram falar das relações sociais entre a Sra. Grécia, a Sra. Alemanha, o Sr. Brasil, Sra. China... essas relações sociais, sim, são as estudadas, e novamente a ciência diz um adeus. Adam Smith se revira na cova e eu me pergunto se um dia a palavra ciência vai se tornar um mito, e o cientista um alienígena.

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  10. Que temos problemas na educação parece óbvio mas e como resolver?
    Qual seria a postura para um professor universitário enfrentar este sistema ...

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    1. Água mole em pedra dura, Anônimo. Um dia as cabeças duras serão perfuradas.

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    2. Ou a água acabará antes. Veja o problema do racionamento. :-)

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    3. Enfant

      Deixa o pessimismo pra gente ranzinza como eu! Se acabar a água, o negócio é continuar, mesmo que seja a base de cuspe.

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