sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Assessor ou Lobista?
Na noite do primeiro dia deste mês assisti a uma palestra do economista Claudio de Moura Castro na Universidade Positivo. Este conferencista, aparentemente considerado um dos cem melhores do país, é Mestre em Economia pela Yale University e Ph.D. pela Vanderbilt University. Foi professor da Fundação Getúlio Vargas, da PUC do Rio e professor visitante em instituições como a University of Chicago e Université de Genève. Tem uma coluna quinzenal na Revista Veja e é assessor da Presidência do Grupo Positivo. Já publicou dezenas de livros e centenas de artigos em periódicos especializados de economia e educação. Como o tema da palestra era educação, fiquei empolgado. Sentei na primeira fileira do auditório.
Mas a profunda decepção foi quase imediata. Não foi fácil ficar até o final. Mas fiquei.
Já causou espanto a advertência de que a palestra não poderia ser gravada. Por que? Educação é algo que deve ser compartilhado somente entre uns poucos? Ou existe algum medo de que as ideias ali colocadas vazassem para fora da Universidade Positivo? Foi a primeira vez que vi uma palestra em uma universidade cujo conteúdo não poderia vazar para fora da instituição. Várias palestras e aulas minhas foram gravadas em vídeo, tanto no Brasil quanto no exterior. E nunca me importei com isso.
Em seguida ele esboçou a ideia principal da exposição. A revolução da educação, segundo Claudio de Moura Castro, deve ser travada em sala de aula. O conferencista ignorou por completo o fato de que educação está intimamente conectada com inúmeros outros nós da complexa rede social, como família, Governo Federal, governos estaduais, sindicatos, associações, mídia, estrutura sócio-econômica do país e dos estados e municípios, segurança, saúde e justiça.
A partir dessa premissa, e contando anedotas que incluíam a gigantesca foto de uma bunda, Castro apontou uma série de ideias mal qualificadas. Uma delas é a de que quanto mais uma pessoa estuda, mais ela sabe. E segundo este economista de insólitas ideias, não existem provas contrárias.
Como pode um profissional, com boa experiência internacional como a dele, defender algo assim? Um dos pontos que mais insistimos neste blog é justamente sobre os sistemáticos erros perpetuados no ensino de matemática de nossa nação. Ou seja, em muitos casos, quanto mais se estuda, menos se sabe. Ver, por exemplo, as postagens sobre trigonometria, como ler livros de matemática e 2+3=5?.
Castro também combateu a aula tradicional, sendo que em nenhum momento qualificou o que entende por este conceito. E o perturbador é que o conferencista também não abriu espaço para a platéia se manifestar durante a exposição. Ou seja, somente ele falou durante mais de uma hora. É essa a ideia de exposição não tradicional? Ou será que basta projetar em telões imagens com frases carregadas de erros de português, alguns rostos de cientistas famosos e uma bunda, para caracterizar uma aula não tradicional?
Mas não foi apenas o conferencista que me despertou atenção. A plateia também. Com exceção de duas pessoas, todas as demais estavam sentadas a partir da quarta fileira de poltronas. Havia um vácuo físico (e, consequentemente, psicológico) entre conferencista e ouvintes. Por que? Medo de se aproximar? A maioria das pessoas ali presentes eram professores da instituição. Por que se comportam como alunos que sentam perto da porta, para poderem sair o quanto antes?
Ao final da palestra, o mestre de cerimônias finalmente abriu espaço para perguntas. Imediatamente ergui a mão. Ele viu, mas ignorou. Talvez o fato de eu ser um desconhecido na casa, e estar logo à frente, tenha intimidado aquele cavalheiro. Mas como ninguém mais se manifestou e ainda insisti em meu gesto, o microfone foi passado para mim.
Cumprimentei Castro com um simples "boa noite" e ele simpaticamente respondeu. Em seguida expliquei que tive vontade de interrompê-lo inúmeras vezes para fazer várias perguntas, mas que não houve oportunidade. Então decidi perguntar apenas uma coisa: levando em conta que a educação faz parte de uma elaborada rede social (incluindo aqueles nós que já mencionei acima) como pode a revolução da educação ser travada apenas na sala de aula? Afinal, a prática mostra que professores, sozinhos, não podem alavancar revoluções sem o apoio de outros segmentos da sociedade, incluindo os donos de escolas, no caso de instituições privadas de ensino.
Castro fez nova brincadeira, dizendo que se o Governo Federal puder atrapalhar a educação, ele atrapalha. Em seguida começou a discursar algo muito confuso que lamentavelmente não tenho gravado. Ao final daquela verborreia apenas confirmei: Ou seja, você não vai mudar de ideia.
Castro demonstrou não gostar do que eu disse, mas reafirmou que a revolução na educação deve ser travada em sala de aula e apenas lá. Neste caso eu lhe disse que não tinha mais perguntas.
O mestre de cerimônias novamente abriu espaço para mais questões, mas aqueles trezentos professores ficaram em absoluto silêncio. Nem na Universidade Federal do Paraná vi tão pouca participação. Foi realmente um assombro.
Logo depois conversei com uma simpática professora da Universidade Positivo. Ela me perguntou que tipo de trabalho é o de Castro naquela instituição. Oficialmente ele trabalha como assessor da Presidência do Grupo Positivo. Mas o que exatamente ele faz?
Naquele instante eu não sabia responder. Mas depois, em casa, finalmente compreendi. Pelo menos naquele momento o tal do assessor do Grupo Positivo atuou como um lobista.
Não estou afirmando que ele é um lobista. Estou apenas afirmando que agiu como se fosse.
Castro não demonstrou preocupação séria com a educação brasileira. O que ele fez foi expor aquilo que a instituição espera de seus professores. Em outras palavras, Claudio de Moura Castro afirmou simplesmente que a responsabilidade da educação está nas mãos de profissionais como aqueles funcionários da Universidade Positivo e ninguém mais. Ponto.
Mas o que este conferencista não percebeu é que sua atitude é uma faca de dois gumes. Afinal, de acordo com o dicionário Houaiss de língua portuguesa, lobista é aquele que exerce "atividade de pressão de um grupo organizado (de interesse, de propaganda etc.) sobre políticos e poderes públicos, que visa exercer sobre estes qualquer influência ao seu alcance, mas sem buscar o controle formal do governo."
Como professores, em geral, não são políticos (no sentido estrito do termo), tomo a liberdade de interpretá-los metaforicamente como um potencial poder público. Mas isso somente pode acontecer se essa classe verdadeiramente se unir. E uma das formas disso acontecer é através da concepção de um Conselho Nacional de Docentes e seu consequente código de ética.
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Caros
ResponderExcluirMinha intenção era esperar bem mais, antes de postar algo novo por aqui. Mas esta palestra de Castro me perturbou bastante, principalmente levando em conta a forte influência política dele.
Professor, achei perfeitas as colocações! O ditado antigo: "Educação vem de casa!", é uma primeira tentativa de mostrar como é complexo o processo do aprendizado; não resta a menor dúvida que o conjunto das experiências do indivíduo é que vão fazer amadurecer a compreensão de mundo e seus papéis sociais, ao meu ver, função primordial da educação. Cursinhos e escolas particulares sabem que conforme houver uma recuperação da qualidade da escola pública perderão seu filão de ouro; outrossim transferir ao docente a responsabilidade é uma prática econômica fácil de ser tomada, mesmo porque existem muitos professores que não preparam aulas por fatores normalmente ligados à própria cultura da organização onde exercem a função.
ResponderExcluirSem dúvidas, a desunião da classe é um dos principais motivos pela sua desvalorização socio-econômica, ainda mais quando a má fé de lobistas se apropriam do espaço vácuo deixado pelo sindicato dos professores. No Paraná TV desta quarta-feira ficou claro como o sindicato é alheio, desinteressado e mal informado quanto às relações do Governo do PR e seus professores, ao questionarem se seriam ainda chamados os professores aprovados no concurso de 2007, detesto esta brecha legal que permite o PSS havendo concursados e ainda mais, a que permite a prorrogação da validade do concurso. Enfim, um Conselho provavelmente possa ser a melhor forma de aglutinar as forças dos professores; adorei a idéia!
Adonai
ResponderExcluirEmbora Castro seja considerado, ao menos pelos mais liberais, como uma das figuras mais proeminentes(?) da educação brasileira, não dá para levá-lo a sério quando se trata de futuro da educação. Ele é autor do "genial" conceito (que o governo FHC tentou levar adiante, já que ele era também um dos mais influentes formuladores de políticas de educação para aquele governo) de que algumas instituições de ensino deveriam ser selecionadas para se transformarem em centros especializados, tipo superuniversidades, onde se conduziriam pesquisas de ponta, enquanto todas as demais universidades deveriam se restringir em formar mão-de-obra qualificada para o mercado. Nesse sentido a expansão do ensino privado deveria ser ainda maior (não por acaso ele é consultor de um dos maiores grupos privados de educação do país)).
A história recente, com os exemplos da Finlândia e surpreendentemente da China (campeãs no ìndice de avaliação educacional da Onu) nos demonstraram justamente o contrário. Educação pública, de altíssima qualidade, e massiva. Isso está dando certo nesses países. O nossos mistão (educação pública de péssima qualidade nos anos inciais, educação pública de qualidade mediana nas universidades para poucos) não está dando certo...
Caro Adonai,
ResponderExcluirAcho que tive mais sorte do que você: ontem assisti uma palestra do prof. Ricardo Rossato. Totalmente acessível. Quanto a Claudio Moura Castro, não o conheço pessoalmente, mas também já tive minhas decepções com ele.
Pois é, Alex, Carlos e Alvaro
ResponderExcluirEu já havia lido algumas das esquisitices de Castro em sua coluna na revista Veja. Por descuido meu acabei ignorando a grande influência desta estranha personalidade em nossa educação. Mas ficarei mais atento de hoje em diante. Em breve devo remeter esta postagem para ele mesmo. Seria interessante ter uma resposta.
Bem, não me assombro. A coluna desse senhor na Veja tem esses disparates continuamente. Na verdade, deixei de ler há muito tempo essa revista, devido às escolhas que faz (colunas, repostagens fotos, notícias...). Claudio de Moura Castro é, sem dúvida, uma daquelas pessoas que fala de Educação de forma simplista, superficial, sem compreender nada sobre o assunto...
ResponderExcluirGEANE
ResponderExcluirJá enviei esta postagem ao próprio Castro. Também deixei um link na página facebook da Universidade Positivo. O próximo passo será a revista Veja, apenas para tomarem ciência. Mas assumo o compromisso de investigar melhor esse economista e suas ideias sobre educação.
Caro Adonai,
ResponderExcluirJá tive a oportunidade de topar em palestras e leituras com muitos "teóricos da educação" de nosso País, inclusive o Sr. Castro. Minha decepção e indignação com a superficialidade, e o que é pior com a verborragia, só tem aumentado. Estes teóricos são lidos e aplaudidos em muitos cursos de licenciatura e pedagogia. Nós não temos "Paulos Coelhos" só na literatura, mas também na educação. Não é a toa que nosso ensino se encontra em estado deplorável.
Adonai,
ResponderExcluirRelendo seu texto me ocorreu um possível paralelo entre a disciplina da microeconomia e a sugestão de que a revolução da educação comece em sala de aula. Antes da crise de 30 os economistas acreditavam que a microeconomia, que explica as relações de compra e venda entre indivíduos, também explicaria as relações macroeconômicas. Assim, as micro-demandas e micro-ofertas, que estão sempre em equilíbrio, gerariam demandas e ofertas agregadas, também em equilíbrio. Este fato que seria suficiente para garantir o crescimento econômico. Mas daí veio a crise e mostrou que algo estava errado. Keynes, que praticamente inventou a disciplina da macroeconomia moderna, mostrou posteriormente que a demanda e a oferta agregadas poderiam, em algumas situações, atingir uma situação de equilíbrio, porém com recessão.
Talvez nosso amigo economista esteja tentando resolver de maneira "microeducacional" um problema que é essencialmente "macroeducacional".
Alvaro
ResponderExcluirTenho a impressão de que você está subestimando Castro. Com a experiência nacional e internacional adquirida, acho um erro considerá-lo ingênuo. Castro me parece mesmo alguém que se corrompeu. Seu julgamento aparentemente parte do pressuposto de que esse economista é honesto. Mas não me parece ser o caso.
Adonai,
ExcluirQuando falei sobre decepção com Castro (no meu primeiro comentário), eu me referia à postura não muito intelectual dele em alguns artigos (e.g., http://veja.abril.com.br/210410/construtivismo-destrutivismo-p-024.shtml). Sua hipótese é bem mais forte e vai por outro lado. No momento, contudo, confesso que não tenho argumentos para saber o que dizer sobre ela.
Gilson
ResponderExcluirVocê sabe se alguém já tentou desmascarar Claudio de Moura Castro? Não é possível que ninguém neste país tenha percebido tamanho absurdo.
Caro Adonai,
ResponderExcluirnão tenho acompanhado de perto quase nada a respeito, entretanto, já ouvi da Prof.ª Maria Madselva, aqui do Dep. de Pedagogia, que ela já teria polemizado um bocado com o Sr. Castro. Da última vez que participei de seminários na área educacional (aqui em Curitiba) foi um desastre, inclusive com a participação de autores aclamados, como Ruben Alves. O melhor que vi em educação nos últimos 5 anos foi um médico e um matemático. É incrível que pessoas que não tenham formação específica em pedagogia possam dizer algo mais consistente e interessante na área, não acha?
Adonai, pelo seu relato, incluindo o fato dele ser colunista da Veja, acho que podemos concluir que o palestrante não está interessado em ajudar a resolver os problema da educação brasileira mas sim em defender o status quo fora de sala de aula.
ResponderExcluirHá um texto de Cláudio de Moura Castro, de 1999, no qual ele faz uma análise sobre as possíveis causas do sucesso educacional cubano em relação aos demais países da América Latina. Ao final do texto há uma passagem que chama a atenção por mostrar discrepância fundamental com a idéia expressa por ele na palestra. Tal passagem é a seguinte:
ResponderExcluir“Quais são as lições [de Cuba] que poderiam servir para os outros países latinos americanos?
(...) 6- Finalmente, há a política de valorização social da educação, aumentando a consciência pública do que acontece nas escolas e envolvendo a sociedade nesse apoio. (...)"
Parece-me claro que “envolver a sociedade nesse apoio” é incompatível com a atual idéia reducionista do economista segundo a qual a revolução na educação deve ser travada em sala de aula e só lá.
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/cub02.htm
Filogmaica
ResponderExcluir"É incrível que pessoas que não tenham formação específica em pedagogia possam dizer algo mais consistente e interessante na área, não acha?"
Não sei quanto ao Adonai, mas a mim isto já não surpreende devido a uma série de experiências negativas que tive com relação a educadores e pedagogos durante minha época de estudante!!!!!
Por exemplo, com exceção de 2 disciplinas (uma de natureza administrativa e outra da Psicologia), todas as demais disciplinas que tive na licenciatura e que eram vinculadas à Educação foram um verdadeiro fiasco!!!!!!
Em Metodologia de Ensino, só se sabia falar mal do modo atual e tradicional como os professores lecionam e raramente era proposto algo para melhorar estes supostos erros nos moldes tradicionais do ensino. E, quando isto ocorria, não eram propostas soluções práticas, diretas e imediatas que pudessem ser diretamente aplicadas em sala de aula!!!!!
Em outras palavras, era muita crítica, muita teoria e pouca solução prática e efetiva, o que acabava por não contribuir o bastante para a realidade propriamente dita, enfrentada pelos professores!!!!!
Em Didática, passamos a maior parte do ano montando um portfólio, recortando e colando notícias de educação que saíam na mídia. Nenhum material nos foi sugerido para ler e pesquisar a fundo os possíveis métodos alternativos para ensinar, abordar um tema sob diferentes óticas e modos diferentes de ensinar.
Apesar de ter sido abordado na disciplina, somente quando fui participar de um treinamento para recenseadores do IBGE, em 2010, que pude aprofundar um pouco mais sobre métodos alternativos como aula dialogada, dinâmicas de grupo, aulas expositivas e aulas demonstrativas devido a esta ênfase dada pelo manual do IBGE para treinamento dos recenseadores, sendo que esta tarefa de aprofundar estes temas deveria ter sido na disciplina de Didática, na própria universidade!!!!!!
Somente em 2011, quando fui participar de um curso de capacitação particular para professores, é que ouvi pela primeira vez sobre a importância de prestar atenção no tom de voz para manter os alunos motivados, qual a postura correta que o professor deve adotar ao escrever no quadro, a importância de olhar para todos na classe quando se explica algo, a importância de se deslocar de vez em quando de um lugar para o outro em frente ao quadro para manter os alunos atentos, etc.
Todos estes comportamentos (ao meu ver ridículos e sem a menor importância pois desde cedo eu me preocupava mais com o conhecimento em si do que com a postura do professor em sala de aula) parecem influenciar no ato de "prender a atenção" dos alunos em sala de aula, visto que parece que a maioria dos alunos estão mais preocupados com a apresentação física do docente do que com o conhecimento que ele tem para compartilhar.
E nada disso foi-me dito na licenciatura e infelizmente "senti isto na carne" quando tentei assumir minha primeira turma!!!!!
Foi necessário um curso de capacitação para que eu pudesse sequer ouvir falar disso!!!!!!
CONTINUA
Por exemplo, vc pode ser o melhor professor que um aluno poderia ter, mas se sua voz, mesmo que remotamente, lembrar algo como uma risada de hiena o grau de atenção dos alunos para com aquilo que o professor está ensinando já não será mais o mesmo e a chance desse professor manter o devido controle de turma já se torna menor, mesmo que ele consiga manter o controle!!!!!!
ResponderExcluirAlém do mais, nunca vi tamanha cultuação às ideias de Paulo Freire como vi no meu curso de licenciatura. Os pedagogos e educadores agem como se ele fosse um deus da Educação e se apoiam quase que invariavelmente na ideia da "Pedagogia do Oprimido", na qual tem-se a visão do professor quase como um ditador e opressor e o aluno como a eterna vítima do processo de ensino-aprendizagem!!!!!!
Parecem ignorar completamente que a culpa da falha no ensino não se restringe ao professor, que a família possui um papel crucial na formação do indivíduo, que os alunos não podem ser tratados de forma generalizada como anjinhos barrocos ávidos por conhecimento, que existe sim a falta de interesse e a indisciplina proposital, que existe sim a rebeldia e que existe sim a desestruturação familiar que contribui para alguns dos fatores anteriormente mencionados!!!!!
Por fim, na disciplina voltada para o estágio em docência, o máximo que pude chegar de assumir uma turma foi a atividade de monitor.
Quando conversei sobre isso com minha namorada, que fez licenciatura em Letras na Unicentro, ela me disse que lá os estagiários assumiam efetivamente uma turma e lecionavam nela durante, pelo menos, um mês inteiro ou às vezes um semestre, inclusive planejando aulas, aplicando aulas e executando avaliações!!!!!
Já na minha licenciatura, sequer podíamos assumir uma turma por um período mínimo que fosse e, muito menos, passar semanas inteiras lecionando diretamente para uma turma!!!!!
Foram apenas quatro os momentos do ano letivo de 2005 em que pude passar os 50 minutos de aula discursando para os alunos, sendo que duas dessas quatro aulas foram atividades em laboratório!!!!!!
No restante do ano letivo, apenas pude atuar como monitor, assistindo às aulas da professora titular e eventualmente sanando uma ou outra dúvida de algum dos poucos alunos interessados!!!!!!
Além disso, as pedagogas que atuavam na escola onde fiz estágio na época só sabiam dar broncas e criticar os métodos de ensino da professora titular e quando esta última colocava algum aluno bagunceiro para fora da sala de aula, as pedagogas simplesmente mandavam os alunos de volta, anulando completamente a autoridade da professora, que foi sendo cada vez menos respeitada pelos demais alunos até praticamente querer sair daquela escola!!!!!
Tenho muitas outras experiências ruins para compartilhar com vcs, experiências estas que tive com alguns educadores e pedagogos "puros", mas que não cabe comentar aqui, pois fugiria muito do assunto central do tópico e daria quase um livro, além de que quando penso e lembro disso, fico com tanta raiva que posso acabar me perdendo nas palavras.
No mais, posso dizer que também tive algumas poucas e boas experiências com educadores e alguns pedagogos mais lúcidos e esclarecidos e que renderam bons frutos!!!!!
Entretanto, coincidência ou não, estes poucos bons pedagogos que conheci também eram formados em áreas como Engenharia Civil, Física, Matemática e Educação Física.
Ainda não tive a sorte e a oportunidade de conhecer um único educador ou pedagogo "puro" com uma visão ampla e abrangente da Educação, como vejo em outras pessoas que não são diretamente da área da Educação!!!!!!
Não quero dizer com isto que não existam tais pessoas, pois provavelmente existem. No entanto, eu, particularmente, ainda não tive a oportunidade de conhecer alguém assim!!!!!!!
Com relação ao tópico como um todo, uma frase de efeito que ao meu ver incomoda bastante ao ponto de me provocar desprezo o suficiente para sequer ler o livro do cidadão é aquela:
ResponderExcluir"Se a boa escola é a que reprova, o bom hospital é o que mata"
de um educador brasileiro chamado Hamilton Werneck!!!!!!
Mesmo na hipótese do livro dele mostrar-se coerente (o que não faço ideia pois não li e dificilmente pretendo ler), não me parece nada justo (ou mesmo honesto) usar uma frase de efeito mesquinha, tosca e mal-elaborada como alguma jogada de marketing ou algo do gênero para atrair leitores e/ou seguidores, pois no título da obra sequer é possível uma chance de qualificar o que o autor quer dizer com isso, visto que a finalidade do título de uma obra não é o de discutir e qualificar algo, mas apenas dizer do que se trata a obra!!!!!
Tenho a impressão de que esse cidadão Werneck é absolutamente contra toda e qualquer necessidade de reprovação de alunos, apesar de não poder afirmar isto de modo absoluto, pois nunca li a obra dele.
No entanto, é justamente isto que a frase de efeito que ele usa deixa a transparecer, ou seja, que a reprovação é, por definição, uma atitude injusta, descartável e reprovável em qualquer situação que seja!!!!!
Leandro
ResponderExcluirO melhor livro sobre didática que já li (o qual inclui soluções práticas em sala de aula) foi escrito por um analista. E uso o termo "analista" para me referir àquele que estuda e pesquisa sobre análise matemática. É o livro How to Teach Mathematics, de Steven Krantz. E o curioso é que Krantz não é especialista em educação. Fortemente recomendo a leitura desta obra, a qual é mencionada em
http://adonaisantanna.blogspot.com/2010/07/manual-ilustrado-da-docencia.html
Faltou você citar que havia pouca azeitona na empada durante o coffee break...
ResponderExcluirPessoas tem opiniões diferentes e não tem a solução para todos os problemas do mundo. É lógico que ele enfatiza um ponto, não excluindo os demais.
Se quer estar lá na frente discursando um dia, dedique "mais horas bunda na cadeira"! E, por favor, discuta o assunto sem atacar a pessoa. Desqualificá-lo publicamente não lhe dá a razão da discussão.
Oi, gente
ResponderExcluirNormalmente não permito a veiculação de comentários desqualificados por aqui. Mas este vale a pena mostrar. Ilustra o nível de pelo menos uma das pessoas que defendem Castro.
Vale observar que não fiz ataques pessoais ao palestrante. Apenas afirmei que ele foi terrivelmente infeliz e pouco inteligente em sua exposição.
Espero que outras pessoas que discordem de meu texto tenham a integridade de se identificarem.
Adonai
ResponderExcluirO Cláudio de Moura Castro tem conhecimento dessas críticas acerca dos comentários e opiniões manifestadas por ele na palestra?????
Ou seja, ele sabe que vc escreveu este texto criticando os argumentos dele e expondo a imagem dele?????
Particularmente, não vejo maiores problemas em criticar os argumentos defendidos por alguma determinada pessoa, mas se isto é feito nominalmente, creio que seja de bom tom que a pessoa que proferiu os argumentos, alvos da crítica, tenha conhecimento deste blog e desta postagem, para que ele tenha também o seu direito de réplica e de defesa de seus argumentos, mesmo que vc não tenha necessariamente um código de ética formalizado a cumprir!!!!!
Do contrário, isto poderia caracterizar (ou ao menos dar a impressão de) uma falácia lógica conhecida como "falácia do espantalho", pois em princípio não temos como saber se de fato o Cláudio Moura Castro realmente defendeu estas posições, em que contexto, com que sentido, o que de fato ele quis dizer.
A única informação de que dispomos são suas palavras e nada mais acerca do que ele discursou na palestra.
Por isso, acredito que seria de bom tom se o próprio Castro tivesse a oportunidade de se manifestar por aqui ou que, pelo menos, soubesse da existência das críticas dirigidas aos argumentos usados por ele, até como uma forma de não passar a impressão de se tratar de uma "falácia do espantalho"!!!!!!
Senão, outras pessoas podem acabar assumindo que vc estaria, de fato, aplicando a "falácia do espantalho" (mesmo que elas estejam erradas em suas conclusões), uma vez que elas teriam a impressão de que vc estaria desqualificando os argumentos de Castro sem permitir que ele retrucasse ou talvez alterando o que ele teria afirmado de fato, com o intuito de vencer a argumentação.
CONTINUA
As pessoas que (talvez erroneamente) concluírem isso certamente não darão mais credibilidade a suas palavras e ficará mais difícil ainda para vc cumprir seu objetivo de tentar melhorar a Educação no Brasil e lutar por um futuro melhor!!!!!!
ResponderExcluirTalvez tão importante quanto a natureza daquilo que vc defende, acredita e tem consciência da veracidade de seus pensamentos, é o modo como vc irá comunicar para as pessoas.
Isto certamente influi decisivamente no comportamento de muitas pessoas em termos de decidirem se vão ou não levá-lo a sério!!!!!!
Claro que as pessoas podem estar equivocadas ou exageradas ao agirem de modo tão radical desse jeito, mas é justamente aí que entra a arte do bem comunicar-se!!!!!
O bom comunicador usa a própria ignorância e desconhecimento das pessoas para inserir seus ensinamentos e, com isso, conseguir que se obtenha algum efeito desejado, sem que passe pelas cabeças delas que vc não mereça nenhuma credibilidade!!!!!!
Antes isso do que as pessoas simplesmente concluírem (mesmo que erroneamente e de forma equivocada) que vc usou a "falácia do espantalho" e que não merece absolutamente nenhuma credibilidade por aquilo que argumenta!!!!!
Se vc não se preocupar com a comunicação e sutilezas desse processo, muitas pessoas simplesmente olharão para vc como mais um "sem noção" dentre outros verdadeiramente sem noção que existem na sociedade e vc não conseguirá atingir seus objetivos com a melhor eficiência possível!!!!!
Eu não costumava me preocupar com a comunicação, até que minha psicóloga e minha psiquiatra começaram a me mostrar como os diferentes modos de comunicação acabam, infelizmente, influenciando os padrões comportamentais das pessoas!!!!!!!
É lastimável que isto aconteça, pois eu sou um, por exemplo, que sempre procurei não dar a mínima para o modo como as pessoas comunicam suas ideias, já que sempre valorizei muito mais a ideia em si do que o modo como a ideia era comunicada.
No entanto, infelizmente as pessoas não conseguem apenas prezar pela ideia e filtrar o resto (como as bobagens acerca do modo como ocorre a comunicação).
Como a Sociedade é formada majoritariamente por pessoas que não conseguem apenas manter o foco na ideia em si, então pessoas que sabem prezar pelas ideias e desconsideram bobagens acabam sendo uma minoria que forçosamente tem que acabar se adaptando (pelo menos o suficiente para ser ouvido) a esta patética e degradante maioria, ou então acaba padecendo de vez.
Infelizmente as pessoas são assim e temos que lidar com isso!!!!!!
Leandro
ResponderExcluirCastro certamente já sabe sobre o conteúdo desta postagem já há algum tempo. Enviei e-mail para ele e para a revista Veja logo depois que postei este texto. Também divulguei este material em uma pagina da Universidade Positivo no facebook e em outras mídias. Ou seja, foi entregue a ele a chance de responder. Além disso, cerca de trezentos professores da UP estavam presentes durante a palestra, incluindo uma amiga minha. Até mesmo o Reitor estava lá. Se eu tivesse inventado alguma informação, haveria resposta imediata, ainda que fosse anônima. Mas observe que isso não aconteceu. Em nenhum momento qualquer pessoa tentou desmentir o que aqui escrevi. Fortemente recomendo que você não faça mais insinuações de que eu invente informações. Não se chama uma pessoa de mentirosa sem evidências convincentes.
Com relação a meios de comunicação, jamais promovi ataques pessoais a indivíduo algum aqui. E isso, para mim, basta como forma de comunicação eficiente. Afinal, o que busco aqui é oferecer informações com a maior precisão possível e, ainda por cima, interativas. São poucos os blogueiros que procuram responder a todos os comentários.
Complementando...
ResponderExcluirAcabo de verificar que um dos últimos acessos a este blog veio do site privativo http://correio2.positivo.com.br/gw/webacc. Ou seja, veio de um link de mensagens do Positivo. O endereço completo é http://correio2.positivo.com.br/gw/webacc/ebfea6886e286c9418f9a14fee3a953957fe362/GWAP/HREF/?action=Attachment.View&Item.Attachment.id=1&User.context=ebfea6886e286c9418f9a14fee3a953957fe362&Item.drn=79561z1z0
Adonai
ResponderExcluirEsta última mensagem sua foi muito importante e necessária para evitar possíveis desconfianças, uma vez que vc mencionou alguns dos links relacionados com visitas recentes efetuadas pelo pessoal do Grupo Positivo a este blog (o que contribui para provar o conhecimento deles acerca do material deste blog).
Quanto a possíveis insinuações, creio que haja uma diferença fundamental entre *acusar* alguém de estar sendo mentiroso e *suspeitar* que alguém esteja agindo por meio de mentiras.
Concordo contigo que para *acusar* alguém de estar sendo mentiroso, são necessárias provas convincentes disso. No entanto, para *suspeitar* de alguém, não são necessárias provas, mas sim algum tipo de padrão comportamental já pode ser suficiente para *suspeitarmos* de alguém!!!!!
Como não o conheço bem e seu padrão comportamental acabou tendendo para um caminho estranho, é natural que eu tivesse tido alguma suspeita em relação à veracidade do que foi exposto.
E tenho certeza de que não fui o único a desconfiar disso.
A diferença é que eu me expus e disse isso abertamente (já que vc mesmo afirma que devemos evitar de nos escondermos).
Provavelmente existem outras pessoas que tiveram a mesma desconfiança, mas que não comentaram nada por algum medo de se exporem.
Entretanto, a desconfiança inicial que tive sobre a veracidade de suas palavras imediatamente desapareceu após vc postar os links relacionados ao site privado do Grupo Positivo, com um forte indicativo de que eles conhecem, de fato, o conteúdo desse blog!!!!!
A sua última mensagem (com os links do site privado) foi de extrema importância no sentido de mostrar a transparência em suas atitudes e eliminar possíveis desconfianças que constituiam obstáculos para a aceitação plena do material aqui exposto!!!!!
Espero ter sido claro e transparente em minhas intenções!!!!!
Abraços.