terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
Preciso de um psicólogo
Preciso honestamente da ajuda de um experiente e bem qualificado psicólogo ou psiquiatra. Li muitos artigos e livros sobre psicologia. Mas isso certamente não me qualifica para tratar do meu problema. Apresento nesta postagem sintomas de uma pessoa específica, mas muito comuns entre outras. E espero que esses sintomas sejam suficientes para um diagnóstico. A partir deste diagnóstico, preciso saber se o mal apontado tem cura ou, pelo menos, tratamento.
Ontem publiquei neste blog uma postagem que denuncia algo muito grave: o fato de um notório jornalista brasileiro opinar com incisividade sobre temas que evidentemente não conhece. Quando fiz isso, lembrei de uma postagem mais antiga, na qual mostrei uma lista de pesquisadores do CNPq cujas obras são ignoradas pela comunidade acadêmica internacional. Entre esses pesquisadores está Marilena Chauí, considerada por muitos como um dos mais importantes filósofos de nosso país.
O livro mais conhecido de Chauí é Convite à Filosofia, com milhares de citações. Anos atrás tive contato com esta obra e confesso que fiquei assustado. Mas diante dos últimos eventos neste blog, creio que seja oportuno discutir sobre alguns tópicos tratados no livro.
A responsabilidade de um autor é algo que deveria ser muito grande. E se uma obra faz sucesso, como o livro acima citado, esta responsabilidade pode atingir níveis estratosféricos. No entanto, não percebo responsabilidade nem em Chauí e nem em outros autores muito conhecidos de nosso país (como Olavo de Carvalho). Pelo contrário, Chauí se comporta como se sofresse de alguma compulsão, algo como mitomania (em minha visão de leigo em psicologia). E mais estranho ainda é o fato de que essas mentiras injustificadas parecem ser absorvidas com enaltecimento por muitos dos ditos "intelectuais" de nosso país. É claro que o problema pode estar comigo e não com Chauí. Mas os argumentos que aponto abaixo contestam essa possibilidade.
Esclareço.
Nas páginas 72 e 73 de seu livro, Chauí afirma o seguinte: "O princípio da identidade é a condição do pensamento e sem ele não podemos pensar. [...] é a condição para que definamos as coisas e possamos conhecê-las a partir de suas definições.". Em primeiro lugar, ela enuncia este suposto princípio da identidade de uma única forma e de maneira extremamente vaga. Existem muitas publicações importantes que tratam do problema da identidade em matemática, física e filosofia, o qual pode assumir múltiplas formas. Além disso, a questão da identidade de partículas elementares em mecânica quântica é tema de importantes pesquisas até os dias de hoje. Ora, é usual que seja admitido que partículas elementares em regime de baixas energias careçam de identidade. No entanto, físicos conseguem pensar sobre elas! Portanto, de duas uma: ou Chauí jamais pensou com seriedade sobre o problema da identidade em filosofia ou os físicos apenas pensam que pensam. Para detalhes, recomendo este livro.
Na página 75 a autora afirma que a teoria da relatividade "mostrou que as leis da Natureza dependem da posição ocupada pelo observador" e que aquilo que é espaço e tempo para nós pode não ser para outros seres da galáxia. Essas estão entre as afirmações mais estapafúrdias que já li em toda a minha vida. Não existe uma única versão de qualquer uma das teorias da relatividade que sustente qualquer uma dessas afirmações! As equações de Einstein estabelecem uma lei física que independe da posição de um eventual observador. Além disso, não existe qualquer consideração sobre modos de percepção extraterrestres em qualquer uma das teorias da relatividade.
Na página 81 Chauí afirma que dedução consiste em partir de uma verdade já conhecida e que "funciona como um princípio geral ao qual se subordinam todos os casos que serão demonstrados a partir dela." A sala de Chauí, na Universidade de São Paulo, ficava ao lado da sala de Newton da Costa, um dos mais importantes lógicos da atualidade. Bastava ela perguntar para ele o que é uma dedução! Certamente da Costa responderia sem hesitar. Mas ela preferiu inventar uma visão fantasiosa sobre este importante conceito. As noções atuais sobre dedução em lógica independem de qualquer conceito sobre verdade. Além disso, o que seriam os tais princípios gerais que ela menciona? Ela simplesmente não esclarece. Além disso, Chauí afirma que deduções partem de verdades; mas não diz aonde essas verdades chegam. É uma partida sem chegada. Para uma visão elementar sobre deduções, indico esta postagem.
Na mesma página 81 ela sugere que é possível definir um triângulo como uma "figura geométrica cujos lados somados são iguais à soma de dois ângulos retos." O que é uma figura geométrica? Como é possível somar lados de um triângulo? Como é possível somar ângulos? Ela está confundindo lado e ângulo com medida de lado e medida de ângulo? Se ela não sabe matemática elementar de ensino fundamental, por que não estuda sobre o assunto? E se não quer estudar, por que falar sobre isso?
Ainda nesta mesma página rica em descalabros Chauí fala sobre a dedução de figuras geométricas. Deduções são operações lógicas aplicáveis sobre fórmulas (afirmações, em um sentido intuitivo). Triângulos não são fórmulas (ou afirmações) nas formulações usuais de geometria!
Na página 239 Chauí fala sobre um tal de silogismo científico, afirmando que este não admite premissas contraditórias. Além disso, ela também afirma que as premissas do tal silogismo científico são universais e que sua conclusão não admite discussão ou refutação. Não tenho ideia do que seria este silogismo científico, pois o texto de Chauí mais parece um cansativo e confuso sermão da montanha, uma vez que ela se recusa a qualificar o que afirma e sequer apresenta referências no meio do texto. Mas silogismos são regras de inferência que envolvem três ou mais ocorrências de fórmulas (ou afirmações). No contexto do que hoje se entende por lógica, não há problema algum em assumir premissas contraditórias. E afirmar que alguma forma de inferência em ciência ou matemática não admite discussão ou refutação, é o mesmo que estabelecer um dogma. Ciência não se faz a partir de dogmas. Para piorar a situação, a autora afirma que premissas devem ser indemonstráveis. Pura loucura! Para um estudo muito bem feito sobre inferências dedutivas, recomendo este clássico da literatura. Para uma comparação muito didática sobre as diferenças entre deduções e induções, recomendo este livro.
Na página 240 a autora assume explicitamente que a única forma de definições em ciência é a por gênero e diferença. Neste texto há uma discussão bastante resumida sobre alguns dos múltiplos tipos de definição que se usa em ciências reais e formais. Ou seja, Chauí ignora definições ostensivas, operacionais, contextuais, explícitas, entre muitas outras.
Na página 326 a autora se refere a uma tal de geometria topológica, explicando, entre parênteses, que se trata do estudo do espaço tridimensional. Além do termo "geometria topológica" ser não usual, os poucos livros existentes com títulos que remetam a geometria topológica tratam de assuntos extraordinariamente mais complexos do que meros espaços tridimensionais, como álgebras de Clifford e variedades suaves, entre outros.
A partir da página 331, então, Chauí concentra todas as suas forças para mentir descaradamente sobre matemática, com uma incessante e perversa rajada de loucuras. Uma das piores afirmações é aquela na qual ela explica o que é um axioma. Chauí diz que "um axioma é um princípio cuja verdade é indubitável, necessária e evidente por si mesma, não precisando de demonstração e servindo de fundamento às demonstrações." Novamente preciso insistir no livro de Mendelson. Não há necessidade alguma de que um axioma seja verdadeiro ou evidente. E, além disso, todo axioma é demonstrável, resultado este muito conhecido em lógica-matemática. Para colocar a cereja vencida sobre o bolo mofado, Chauí ainda julga que axioma e postulado não são sinônimos em matemática.
Há muito mais trechos no livro que contam com erros grotescos, como os já apontados. Mas acho que já consegui apresentar o meu ponto. Minha pergunta é a seguinte: será que essa compulsão para escrever incessantes mentiras, a partir de opiniões irresponsáveis sobre assuntos não dominados, não se caracteriza como um quadro clínico de alguma forma de distúrbio? É uma pergunta honesta! Eu realmente quero saber! Vejo esse tipo de atitude com expressiva frequência, principalmente entre profissionais das ciências humanas que se julgam capazes de escrever sobre ciências exatas. Além de Chauí, já discuti por aqui sobre o caso muito semelhante de Olavo de Carvalho. E sei que há muitos outros ainda. Por que essa necessidade? O que falta nas vidas desse tipo de gente para agirem desta forma?
Se alguém puder me esclarecer, ficarei profundamente grato.
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Ilusão de conhecimento ?
ResponderExcluirTalvez não se trate de distúrbio. No fundo, saber as causas disso é bem difícil. Talvez possa apenas introduzir uma dimensãozinha do problema. Temos de ver que não há tradição filosófica e científica no Brasil. Há casos isolados de sucesso. Não há, portanto, uma "rede" séria de confronto de ideias. Em segundo lugar, o pensamento de pessoas ligadas ao que se chama de esquerda é mais "maleável". Daí não há uma preocupação com o rigor. Além disso, esse livro citado funciona muito bem no ensino médio e nos cursos de introdução de filosofia nas graduações. Não sei qual é o dado, mas há alguma quantidade de analfabetismo funcional nos cursos de graduação de universidades públicas. Se o estudante não sabe sequer escrever e interpretar, o que dirá de compreender o pensamento filosófico. Então, o livro da professora petista é fácil de ensinar, de ler, de avaliar... Por fim, o mercado brasileiro não se interessa pela qualidade. O fato é que o Brasil não lê (veja que por conta do carnaval o seu blog poderá sofrer uma queda abrupta de leitores). Se há um livro com não sei quantas edições, isso já é o suficiente para continuar a vendê-lo. Ah, temos ainda de contar que com simplicidade a autora poderia corrigir os erros, assumir que o saber é um processo. Mas vá tentar conversar com um dinossauro...
ResponderExcluirAnônimo
ExcluirVocê conhece algum estudo sobre relações entre posturas esquerdistas e essa maleabilidade que você menciona? É o tipo de assunto que tem me interessado bastante.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirAdonai,
Excluirprovavelmente o Anônimo se refere a esses tipos de resultados (muito interessantes, por sinal):
http://www.motherjones.com/politics/2014/07/biology-ideology-john-hibbing-negativity-bias
http://www.washingtonpost.com/national/health-science/conservative-and-liberal-brains-may-be-wired-differently/2014/11/03/3903c25e-6057-11e4-8b9e-2ccdac31a031_story.html
e talvez esse verbete também seja de interesse:
http://en.wikipedia.org/wiki/Biology_and_political_orientation
Sou o anônimo. O Fernando tem alguma razão em sua observação, reconheço. Falei de pessoas ligadas ao que se chama de esquerda, para evitar a generalização "esquerdista". Não seria um "pensamento esquerdista", embora, talvez seja até mesmo possível de generalizar (mas eu sinceramente não tenho leitura para isso). Depois, falei de "maleabilidade" e que ela levaria a uma falta de rigor.
ExcluirPor essa coisa "maleável" entendo posturas relativistas (e que não justificam um "contrapeso" com conceitos universais, embora o relativismo como ferramenta crítica seja importante na história das ciências sociais: por exemplo, não há nada de historicamente superior em relação aos ingleses colonialistas que pudesse justificar sua dominação a povos "não civilizados"). Entendo esse relativismo aplicado, por exemplo, ao multiculturalismo que, (talvez mal) resumidamente, defende ou justifica práticas criminosas com o argumento de que uma interpretação contra essas práticas "particulares" seria uma "invasão" ("inferiorização"...) a suas culturas.
Essa maleabilidade está também no pensamento político de pessoas ligadas ao que se chama de esquerda. E aqui parece ser visível o que quero dizer com rigor. De modo bem simples, talvez até simplista, colocarei o exemplo de Vladimir Safatle. Vejam esse texto e assistam ao vídeo: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/eu-me-interessei-pela-origem-do-pensamento-de-um-professor-revolucionario-da-usp-e-vejam-o-que-descobri/
Qual o rigor que um homem como Safatle tem? Nenhum. Ele é um relativista a serviço de um partido, o PT. Eu li o livro apontado pelo autor do Blog da primeira à última página. Tudo o que ela se refere à ideologia é o que ocorre justamente com a dominação do pensamento relativista do PT: distorce a realidade para um objetivo, a dominação simples e pura. E os desdobramentos morais são de um prejuízo incalculável.
Olavo de Carvalho é bom para bater no comunismo e na falta de educação brasileira. Ele é um caso isolado, não está dentro da universidade, não possui nem um mínimo do rigor que exigiríamos, por exemplo, do Adonai. Olavo não está acostumado com a universidade...
O que acontece com Safatle é sistemático, está nas cabeças dos estudantes de graduação do primeiro ano de muitos cursos... é um modo de pensar, é uma falta de rigor a serviço de um partido ou de uma visão de mundo "de esquerda" que, por sua vez, age a serviço das estruturas das dominações regionais. Não faz sentido acertar rigorosamente (mesmo que a custa de uma vida de estudos, como objetivo de vida), o que importa é transmitir a mensagem da "revolução".
Infelizmente, preciso sair agora, mas volto ainda.
Stafusa
ExcluirGrato pelas referências. Já andei eu mesmo investigando algumas pesquisas sobre o tema. Mas o assunto é ainda novo demais para ser realmente conclusivo, apesar de eu admitir minha tendência de concordar intuitivamente com muitos dos resultados.
acredito que não tenho conhecimento o suficiente para entrar nessa discussão. no entanto, gostaria de evidenciar um ponto.
Excluiro safatle é filiado ao psol - quase saiu como candidato do partido para a prefeitura de sp em 2014. frequentemente embate a gestão do pt e em outros momentos se alia a este - caso do segundo turno de 2014.
quero dizer que o anonimo acima está generalizando de um ponto de partido errado. míope. do tipo que joga toda a esquerda no mesmo saco - há uma extensa literatura sobre a fragmentação da esquerda no séc XX que o comentarista simplesmente ignora.
dito isso: por que sua conclusão estaria correta?
Esqueça minha postagem: fui otimista demais em julgar que havia alguma chance de os comentários do Anônimo serem sérios, mas são ideologicamente tendenciosos. Não quero perder meu tempo com isso, encerro por aqui minha participação nessa discussão.
Excluir*correção: o safatle iria concorrer ao governo do estado de SP, não a prefeitura.
ExcluirComo estou jogando no mesmo saco se comecei a falar ao que se "chama de esquerda"? Daí, como um passe de mágica, o que eu disse passou a ser "pensamento esquerdista"?
ExcluirEntão, reconhecendo os meus limites, estou falando em um modo de pensar, relativista (do ponto de vista da antropologia), cotejando o que fala Chaui e Safatle com suas práticas, que contradizem aquelas falas, e me chamam de "ideologicamente tendencioso"? E não tenho sequer o direito de saber com qual conceito de ideologia a pessoa me critica...
Vocês leram o livro inteiro de Chauí? Como é estruturado o livro? O que ela fala sobre marxismo? A quem serve o pensamento de Safatle? Ao Psol? Faça-me rir... Não perceberam que estou falando do Brasil?
Tentaram ver outras possibilidades para o problema do Adonai, de que Chaui sofre de um distúrbio? Fizeram o que o próprio Adonai recomenda? Tentar encontrar o problema e tentar soluções?
Eu gostaria de lembrar a todos que este é um fórum dedicado à ciência e à educação. Peço que nos concentremos nesses pontos. É muito fácil perder o foco quando ciência e educação repercutem em aspectos sociais, sejam políticos ou não.
ExcluirSou o anônimo. De minha parte, reconheço que poderia ter mais cuidado com o modo de escrever. Como é uma área de comentários, imaginei que eu poderia dar-me ao luxo de opinar cruamente. Vi aqui que, se falou, tem de provar. Infelizmente, não conheço um texto brasileiro que comprove o que eu falei. Parece-me que jornalistas assumem no Brasil o debate de como o pensamento de algumas pessoas de esquerda é desprovido de rigor de ordem moral ou conceitual, o que também são coisas diferentes. Reinaldo Azevedo é um deles. Conheço um texto sobre conservadorismo, de um professor alemão, mas não foi publicado, portanto, prefiro não dizer nada sobre o texto ou sobre o autor. O que escrevi foi baseado em interpretações pessoais, vivência dentro da universidade brasileira, e percepções gerais de como escritores que se identificam com a esquerda (e isso é apenas uma opinião) tomam algumas vezes conceitos indiscriminadamente sem reflexão. Parece-me (e isso é apenas minha opinião) que o rigor se perde pela tendência à esquerda, baseada, em geral (e aqui é uma generalização que não posso comprovar na prática), na ideia básica de esquerda de que é preciso "transformar" o mundo. Nesse sentido, a tese 11 de Marx sobre Feuerbach diz que os filósofos apenas "interpretaram" o mundo; dependeria de transformá-lo. Se transformar o mundo é mais importante do que interpretá-lo, por que a atenção com o rigor da interpretação? Essa minha pergunta deve ser lida em conexão com tudo o que eu disse nos outros comentários. Agora faço uma pergunta: há essa passagem diretamente citada, essa mesma da 11a tese sobre Feuerbach, em "Convite à filosofia" (que é o tema deste post)? A resposta é não! Mas há essa ideia de transformação (de Marx) com muita nitidez.
ExcluirAnônimo
ExcluirÉ importante ressaltar que existe uma dificuldade muito grande para administrar este blog. Tento promover aqui uma espécie de casa; uma casa na qual pessoas com diferentes perfis, mas dispostas a dialogar de forma sensata, possam expor ideias livremente, desde que não existam ataques pessoais ou uso de vocabulário chulo. E ao longo de mais de três mil comentários, já percebi que discussões de ordem política facilmente tiram as pessoas do eixo. E é neste momento que a casa deixa de ser um ambiente de boas vindas à discussão. Admito que gosto, em princípio, de suas ideias. Mas reconheço também que você toca em assuntos de caráter ideológico que servem facilmente de estopim para respostas explosivas. Honestamente não sei se estou agindo de forma correta, ao tentar apaziguar discussões entre leitores do blog. Mas sinto-me responsável por esta casa. E quero tentar manter um tom cordial entre os leitores que escrevem comentários. É claro que isso cai em contradição com diversas postagens que promovem críticas fortes contra textos e ações de várias pessoas. Mas essas pessoas raramente frequentam esta casa. E quando o fazem, são sempre tratadas com cordialidade.
Não há qualquer exigência de que comentaristas precisem provar o que afirmam. Mas questionamentos são frequentes e necessários. O único problema que tento evitar é a transformação desses questionamentos em disputas descontroladas.
Se compreendi o que você escreveu, há sim uma tentativa neste blog de transformação e não apenas discussão. E a transformação que se tenta promover aqui já é dolorosa o bastante para tolerar desentendimentos pessoais entre comentaristas. Nenhuma pessoa disposta a trocar ideias de forma honesta é ingênua neste blog.
Espero ter esclarecido um pouco mais minhas preocupações.
Obrigado pelo comentário, professor. Não acredito, sinceramente, que o problema de Chauí seja outro. Os textos de Safatle na Folha são também despreocupados com o rigor, se bem que são textos de opinião. Eu conheço esse mundo por dentro porque já participei dele. Eu posso criticar inclusive o meu passado, nesse sentido. Se o seu sentido de transformação for igual ao de Chauí (que vai na linha de Marx), estou perdido. Para essa gente, transformação é revolução, seja pelas armas, seja pelas ideias. Além disso, deixo meu testemunho. Ano: 2010; reunião da ABA (Associação Brasileira de Antropologia) em Belém. Numa reunião com os professores da "cúpula", escutei que eles "colavam" quando faziam graduação (e se gabavam por isso), e que, sempre quando chegava um e-mail com uma denúncia, fulana (uma professora) não deveria responder até que todos da cúpula lessem o e-mail. O sentido do que foi dito foi exclusivamente para a promoção da "pizza", o não envolvimento da ABA com denúncias. Neste mesmo encontro, escutei de muitos professores e doutorandos (num determinado GT) que era possível (e havia quem o incentivasse) o relacionamento íntimo entre pesquisador e pesquisado (entrevistador e entrevistado). Isso quer dizer: sexo! Para mim, isso é inadmissível e completamente anti-ético. É esse tipo de coisa, que não está escrito em um estudo, mas está na minha experiência, que se refere, em geral, a (algumas) pessoas de esquerda que estão numa área de humanas nas universidades brasileiras.
ExcluirAnônimo
ExcluirVocê poderia escrever um depoimento pessoal, para fins de publicação neste blog, relatando essas vivências suas? Poderia manter o anonimato. Pergunto isso justamente porque você teve um contato direto com parte dos bastidores de um grupo dominante nas universidades públicas. E isso é algo extremamente importante.
Ao ler este texto,recordei-me do excelente "Imposturas Intelectuais" do Sokal.
ResponderExcluirP.S: Tanto a Chauí quanto o Olavo possuem seus devotos fervorosos.Talvez pelo fato de tantas pessoas os tratarem como os "maiorais" do pensamento nacional/mundial,eles realmente acabem acreditando que podem falar impunemente sobre qualquer assunto.Esse mal não se refere apenas a estes dois indivíduos.Frequentemente o "prestígio" de um determinado autor é condição suficiente para que sua obra seja recepcionada sem grandes contestações, ao longo de décadas (caso da sacralização dos livros de Paulo Freire,Milton Santos e Karl Marx em muitas universidades brasileiras,na área de ciências sociais;com isso,dá-se a falsa impressão de que a pedagogia,a geografia e a sociologia ficaram congeladas no tempo).Enfim,seria ótimo que muitos dos nossos intelectuais fossem mais humildes; poderiam,por exemplo, começar por este excelente texto: http://adonaisantanna.blogspot.com.br/2013/10/honestidade-intelectual.html
Luiz
Sobre a Chaui pouco conheço. Lembro de uma entrevista dela que realmente me chocou. Foi de uma total falta de coerência, dogmática e muito mal-educada para uma pessoa de sua qualificação e fama. Foi grosseira com pessoas que pensam diferente dela.
ResponderExcluirPelos comentários acima, creio que faz sentido a sua entrevista e minha impressão. Nada mais sei sobre ela.
João Luiz Faria
Pelo visto, Olavo e Chauí não prestaram muita atenção aos diálogos socráticos onde frequentemente apareciam tipos que pretendiam saber mais que realmente sabiam e proferiam suas opiniões como se fossem verdades.
ResponderExcluirEu tentei ler "Convite à Filosofia", mas parei logo no início. Não percebi as falhas que voce mencionou, por não ter o conhecimento para tanto, mas o texto me pareceu superficial e cansativo. Para mim, o melhor convite a filosofia é ir direto a fonte e ler as obras dos grandes filósofos ou ainda bons livros de historia da filosofia, como os do Copleston, do Abbagnano, do Surendranath Dasgupta e do Feng Youlan, para ter uma visão geral e ver como as ideias mudaram ao longo do tempo.
Puxa, Anônimo. Incrível eu não ter lembrado dos diálogos socráticos. É um excelente exemplo!
ExcluirVale salientar que a Chauí envolveu-se num grave escândalo na década de oitenta por ter plagiado, ipsis litteris, trechos inteiros da obra de Claude Lefort em um de seus livros. O diplomata José Guilherme Merquior denunciou o caso e foi recebido com navalhas pelos colegas de Chauí, mesmo após a acusada, que teve um caso com Lefort, admitir o plágio.
ResponderExcluirSim, lembro bem desse caso. No entanto, em breve pretendo publicar postagem que aponta evidências de elevados níveis de tolerância ao plágio no Brasil quando examinamos este problema do ponto de vista legal. É tudo muito esquisito.
ExcluirPROF. ADONAI.
ExcluirSobre plágios,etc..no blog do prof HERMES .http://cienciabrasil.blogspot.com.br https://www.facebook.com/mhermeslima?fref=ts, tem muito assunto,fatos,depoimentos,etc..
Recomendo também o excelente "amigo desconhecido" do http://ktwop.com com muitos textos e dados à respeito.
abraços
bem minha postagem aqui vai de SHAMI..
Grato pelas recomendações, Shami.
Excluir"Minha pergunta é a seguinte: será que essa compulsão para escrever incessantes mentiras, a partir de opiniões irresponsáveis sobre assuntos não dominados, não se caracteriza como um quadro clínico de alguma forma de distúrbio?"
ResponderExcluirAdonnai, não sei do ponto de vista psicológico (que deve ter alguma explicação plausível e relativamente corriqueira), mas, do ponto de vista social, essa situação demonstraria, na minha opinião, o subjetivismo e o isolamento da produção intelectual e didática neste país. Um exemplo: como você explica, a sala de Chauí ficava do lado da sala de Newton da Costa. O insulamento é tanto que Chauí, do alto de sua soberba, não poderia pedir a opinião sobre duas páginas de seu texto ao "colega" ao lado -- fazer isso seria admitir que não sabia sobre o assunto, que, ainda mais, por ser um livro didático, seria "básico". Provavelmente, Chauí ignorava, ou até hoje continua a ignorar, seu erro. Seria descer do alto de seu pedestal pedir ajuda num assunto tão "trivial". A responsabilidade de escrever um livro que seria utilizado em milhares de escolas no Brasil não lhe suscitou pedir uma revisão a várias pessoas de várias especialidades.
Não existe, neste país, uma cultura de colaboração. Pessoas não perdem tempo com coisas como livros didáticos, porque o reconhecimento pessoal por essa "perda de tempo" é ínfimo. Acrescente-se a isso o peso de atitudes como criticar uma obra que é ovacionada, cujos textos são remoídos por milhares de estudantes em "resenhas". Encontrei uma crítica a esse livro de Chauí que foi publicada na Folha em 1995, feita por Waldyr Rodrigues Jr. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/5/01/caderno_especial/18.html)
A produção intelectual, pelo menos em tese, não deveria ser isolada. É tão comum ver exemplos de teses e livros produzidas fora do Brasil em que o autor agradece fulano e sicrano por terem lido tal e tal parte ou o texto todo, e dado tal e tal ajuda e comentário e crítica. Agora, vá pedir para um colega de pós-graduação ler e comentar seu trabalho, ou pedir para um professor que não é seu orientador dar a sua opinião. Existe mesmo, em certos círculos, a ideia de que a produção intelectual de orientandos de outrem não deve ser criticada antes da qualificação/defesa, e mesmo na defesa, seria tudo _pro forma_. "Você não pode criticar o trabalho de meu aluno; isso seria orientar, e o orientador sou eu". E principalmente deve-se ter no currículo que foi parte da banca, co-orientador ou orientador. Eu uma vez pedi opinião para um professor no Brasil e outro nos EUA sobre um projeto de doutorado. O brasileiro disse que ajudaria "se eu o colocasse como co-orientador". O professor da Rice University praticamente me orientou durante um ano, sem pedir nada em troca.
Youssef
ExcluirExcelente a sua discussão. Eu não conhecia esta resenha de Waldyr Rodrigues. Ela é ótima. E este exemplo que você cita ao final, comparando o brasileiro com o americano, é realmente sintomático de nossa cultura de isolamento. O Brasil ainda vai pagar muito caro por essa boçalidade toda.
Adonai
ExcluirVc conhece a Giovana Dall'Stella????
Ela foi aluna do curso de Matemática da UFPR e, após se formar, fez novo vestibular, fez Medicina na UFPR e tornou-se Psiquiatra.
Só não sei se ela tem tanta experiência, pois começou a atuar em Psiquiatria faz pouco tempo (fui paciente dela por um tempo).
Um dos objetivos dela era escrever um livro didático de Matemática, mas agora parece estar dedicando-se mais à Psiquiatria mesmo.
Quando fiz tratamento com ela, também tive o acompanhamento da psicóloga Ana Lúcia Ivatiuk, que ajudou a melhorar muito minha condição dentro dos limites do campo de atuação da Psicologia.
Como a Ana Lúcia é especializada na linha comportamental e em reações de estímulo-resposta, talvez seja uma opção. Só não sei dizer sobre a experiência profissional dela, etc.
Não conheço nenhum site sobre a Giovana, mas sobre a Ana Lúcia vc pode conferir em:
http://crescercomafeto.com.br/entrevista/psicologa-ana-lucia-ivatiuk/
Espero que a indicação seja a contento.
Caro Adonai,
ResponderExcluirnão costumo utilizar "livros didáticos" em filosofia em minhas aulas, e, particularmente, o livro da Chauí, embora, tive conhecimento que o livro dela é utilizado em algumas graduações em filosofia, como referência na disciplina de Introdução à Filosofia. Outra livro muito utilizado em história da filosofia é o do italiano Reale, que também abomino! Não é atoa que não temos professores preparados para lecionar filosofia no ensino fundamental, médio e, consequentemente, no ensino superior. Há quem questione se realmente podemos falar de uma genuína filosofia brasileira. Em certo sentido, a filosofia representa um fenômeno tardio no desenvolvimento civilizatório de uma cultura, não temos, portanto, ainda maturidade para produzir filosofia, a despeito de termos produzido aqui e acolá algumas flores em nosso pântano cultura. É imprescindível estimular os jovens, provocá-los a uma atitude crítica relativamente ao saber.
Cordialmente,
Gilson
P.S.: Assim que puder escrevo algum sobre minha experiência no ensino de filosofia.
Grato, Gilson. Fico aguardando a sua contribuição. Precisamos articular os seres pensantes deste país.
ExcluirOlá Adonai,
ResponderExcluirE então, descobri seu Blog através do blog do Diniz e há um tempo acompanho seus posts.
Parece que o que você percebeu ao ler Chauí e outros autores se enquadra perfeitamente na conclusão do psiquiatra Lyle Rossiter ( leia http://lucianoayan.com/2013/02/26/o-psiquiatra-lyle-rossiter-nos-comprova-que-o-esquerdismo-e-uma-doenca-mental/ ).
É por isso que o conhecimento baseado na autoridade, grande usado nas ciências humanas, tem seus perigos.
Até hoje não entendo... O alarmismo contra o Positivismo, ao Método Experimental e ao uso malicioso das ciências (por exemplo, leia : http://mailsondanobrega.com.br/blog/?p=281 ).
Abraços e parabéns pelo blog.
Assim que puder, posto atualidades no meu: http://mutacaogeografica.blogspot.com.br/
Grato pelo apoio, Estevan. Em breve visitarei o seu blog. Fiquei curioso.
Excluirmarilena chaui?, não, obrigado...
ResponderExcluirhttp://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/ela-nos-odeia-ela-nos-abomina-ela-quer-o-nosso-fim-ou-por-que-marilena-nao-nos-conta-quanto-ganha-com-os-livros-didaticos-adotados-pelo-mec/
Krishnamurti
ExcluirVocê é um dos poucos leitores regulares que vejo comentando por aqui desde a nova enxurrada de leitores e comentaristas. Este blog está muito agitado desde a divulgação que Olavo de Carvalho fez da postagem sobre o superdotado. Quem sabe agora Marilena Chauí resolva também divulgar. Mesmo assim, apesar de tudo, os novos leitores têm sido bastante civilizados. Seria legal se Chauí aprendesse um pouco dessa civilidade.
Caro Prof Adonai. Imposturas Intelectuais do Sokal e do Bricmont retratam bem isso. Considero hoje que a tarefa mais importante para um intelectual, seja de esquerda ou direita, de Exatas ou Humanas é ler um artigo científico de sua área e separar, mesmo, a autoridade do autor (perdoe a redundância) e a relevância do que escreveu. Na minha opinião, um bom cientista, no Brasil, bem poderia ser medido por este tipo de capacidade.
ResponderExcluirCoincidência. Acabo de citar Sokal em resposta a um comentário. Uma coisa que observei nos EUA é que lá não se dá muita atenção ao argumento da autoridade. O que interessa são as ideias. E isso é muito saudável. Já na Europa, a postura é mais dividida.
ExcluirLeiam o artigo abaixo e saboreiem a estupidez de Chauí:
ResponderExcluirhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-512X2014000100028&lng=en&nrm=iso
"humilhação a que, atualmente, todos são submetidos com os execráveis "abstracts" colocados nas teses num vocabulário supostamente inglês e numa sintaxe claramente de língua portuguesa, isto é, em língua nenhuma."
ExcluirEstá aí o cerne do problema: escrever 150-200 palavras em inglês é uma humilhação; saber escrever esse colosso é um trabalho hercúleo, tão acima das capacidades dos nossos estudantes; e todo o trabalho de anos de ensino de língua inglesa no secundário e ensino superior não servem nem para isso. Gente assim não serve nem para que serve um abstract.
Fora a ironia e a desqualificação pessoal em ataques ad hominem: "O reitor da USP, que é um colosso intelectual"..., e afirmações boçais como: "por que não de chinês, já que a população chinesa é a maior do planeta e a China faz parte dos BRICs, juntamente com o Brasil?"
Provavelmente, a dita professora não entende nada de linguística. "Quero reafirmar o que disse Guido quando salienta a diferença entre o grego da koiné e o latim do império romano e o inglês: a koiné e o latim eram as únicas línguas cultas (isto é, que possuíam gramática, retórica, ortografia fixada etc.) a que todos podiam ter acesso (e não um privilégio das castas sacerdotais e suas linguagens secretas), o que de maneira nenhuma se aplica ao inglês no conjunto das demais línguas contemporâneas." Sim, todos os que aprendiam tinham acesso. Isso é o óbvio do óbvio. Flávio Josefo escreveu em grego. Ele poderia ter utilizado o aramaico que provavelmente aprendeu, ou mesmo o hebraico. As pessoas utilizavam o grego ou latim porque era esta a linguagem internacional da cultura e da ciência (segundo uma visão restrita, excluam-se aí obviamente os persas, indianos e chineses contemporâneos). Todo mundo que aprende inglês tem acesso ao inglês. Por que seria diferente? Por que eu teria que aprender vietnamita para falar com um vietnamita, coreano para falar com um coreano, e por aí vai? É simplesmente uma questão prática. Ninguém vai obrigá-la a gostar de Walt Whitman ou Ezra Pound.
Aí chega o ápice da empáfia: "Agora é a hora dos que falam outras línguas lidarem conosco. Lidarem com o que nós escrevemos, com o que nós produzimos." Que pretensão esta senhora tem de ter produzido conhecimento tamanho que valha a pena alguém aprender português? O que é que essa alucinada tem que não pode perceber que se alguém no Brasil houvesse escrito algo importante, não seria imediatamente traduzido para línguas com impacto cultural muito mais significativo? Ninguém, e já falei inúmeras vezes, é compelido a ler "ciência" brasileira, se essa pessoa não tiver interesse específico pelo Brasil. Se o Brasil não tiver produção intelectual e científica cujo *tema* não seja o Brasil, pouquíssima gente vai se interessar. O Brasil não é um gigante cultural. Você pode passar anos estudando qualquer coisa *fora do Brasil* e nunca sentir necessidade de ler absolutamente nada em português. A não ser, é claro, que queira saber sobre... o Brasil. O português nunca foi uma língua internacional de cultura, nem de ciência. Nunca foi uma língua de prestígio. É uma língua internacional, sem dúvida; uma das mais relevantes no mundo, pelo seu peso demográfico, sem dúvida -- mas não passa disso. Estou desmerecendo o português? Não. Português, hindi, persa, tâmil, punjabi... O status de língua europeia não deveria ensoberbecer alguém a ponto de pensar que seria obrigação de alguém no Hindu Kush aprender português para ler as verdades universais que ela proclama.
Na mosca, Youssef!
ExcluirA Chauí deveria ler o excelente artigo de Rodriguez Pereyra em defesa do inglês como língua de publicação da filosofia: http://www.philosophy.ox.ac.uk/__data/assets/pdf_file/0003/27444/Language_of_publication.pdf
Uma discussão sobre o tema envolvendo filósofos espanhóis pode ser encontrada aqui: http://cervantesobservatorio.fas.harvard.edu/sites/default/files/compilation_of_dialogo_texts_2.pdf. Várias desculpas esfarrapadas para não usar o inglês são oferecidas, algumas similares às de Chauí.
Parabéns pelo blog, sempre que posso acompanho seus post.
ResponderExcluirAtt. Seguro de Vida
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Grato pelo apoio.
Excluir(Usando o argumento da autoridade aqui) Schopenhauer disse, lá no séc. XIX (parafraseio): há os escrevinhadores que "escrevem" sem pensar – estes são significativa maioria; há os que pensam enquanto escrevem – em número menor, mas significativo; e há os que pensam antes de escrever – minoria das minorias. Em qual categoria se enquadram Chauí, de Carvalho e tantos outros?
ResponderExcluirHello people !
ResponderExcluirO livro "Fundamentação da Ciência Espírita", do engenheiro mecânico Carlos Friedrich Loeffler, dá uma definição de axioma idêntica à de Chauí:
ResponderExcluir"É uma proposição ou afirmação considerada evidente, e por isso elementar. Cabe aqui uma observação: enquanto os conceitos primitivos são completamente básicos, os axiomas envolvem algum raciocínio lógico, resultando na composição de conceitos primitivos.
São muito comuns na matemática e na física: a reta é o conjunto de pontos linearmente dispostos; momento de uma força (seu propósito de fazer girar) é o produto desta por uma distância perpendicular à sua linha de ação. São ideias tão fundamentais, que não se consegue aventar um outro sentido a seu respeito. Pode-se perceber que são abundantes também em outras disciplinas, como na pedagogia: “todo aprendizado envolve uma mudança intelectual”. Também no cotidiano existem axiomas de tipos diversos: “todos os seres vivem”. No espiritismo é muito famoso o axioma “não há efeito sem causa”, usado na abordagem da questão da existência de Deus.
Os axiomas, por serem evidentes, não carecem de demonstração matemática ou prova e, assim, não podem ser contestados. É comum se partir de uma série de conceitos primitivos e de axiomas, em direção a proposições mais elaboradas."
E define postulado assim:
"Proposição reconhecida ou estabelecida, mas ainda não comprovada. O termo é usado basicamente na matemática e na lógica. Não é de simples aceitação como o axioma, ou seja, não é evidente, exigindo-se um certo nível de abstração mental para seu entendimento. Evidentemente, esta questão sobre ser ou não evidente é subjetiva, podendo gerar alguma divergência.
Os postulados de Euclides (às vezes também considerados como axiomas) são os mais famosos que existem; compõem a base da geometria tradicional. O seu quinto postulado é uma das afirmações mais discutidas da história: afirma que “duas retas paralelas se encontram no infinito”. A matemática avançada veio a derrocá-lo, retirando seu status de postulado, considerando a existência dos espaços curvilíneos, cuja realidade a física moderna veio a confirmar neste século. Todavia, para as aplicações cotidianas, tridimensionais e retilíneas, com as quais a mente está habituada a raciocinar, a afirmação exposta é certamente classificável como una postulado."
Na seção "Sobre o autor" diz-se que ele ministrou as disciplinas de matemática superior e elementos de contorno, entre outras.
Enfant Terrible
ExcluirSó por curiosidade, qual é o seu interesse em um livro sobre espiritismo? Não me leve a mal. Nada tenho contra espíritas. Jamais conheci um espírita kardecista que fosse doutrinário. Sempre são pessoas muito tranquilas. Mesmo assim fiquei curioso.
Estou tentando entender por partes... Sério. Qual a relação da pedagogia e reta do pensamento? Piaget? Mudanças intelectuais é Thomas Khun... Allan kardec queria uma "união" das ciências com o espiritismo... Auguste Comte também queria algo, mas além disso...
ExcluirQual o seu conceito de conceito e axiomas?
Fiquei confuso...
Essa obra é apresentada do seguinte modo: "O propósito desta obra é estabelecer uma metodologia científica ampla de abordagem dos problemas naturais, particularmente questões ligadas à dimensão espiritual humana, em que não apenas a abordagem experimental, mas também a observacional e a matemática sejam consideradas. Cabe destacar que essa abordagem mais genérica não é apenas conveniente é a mais moderna, poderosa e coerente. Embora a ciência espírita seja exercida principalmente pela abordagem observacional, devido aos caracteres de seu objeto de análise, nela existem procedimentos experimentais e resultados de pesquisas de laboratório que compõem seu acervo de conhecimentos." Fiquei interessado em ver a proposta do autor. O livro não é de todo ruim, mas tem muitas falhas. Interessa-me de maneira geral ver os livros sobre ciência à disposição do público leigo, tanto para aprender com eles, como para submetê-los à crítica por mim e por outros.
ExcluirEstevan
ExcluirPara ficar claro, você está questionando apenas Enfant Terrible, certo?
Oi Adonai,
ExcluirNa verdade não é bem um questionamento... É apenas uma pergunta.
Sim, para o Enfant.
Em 1995 publiquei na Folha de São Paulo o artigo "Convite à Filosofia?" (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/5/01/caderno_especial/18.html).
ResponderExcluirA Marilena Chauí publicou uma réplica e em seguida a FSP publicou minha tréplica. Estes artigos podem ser encontrados com um "google search".
O meu primieiro artigo encontra-se em
Professor Waldyr Rodrigues
ExcluirÉ uma grande satisfação contar com a sua colaboração neste blog. Tomei conhecimento de sua crítica ao trabalho de Chauí logo depois da publicação desta postagem. Excelente trabalho o seu, muito mais detalhado e profundo do que esta postagem.