sábado, 23 de fevereiro de 2013

"Professor pré-pago"



Recentemente divulguei na página facebook deste blog uma reportagem veiculada pela revista Veja sobre o 'professor pré-pago'. Trata-se de um serviço oferecido pela Apoio Escolar 24 horas. O processo é simples. O interessado compra um cartão, a venda em livrarias, e recebe um código. A partir deste código é possível acessar, via internet, material didático dos ensinos fundamental e médio produzido pela própria empresa, bem como outros textos concebidos por professores e divulgados em sites externos de instituições como a Universidade de São Paulo, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, entre muitas outras. O usuário tem ainda o direito de fazer vinte perguntas mensais (não cumulativas) sobre diversas matérias lecionadas no ensino básico, pelo período de um ano. 

Não resisti. Desembolsei R$ 99,00 e comprei um cartão. Afinal, levando em conta as infindáveis discussões sobre as tendências futuras do ensino a distância, é claro que eu precisava avaliar este serviço. 

No site da Apoio Escolar 24 horas consta que os serviços prestados são ideais para:

1) Pais sem tempo ou paciência para estudar com seus filhos.

2) Estudantes com notas baixas na escola.

3) Famílias que não podem arcar com professores particulares.

Portanto, esta empresa explicitamente se sintoniza com a desarticulação familiar. Afinal, faz parte de seu público-alvo aqueles pais que não têm paciência para estudar com seus filhos. 

Vale observar também que não está previsto o caso do estudante com notas satisfatórias ou boas, mas que gostaria de melhorar seu desempenho escolar.

Logo, a Apoio Escolar 24 horas sugere que seu público-alvo é simplesmente marginal, tanto do ponto de vista escolar quanto social. 

Em relação a conteúdos, avaliei principalmente a disciplina de matemática, com ênfase no ensino médio. Comecei com trigonometria, logaritmos, matrizes, conjuntos e funções. Examinei também alguns conteúdos de física.

De acordo com a Apoio Escolar 24 horas, a função seno é uma função da forma y = sen(x). Já li muito material medíocre sobre trigonometria, mas esta suposta definição para a função seno é certamente a pior que já vi. Afinal, nada foi definido. O autor deste material confunde gravemente conceito com notação. y = sen(x) é tão somente uma notação. De forma alguma isso define seno. Ou seja, a matemática continua sendo lecionada de forma puramente doutrinária e não racional. 

Em seguida aparece na mesma tela uma animação do círculo de raio unitário usualmente empregado para lecionar trigonometria. Este é um recurso típico de multimídias e uma das vantagens enaltecidas pelos adeptos do ensino a distância. No entanto, a animação novamente se sustenta em uma visão distorcida sobre o conceito da função seno em trigonometria, conforme já foi discutido anteriormente neste blog. Não importa se um desenho é impresso em papel ou animado em uma tela de computador, esta velha história de definir seno a partir de mera visualização é simplesmente uma aberração intelectual. 

Já a suposta conceituação de logaritmo é dada através de um exemplo com números inteiros. Em momento algum é esclarecido o domínio de aplicação de logaritmos. Logo, o estudante só pode se sentir perdido diante desta alegada conceituação. Para piorar, em seguida aparece um novo exemplo com a equação "2 elevado a x = 5". Isso sugere que o expoente x pode ser um número real, o que contradiz a bizarra conceituação dada anteriormente. Além disso, fica a questão: como definir 2 elevado a x quando x é um número real qualquer? Isso eu gostaria de ver.

O conceito amalucado de matriz como um quadro formado por linhas e colunas é novamente repetido, como ocorre em tantos livros e apostilas impressas deste país. No entanto, o primeiro exemplo de matriz apresentado tem entradas não numéricas. No lugar de números reais, são apresentadas entradas que são simplesmente nomes de disciplinas, como matemática, biologia e geografia. Fico pensando como se calcula o determinante desta matriz de disciplinas escolares. Portanto, a justificativa inicialmente apresentada para o estudo de matrizes, como é usual na literatura impressa deste país, não está em acordo com a álgebra matricial desenvolvida posteriormente (como adição, multiplicação e inversão de matrizes, entre outras operações). 

Partindo para uma segunda etapa, enviei algumas questões para o atendimento personalizado. 

Seguem abaixo as questões enviadas e suas respectivas respostas. Aproveito para comentar as respostas apresentadas.

Questão 1: Como se calcula o seno de 1,17 graus? Preciso da resposta com precisão de dez casas decimais.

Resposta 1: Você só pode obter esta precisão usando uma calculadora. Mas que aplicação você fará de sen 1,17º no Ensino Médio que demande tal precisão?

Comentário 1: O autor da resposta faz perceber que a calculadora eletrônica opera como uma espécie de oráculo que não demanda justificativa alguma. No entanto, é perfeitamente possível apresentar ao aluno de ensino médio pelo menos parte do processo empregado por calculadoras eletrônicas no cálculo aproximado do seno de quaisquer números reais. Além disso, o autor da resposta analisa a questão única e exclusivamente em termos de aplicações no ensino médio. Ou seja, temos aqui a eterna postura brasileira de justificar o ensino a partir de necessidades impostas pela própria rede de ensino. Matemática do ensino médio, na visão da Apoio Escolar 24 horas, não é útil para aplicações no mundo real. Matemática no ensino médio, para esta empresa, deve ser útil apenas para o próprio ensino médio.

Questão 2: Preciso de um exemplo de um conjunto x tal que todos os elementos de x são também subconjuntos de x.

Resposta 2: O genial Georg Cantor provou que nenhum conjunto X tem a mesma cardinalidade do seu conjunto das partes. Mas esta questão é bastante sofisticada e foge completamente do escopo do Ensino Médio, ok?

Comentário 2: A primeira afirmação não tem relação alguma com a pergunta. E a segunda afirmação é falsa. Segue um exemplo muito conhecido na literatura: x = {0,{0}}, sendo que 0 denota o conjunto vazio (conjunto que não tem elemento algum). Este conjunto x tem dois elementos: 0 e {0}. E cada um desses elementos é subconjunto do conjunto x. Basta utilizar os conceitos de pertinência e de subconjunto, usualmente lecionados no ensino médio.

Questão 3: No site de vocês está escrito que uma matriz é uma maneira especial de apresentar um conjunto. No entanto, um conjunto é definido apenas pelos seus elementos. A ordem em que esses elementos são apresentados é irrelevante. Já na matriz a ordem em que os elementos estão dispostos é importante. Que tipo de conjunto é a matriz? 

Resposta 3: Por definição, dados dois números inteiros positivos "m" e "n", chama-se matriz "m x n" a tabela formada por "m.n" números reais, dispostos em "m" linhas (horizontais) e "n" colunas (verticais). Sobre esta afirmação, preciso saber em que contexto ela apareceu. Em que material do nosso site você a encontrou?

Comentário 3: Aqui o autor da resposta demonstra claramente desconhecer os conteúdos apresentados pela empresa na qual ele trabalha. Além disso, uma matriz pode ser perfeitamente definida a partir da noção de conjunto. Mas não da forma como se apresenta no site.

Questão 4: Vi em alguns livros que número complexo, por definição, é um número da forma a+bi, sendo a e b números reais e i a unidade imaginária cujo quadrado é -1. Mas se o quadrado de i é igual a -1, então i não pode ser um número real. Portanto, como é possível multiplicar i por b? E como somar este resultado com a? 

Resposta 4: Expandimos nosso conceito de número na medida em que os números reais não são suficientes para certas operações. Esta expansão é feita criando-se a chamada "unidade imaginária" i, com a seguinte propriedade: i² = -1. Assim, chamamos de número complexo todo número na forma a + bi, em que a e b são números reais. Observe que se fizermos b = 0, teremos apenas a; ou seja, qualquer número real é também complexo. Dizendo de outra forma, o conjunto dos números reais é um subconjunto do conjunto dos números complexos. Para continuar o estudo, sugerimos o seguinte endereço: http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/medio/ncomplex/ncomplex.htm

Comentário 4: Aqui o autor da resposta simplesmente ignorou a pergunta. Aparentemente ele sequer entendeu o meu questionamento. Na usual notação a+bi para números complexos, tanto a quanto b e i são números complexos. Ou seja, as operações de adição e multiplicação que aparecem na notação acima são definidas entre números complexos. Temos novamente a perpetuação de outro erro comum na literatura tupiniquim. 

Questão 5: Qual é a diferença entre uma função e o gráfico de uma função?

Resposta 5: Dados dois conjuntos A e B, dizemos que uma relação entre elementos de A e B será função (função de A em B) quando todos os elementos de A estiverem relacionados a elementos de B, de tal forma que cada elemento de A esteja associado a um único elemento de B. Ou seja, a função propriamente dita é um tipo de relação entre dois conjuntos. O gráfico é apenas uma representação visual. Por exemplo, considere uma função f, de R em R, que associa a cada x o seu dobro acrescido de 3 unidades. De modo simplificado, escrevemos somente f(x) = 2x + 3. Já a representação gráfica de f será uma reta ascendente, inclinada em relação ao eixo das abscissas. Espero ter ajudado. Conte sempre conosco!

Comentário 5: Nesta resposta o autor não explica o que é uma relação. Portanto, não define função. Além disso, o gráfico de uma função é simplesmente um conjunto. Logo, não pode ser visualizado. Conjuntos não têm forma

Questão 6: Qual é a definição de força? 

Resposta 6: Temos intuitivamente a idéia de que é força toda vez que puxamos ou empurramos um objeto. Podemos afirmar que força é o agente físico capaz de movimentar, parar ou deformar um corpo. Exemplos de Forças: Uma pessoa chutando uma bola; Um caminhão puxando um carro por meio de uma corda; Um pugilista desferindo um soco em seu adversário. Esses são exemplos de força nos quais é necessário contato físico, sendo chamadas de "forças de contato". A força de atração gravitacional entre a Terra e a Lua ou a força de um imã e um pedaço de ferro agem mesmo à distância, sem a necessidade de haver um contato físico entre os corpos, sendo chamadas de "forças de campo". Devemos lembrar que todo o tipo de força deve ser representado através de vetores, pois é uma grandeza que só fica perfeitamente caracterizada quando se conhece seu módulo (ou intensidade), sua direção e seu sentido.

Comentário 6: Exemplos pontuais não caracterizam a definição de um conceito tão amplo quanto o de força. Logo, o autor não definiu força. Obviamente reconheço a considerável dificuldade para definir força em mecânica clássica. No entanto, este é um momento formidável para o professor exercer honestidade intelectual e admitir: eu não sei o que é força. 

Vale observar que todas as seis respostas que recebi foram assinadas em nome do mesmo profissional de ensino e enviadas em um intervalo de dez minutos, poucas horas depois que remeti as questões. 

Em suma, para aqueles que defendem o ensino a distância, posso dizer o seguinte. Se o nível intelectual do ensino a distância em nosso país for o mesmo praticado no cotidiano das escolas brasileiras, é claro que essa nova modalidade de ensino deve ser estimulada! Afinal, ela é bem mais barata. Não há sentido em pagar mais caro pelo mesmo nível de ignorância e preconceito.

Aproveito para avisar que encaminharei o link desta postagem para a Apoio Escolar 24 horas. 

30 comentários:

  1. Quando cheguei à questão 05, sinceramente, achei que não conseguiria ler o restante do texto. Mas ao concluir a leitura, confesso que senti uma necessidade imensa de falar com meu psicólogo.

    Duvida?
    Pois é, Adonai... Agora sim, posso dizer que estou deprimida!

    E agora?
    Tudo que aprendi (tudo=nada, pois não consegui responder a questão sobre conjuntos) deve ser esquecido completamente?

    Bem...

    Nunca acreditei no que é ensinado em sala de aula. Minha esperança estava nas apostilas, livros e... Sim, confesso... Acreditava no ensino a distância!

    Mas... E agora????

    Socorro!!!

    Vivo numa ignorância absurda e posso sentir o frio dessa miséria de conhecimento assombrando meus neurônios...

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    1. Raquel

      Faz parte do processo de aprendizagem mais profunda a dor causada pela ciência da ignorância. Pode crer que já passei e passo por isso todos os dias.

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  2. Como vc já sabe Adonai, (caso não tenha esquecido hehe), há 4 anos me oferecem propostas para fazer vídeo-aulas. Em todas me recusei e continuo recusando. Sou a favor de aulas PRESENCIAIS (apesar de estar em uma instituição que tem EAD e que de certa forma convida/"obriga" os professores a fazer EAD). Em poucas ocasiões lá no face ou aqui no blog, eu me pronunciei a "favor" destas aulas (nunca defendi EAD sem ser desta forma) porque acreditava que se as aulas fossem MUITO boas, com BOM atendimento, os alunos com "problemas" de ter aulas regulares em horários específicos e com professores ignorantes (como vc cita no blog e todos nós sabemos que existem), poderiam se dedicar por conta (autodidatas). Claro que eu imaginava que os professores que dão aulas EAD eram até piores que os de presencial. Pois um dos motivos que me levaram a sempre recusar as ofertas era (além do fato de meu lado idealista prevalecer e acreditar que posso dar mais atenção - na medida do humanamente possível, visto o número de alunos - em sala), era justamente o salário. Quem que tem estudo, anos de pesquisa, que escreve artigos, se sujeita a "gravar" aulas, receber um pagamento X e depois ter o material exposto por anos sem receber mais nada? E os direitos? Nunca concordei com isso. Então, já imaginava que apenas professores que não são bons aceitavam este tipo de proposta, visto que geralmente não conseguem se fixar em boas faculdades (novamente há exceções, pois conheci, e conheço, péssimos professores com erros grosseiros até de português em faculdades e universidades, quanto mais de conteúdo da disciplina). CLARO que eu até gravaria por conta e postaria em um "youtube da vida" (de graça) se eu soubesse que era para alunos carentes. Mas o aluno pagar por um material (imagine quanto estas empresas ganham) que ficará circulando com erros, por sabe-se lá quantos anos? E a fiscalização disso? Então, a ideia que eu tinha, e apresentava tanto lá no face quanto com amigos (como vc), é da possibilidade de EAD sim, MAS feito como o caso do professor de Stanford (que já assisti alguns vídeos), que foi gravado dando aulas para uma turma). Isso como COLABORAÇÃO ao ensino e pesquisa. Mas não SOMENTE EAD. Esta sempre foi minha ideia. Ainda acredito na possibilidade de melhoria do ensino!

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  3. Adonai


    Valeria a pena também vc investigar o funcionamento de empresas e indústrias, além dos ambientes escolares.

    Digo isto porque, não raramente, vejo muitas queixas de pessoas que se formaram, foram para o meio comercial/industrial e alegam não usar sequer 10% daquilo que aprenderam em suas graduações!!!!!!

    Isto aconteceria não por causa de não haver aplicações nestes outros contextos, mas simplesmente porque a estrutura organizacional das empresas seria engessada o suficiente para não permitir que sejam aplicados conceitos e conhecimento adquirido nas universidades, pelos profissionais oriundos do ensino superior!!!!!!

    São inúmeros os relatos de profissionais de ensino superior que conheço e que simplesmente afirmam que aquilo que estudaram apenas puderam utilizar para passar em concursos públicos sendo que, depois disso, a rotina da empresa já estaria pré-determinada e intocável, não sofrendo quaisquer alterações que fossem contra a rotina empresarial!!!!!!

    Eu mesmo, recentemente, quando fiz estágio em contabilidade ouvi de um contador com mais de 15 anos de experiência na área que, das 6 matérias que tinha no 1º ano do curso, apenas 1 era aproveitável!!!!!!

    Segundo ele, nem mesmo a Matemática Financeira era usada na Contabilidade, mesmo para um contador que trabalhasse em banco, pois todo o sistema computacional já estaria programado para realizar todo e qualquer cálculo, sendo que o operador sequer precisaria conhecer algo de Mat. Finan. para executar os procedimentos.

    De acordo com ele, apenas os altos executivos dos bancos precisariam de conhecimentos detalhados de Matemática Financeira para alguma coisa dentro do banco!!!!!!

    Minha tia, que é Engenheira Química de um órgão do governo e exerce essa função, igualmente afirma que no dia-a-dia dela não precisa usar quase nada do que estudou na faculdade para exercer o cargo!!!!!!

    Se tudo isso for de fato verdadeiro, imagino que fica bem desanimador e desmotivador querer estudar algo além daquilo que é mais prático para o dia-a-dia corriqueiro e talvez seja com base nessa premissa que esta escola que vc descreve aqui esteja oferecendo este serviço com esta qualidade tão baixa assim.

    Seria algo como: se a sociedade quer viver apenas do óbvio, façamos apenas o óbvio ou, no máximo, aquilo que é minimamente exigido por lei!!!!!!

    Talvez seja interessante vc também avaliar o perfil das empresas para verificar se a realidade delas está tão triste e deprimente assim, ou se são apenas casos isolados!!!!!!

    Seja como for, fica aqui a sugestão!!!!!!

    Abraços.

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    1. Leandro

      Minha sugestão é que mais pessoas promovam críticas como as que apresento. Não tenho condições de avaliar empresas e indústrias que não estejam diretamente ligadas à educação.

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    2. Ok, entendo.

      No entanto, se realmente a situação das empresas for justamente esse engessamento deplorável, vai ficar cada vez mais difícil convencer as pessoas a sair desse mar de ignorância, não acha?????

      Digo isto porque o que o brasileiro realmente quer (como vc mesmo já salientou em outras postagens suas) é tão somente um emprego e um carro na garagem, se não me falha a memória.

      Sendo assim, apenas atuando na filosofia engessada de empresas é que poderíamos conseguir algum resultado minimamente eficiente em termos de forçar as pessoas a querer se aprimorar, pois assim estaríamos "tirando o doce da boquinha delas", que é o emprego e o carro na garagem.

      Se o conhecimento mais profundo de Ciências (incluindo a Matemática), por exemplo, fosse algo exigido pelas empresas para a pessoa bem exercer seu ofício profissional, muito provavelmente teríamos, do dia para a noite, muito mais pessoas minimamente interessadas em se aprimorar e levar a sério para valer tudo aquilo que é postado aqui, por exemplo.

      Infelizmente, vejo que uma grande parcela de pessoas em nosso país somente é movida por seus míseros interesses materiais mesquinhos!!!!!!

      E, honestamente, não vejo como convencê-los de que não basta apenas um emprego, uma casa e um carro na garagem para que sejam pessoas melhores e mais completas!!!!!!

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    3. Portanto, os problemas que você aponta são culturais e não empresariais.

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    4. Eu ousaria pensar de maneira um pouco diferente.

      Muitas vezes, o que exercitamos, criamos e aprendemos, ao nos depararmos com determinada matéria, não é pura e simplesmente o conteúdo ("nunca mais usei aquilo que aprendi"), mas é (ou deveria ser), o próprio processo de aprendizagem, a crítica, o raciocínio e a lógica, que permitem construir analogias, elaborar conceitos e mais para frente, me permitam usar estas mesmas ferramentas, para trabalhar melhor, para aprender e dominar diferentes habilidades, para ser crítico em relação à diferentes cenários e propostas.

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    5. Mas tais problemas não se tornam também empresariais uma vez que os próprios empresários e pessoal do alto comando das empresas igualmente adotam esta filosofia mesquinha de míseros interesses materiais, tal como fazem as demais pessoas?????

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    6. Lívio

      Pudera mais gente percebesse a educação desta forma.

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    7. Leandro

      Certamente. Mas a raiz ainda é cultural e, portanto, mais profunda. Além disso, como afirmei anteriormente, não tenho condições de avaliar empresas quaisquer. Não tenho qualificação para isso e nem tempo e energia. Cada um deve fazer contribuições no escopo de sua competência. É o que tento fazer com este blog.

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    8. Lívio


      Como aplicar tais atitudes se geralmente os empresários, homens de negócios e afins querem que todos os funcionários sigam um modelo rígido e "inquestionável" de etapas a cumprir, rigorosamente do jeito que eles ordenam?????

      Se o funcionário deve ficar rigorosamente "preso" a um "roteiro a seguir", a uma "receita de bolo", não podendo alterar absolutamente nada daquilo que está escrito e deve ser seguido, então simplesmente não há o que fazer. Nem sequer precisaria de alguém graduado para executar tal tarefa, bastando um técnico.

      A filosofia dominante consiste em seguir a "receita de bolo" e ponto final!!!!!!

      Como contornar isso?????

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    9. Olha Leandro, uma vez, vi uma frase que me encantou, e já assimilei:

      "A solução de todos os problemas trazidos pela tecnologia, vai ser obtida com mais tecnologia".

      Trocando em miúdos, podemos usar tecnologia, inteligência, bom senso, foco e estratégia, para identificar e mitigar este tipo de problema.

      Por exemplo: O que é as normas, de qualidade total, do tipo ISO 9001 e tantas outras sopas de letrinhas ?

      São tão somente, descrições detalhadas, normas e regras, para processos. O que é feito, quando é feito, de que modo é feito.

      Ora, este tipo de controle de processos tem dois lados.
      O "de baixo", que você descreveu, voltado para pessoas com menos experiência, preparo ou mesmo formação técnica mais limitada, e o "lado de cima", que é (ou deveria ser) o entendimento profundo de cada uma dessas regrinhas, modelos, por parte dos administradores, que desta maneira, tem (ou teria) condições de identificar suas limitações, e inteligência para abstrair situações "fora do livrinho", ou seja, além da lógica de modelo.

      Em outras palavras, em um mundo ideal, estes roteiros permitiriam aos empresários, administradores, não se preocupar com os processos mais básicos, e dedicar sua atenção, raciocínio e inteligência, para situações que os extrapolem, e também para melhorar todos estes processos, de maneira contínua, ano após ano.

      A resposta menos educada, é que estes homens de negócio que adotam algo, que não conhecem a fundo, não dominam (ou não tenham alguém que domine), e que simplesmente os adotam como cabresto, no fundo, não passam de ignorantes, talvez encantados com o último guru ou coach que contrataram a peso de ouro, e que venderam soluções que, talvez (e quase sempre) não sejam os ideais para seus negócios.

      Infelizmente (mesmo), parece se tratar da maioria dos casos que conheço... (mas há honrosas e merecedoras exceções, viu?)

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    10. Mil perdões, gostaria de passar um corretor ortográfico
      O que são as normas, de qualidade total, do tipo ISO 9001 e tantas outras sopas de letrinhas ?

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  4. Caro Adonai.
    Sempre incentivo a atitude crítica de meus alunos, embora isso por vezes me cause alguns dissabores, não com alunos, mas com colegas. Esse me parece um papel fundamental de qualquer professor. Suas questões acima não parecem comportar uma resposta única, particularmente a última questão que possui um viés filosófico. Isso é proposital? E. Mach, por exemplo, considera a noção de força um conceito antropomórfico, em princípio eliminável, como Você mesmo já defendeu. Depois cabe a questão: em qual mecânica? A questão daria um bom livro sobre o tema!
    Um abraço,
    Gilson.

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    1. Gilson

      Por isso mesmo incluí na postagem o link sobre massa e força.

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  5. Eu me inscreveria fácil, em um curso à distância, administrado pelo professor Adonai!! ;)

    Será que há espaço, será que há demanda, para procurar por aulas de raciocínio crítico, lógica e retórica ?

    Vamos chamar de "Trivium" e "Quadrivium" !!

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    1. Lívio

      Agradeço pelo estímulo. Mas confesso que não gosto de distância, quando o assunto é educação. No processo de aprendizagem, a proximidade é extremamente importante. Frequentemente alunos demonstram preconceitos e inseguranças que são mais facilmente perceptíveis em sala de aula do que através da internet.

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    2. Lívio pergunta "será que há demanda, para procurar por aulas de raciocínio crítico". Pois te digo: na capital paulista há... num amoitado! Quero dizer que há sim um "método em experimentação" só que fica circunscrito/estigmatizado de "coisa de alguns malucos na moita" pois o estabelecimento não admite saliência além de quatro paredes que foram cedidas a título de nada poder vazar para “não criar problemas, complicar/tumultuar”. Ocorre que o sistema de formação existente está tão "solidamente reconhecido" - figurativamente falando “quanto a serra da Mantiqueira”. Quero dizer que há sim possibilidade doutro mundo em paralelo ao do ensino nacional que se complementariam: mundo teórico e mundo pragmático. Coisa pras calendas gregas. --- Reparar que o artigo de Adonai na SAB passa impressão de ousadia sem conta do editor, um atrevimento de marca maior!

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  6. Pela sistemática de operar no Apoio Escolar/AE o Adonai passou a deter o controle da situação, o domínio operacional. NÃO PODE! Então o AE está vulnerável. Ocorre que A. se permite subjetivar o que certamente irá sobrecarregar o AE. NÃO PODE! Reparar que AE ficou na bobeira: "Mas que aplicação...?", "Mas esta questão...", "Em que material...?", "Para continuar o estudo..." NÃO PODE! Reparar que A. ficou senhor da situação mesmo estando em posição de estudante que não sabe e busca saber. Reparar que o NÃO PODE visa interditar tal inversão de autoridade. --- Uma ideia para reforçar AE: A) aceitar a questão de A. desde que no texto a questão esteja acompanhada de relato sucinto da maneira de A. ver/pensar/entender/conhecer a respeito; B) a exigência dessa versão disponível é para identificar a subjetividade do interrogador; dessa maneira AE inicialmente interdita a (provável) subjetividade para assim colocar o perguntador na única e devida posição tolerada que é tão somente perguntador e não jogador; C) ocorre que AE deve estar preparado para conduzir pelo método socrático.

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  7. Infelizmente, em nosso país, o que conta é a ganância pelo vil metal. O principal público alvo das empresas são os adolescentes consumistas, daí a razão do funcionamento desta , que não visa melhorar o ensino, mas apenas "ajudar" os alunos "fraquinhos". Desta forma, não vão querer nenhum que seja questionador, mas apenas aqueles que tenham dúvidas sobre o próprio material adquirido.

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    1. O "principal público alvo" das empresas não são os "adolescentes consumistas", mas sim, as mulheres, o grupo, disparadamente, mais consumista entre todos os grupos. Não é à toa que as grandes corporações (e os governos) foram influenciados pela ideologia da vitimização mais dominante do planeta: O feminismo. Para efeito de curiosidade, é bom frisar também que os EUA (e em grande parte dos países isto se repete), o número de produtos, artigos, etc., oferecidos às mulheres é aproximadamente 7 vezes maior que aqueles oferecidos aos homens. "Coincidentemente", produtos femininos são vendidos aproximadamente 7 vezes mais que produtos masculinos. O que só demonstra que as mulheres, nesse sentido, possuem mais poder do que os homens, ou seja, o poder não está em quem ganha o dinheiro, nem em quem gasta o dinheiro, mas EM QUEM É GASTO esse dinheiro.

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  8. Olá, Professor!

    Ótimo texto!

    É bom lembrar que isto não acontece apenas em escolas secundárias. Quem faz esse tipo de questionamento é tratado como um rebelde dentro de várias universidades de nosso país e, tanto os alunos como os professores (pesquisadores, "cientistas"), acham que este é um comportamento errado, abusivo, absurdo.

    Com isto, o aluno que age assim sente-se como se estivesse cometendo algum crime; com sentimentos de solidão e angústia. E, como se não bastasse, o professor ainda vem com "definições" absurdas como as apresentadas, fazendo com que o aluno fique ainda mais confuso, achando que não está entendendo o que o professor falou e que aquele conhecimento é algum inalcançável para ele; algo que ele, provavelmente, nunca irá compreender e dominar como aquele professor-deus diante dele. E, junto a isso tudo, os outros alunos, que não têm a menor ideia do que estão fazendo ali, nessas situações, aceitam o comportamento do professor a fim de se entreter com a desgraça do "rebelde".

    E, assim como Sócrates e muitos outros, os questionadores sempre serão julgados e condenados por todos os covardes que sustentam-se em alicerces ilusórios.

    Obrigado, Professor, por mais uma vez nos instigar a pensar.

    Abraços!

    João

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  9. Pelo visto, percebi que pelas aulas de matemática, não compensa muito. Mas, pelas outras aulas, física, química ? Até mesmo as outras matérias, compensa assinar esse site ? abraços.

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    1. Felipe

      Não investiguei detalhadamente as outras disciplinas. Mas é importante observar algo que não mencionei no texto acima. O professor que respondeu a todas as perguntas que enviei foi a mesma pessoa que concedeu algumas entrevistas na mídia, divulgando esse site. Em suma, simplesmente não confio no serviço oferecido.

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    2. Felipe


      Infelizmente, problemas de más conceituações e falsas definições também são comuns em outras disciplinas, como Física e Química.

      Quando adolescente, em várias ocasiões me vi confuso e desnorteado com conceitos esquisitos apresentados em livros de Física e de Química tradicionais do ensino médio.

      A diferença é que, enquanto a professora de Física respondia coerentemente minhas dúvidas e saciava minhas curiosidades, a professora de Química "saía pela tangente" e falava algo como "não se preocupe, pois se vc for estudar Química de nível superior, vc entenderá isto".

      Tal atitude da professora de Química me incomodava tanto que optei por cursar a faculdade de Química para saber o quão misterioso ela era, o que supostamente levava a professora a responder daquele jeito.

      Infelizmente, fiz toda uma graduação para descobrir que ela respondia daquele jeito por ignorância mesmo, e não porque a Química era algo tão "inalcançável" assim.

      Abraços.

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  10. Pelo visto,ás aulas de matemática, não compensa muito. Mas, queria sua opinião, em visto de outras matérias, compensa assinar esse site? Abraços.

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  11. Acho até que a ideia de um curso deste tipo não seja ruim, pois me parece que os conceitos errados que vemos nas respostas dadas são comuns também nas aulas presenciais e nos livros didáticos, ou seja, este curso é apenas um reflexo na nossa realidade.
    Eu depois de quinze anos sem estudar resolvi voltar a estudar e inconformado com a minha ignorância em relação à Rainha das Ciências ingressei há dois anos em um curso de licenciatura, se existisse o curso de bacharelado noturno teria optado por este, mas como não há e parece existir um preconceito em relação a isto, por falta de opção comecei a licenciatura e não me arrependo, temos professores excelentes e as possibilidades oferecidas pelos professores para quem deseja estudar são boas, através de projetos de iniciação científica por exemplo, há a possibilidade de estudar assuntos fora da grade ou de aprofundar-se em assuntos já estudados, os professores estão sempre disponíveis para as minhas perguntas e incentivam os alunos em seus estudos, mas e existe sempre um mas quando falamos da nossa realidade, mesmo me esforçando e estudando muito, percebo que não teria ainda condição de dar aulas, infelizmente percebo que colegas que do meu ponto de vista estão na mesma condição que a minha ou até menos preparados ainda que eu já lecionam, cada um tem as suas necessidades e problemas não tenho a intenção de dizer que estão errados é só uma constatação para dizer que infelizmente no Brasil o cargo de professor é acessível aqueles que não tem preparo, haja vista os baixos salários que são oferecidos, na indústria uma pessoa sem curso universitário ganha mais que um professor, um soldador ou operador de máquina por exemplo. Espero que um dia esteja à altura de lecionar mas sei que isso vai levar muito tempo ainda, pois acredito que só podemos ensinar aquilo que sabemos e parece ser ridícula esta afirmação mas vejo muitas pessoas que não sentem esta obrigação e começa aí o nosso problema.

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  12. Adonai

    Por que o senhor não faz uma série de livros de matemática do ensino fundamental e médio com conceitos, demonstrações e aplicações, pois teria oportunidade de apontar os erros encontrados nos livros didáticos comercializados no Brasil e também teria oportunidade de mostrar como que teria que ser feito para melhorar o ensino da matemática no nosso país.

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    1. suzy

      Esta é uma sugestão dada por outros comentaristas deste blog. Neste momento não tenho condições de abraçar projeto tão grande. Mas é algo que penso em fazer em um futuro não muito distante. Agradeço pelo voto de confiança. Não é uma tarefa fácil esta que você propõe.

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