O diretor de cinema José Padilha (Tropa de Elite e Ônibus 174) me convidou três anos atrás para escrever um roteiro de ficção para um longa-metragem que tratasse do tema da pirataria no Brasil. Hesitante, aceitei o convite. Hesitei porque eu nada sabia sobre o tema. Como havia um acordo contratual entre a produtora deste diretor e uma importante pessoa jurídica de São Paulo, consegui facilmente apoio financeiro para cobrir despesas com pesquisa de campo, bem como contatos extremamente importantes. E um dos emblemáticos lugares que conheci foi a cidade de Nova Serrana, no interior de Minas Gerais.
Apesar de não ser opinião unânime, Nova Serrana é considerada por muitos como a capital do calçado falso no Brasil. Infelizmente não poderei retratar aqui tudo o que descobri sobre a prática da pirataria no país, pois isso daria tema para um extenso livro. Por isso novamente terei que ser pontual. Mas não pensem que o foco desta postagem retrata uma visão limitada do panorama dos descaminhos econômicos praticados na nação e sua estreita relação com o sistema educacional brasileiro.
Nova Serrana é uma cidade de galpões. Muitos galpões. É um lugar nada atraente para turismo. Até mesmo o povo local (pouco mais de 70 mil habitantes) procura refúgio em cidades vizinhas nos fins de semana e feriados. Nos outdoors, espalhados pelas ruas, eventualmente se encontram anúncios comerciais de empresas que sistematicamente praticam a pirataria. E há até mesmo uma revista na cidade, com altíssimo padrão gráfico, que anuncia produtos falsificados (pelo menos segundo especialistas que conheci). O curioso é que investigadores leem essa revista em busca dos criminosos. Parece piada, mas faz parte da ordinariamente extraordinária realidade brasileira.
Então vamos ao primeiro ponto que desejo explorar. Quando uma marca famosa, digamos tênis X, é falsificada em larga escala, a empresa legítima que fabrica o tênis X contrata grandes escritórios de advocacia para operações de investigação, busca e apreensão (eventualmente com a ajuda de força policial) do produto falsificado. A primeira pergunta natural é: como esses escritórios conseguem informações sobre as empresas e indivíduos que estão falsificando X? A resposta mais usual e efetiva é: através de informantes.
Um informante típico (que, aliás, foi bastante lacônico comigo) é um sujeito que trabalha em uma transportadora. Isso porque as fábricas falsificadoras também precisam transportar seus produtos, como uma empresa comum. E, desse modo, o funcionário da transportadora tem acesso a informações privilegiadas, as quais ele vende para investigadores. É claro que há casos em que, após a apreensão dos produtos falsos, a fila de espera para a destruição daquela mercadoria pode ser muito longa. Afinal, faltam recursos para atear fogo contra o crime. E, nesse meio tempo, o mesmo funcionário pode faturar novamente, mas desta vez com a venda da mercadoria apreendida. Porém esta é outra história.
No entanto, um dos problemas nessas operações reside em questões burocráticas que espelham a miserável situação de nossa sociedade. Se a busca é pela marca X, não faz diferença se a mesma fábrica de produtos ilegais confecciona também falsificações da marca Y. Essa marca Y ilegal não pode ser apreendida. Os mandados de busca expedidos por juízes (nomeados por concurso público e não por mérito) via de regra não contemplam essa possibilidade. Na verdade, muitos dos mandados sequer se aplicam aos equipamentos usados na confecção de produtos piratas, permitindo que diversos falsários retomem a produção ilegal logo após a apreensão.
Se a caça pela falsificação de X se torna muito intensa, então os falsários passam a privilegiar a marca Y. Isso diminui as ações policiais encomendadas pelo legítimo fabricante de X, pelo menos até o momento em que os legítimos donos da marca Y despertem para a necessidade de ações jurídicas e policiais em defesa de seu produto. E, assim, a pirataria de calçados se perpetua em uma espécie de corrente alternada, passando de X, para Y, para Z e voltando para X.
É claro que comumente grandes escritórios de advocacia representam mais de uma marca de calçados famosos. No entanto, continua inexistindo ação judicial que se volte a toda e qualquer falsificação. E são muitas as marcas bem conhecidas. Mesmo que X representasse três ou quatro fabricantes (ao invés de um só, como no exemplo acima), Y e Z ainda corresponderiam a outras marcas. O entrave é burocrático e aparentemente insolúvel, pelo menos diante da mentalidade de juízes (muitos deles jovens e inexperientes).
Além disso, como os informantes dependem da continuidade da pirataria para a perpetuação de sua renda extra, eles praticamente se limitam a denunciar falsificadores de pequeno porte. Raramente denunciam empresas grandes, até porque um criminoso que fatura meio milhão de reais mensalmente costuma ser um elemento muito perigoso. Eu mesmo testemunhei o desespero de uma mulher que precisava do dinheiro, que ela ganharia no dia seguinte com a venda de produtos ilegais, para a realização de uma cirurgia. Vi os exames médicos dela. Não sou perito para confirmar a autenticidade daqueles documentos, mas o desespero dela e do esposo me pareceram muito reais, causando constrangimento entre praticamente todos os envolvidos na apreeensão. De qualquer modo, todo o estoque ilegal do humilde e ignorante casal foi apreendido e, portanto, eles nada ganhariam em qualquer curto intervalo de tempo.
Em suma, não há combate real ao crime da pirataria, no sentido de se buscar por uma solução definitiva para o problema. As forças envolvidas no combate aos descaminhos econômicos (polícias federal, militar e civil, justiça, advogados, governos, investigadores privados, empresas, entre outras) não são suficientemente articuladas. Além disso, os recursos legais são limitados e comumente sabotados por grandes nomes da política, ao passo que os recursos econômicos dos criminosos são virtualmente ilimitados, contando, inclusive, com uma sofisticada logística. E, para piorar a coisa, não existe polícia de fronteira na nossa terra. Brasileiros sequer sabem o que é polícia de fronteira.
Tive contato com um funcionário da Receita Federal que é um verdadeiro e raro herói, tendo sido o principal responsável pelo desmantelamento de quadrilhas poderosas de criminosos da pirataria. Mas pessoas como ele são exceções. Este herói ignorado pelas massas é obrigado a sair disfarçado de seu local de trabalho todos os dias. Conheci até mesmo investigadores brasileiros treinados pelo Serviço Secreto dos EUA e que realizam elaborado trabalho de inteligência. Mas o fato é que a rede dos crimes da pirataria e dos descaminhos econômicos conta com o absurdo apoio de uma ignorante e massiva população que raramente vê algo de errado no desrespeito à propriedade intelectual. Quantos são aqueles que acham estupidez comprar um CD ou um DVD, ao invés de simplesmente baixar ilegalmente músicas e filmes da internet? Converse com seus amigos e descubra. Perceberá que a maioria pensa e age assim.
Pois bem. O que isso tem a ver com educação?
Em minhas pesquisas de campo e entrevistas, conversei com muita gente. Uma das pessoas que entrevistei foi um ex(?)-criminoso, que vou chamar simplesmente de senhor A. Ele foi um dos peixes-grandes da pirataria, que autoridades policiais conseguiram autuar. De todas as pessoas com quem conversei, o senhor A foi o que mais enfaticamente considerou como piada ridícula a ideia de se combater a pirataria. Ele sabe que a nação toda recebe com muita naturalidade essa atividade. São muitos os brasileiros que não conseguem compreender a importância de conceitos como "ordem econômica" e, principalmente, "propriedade intelectual". Por isso existem tantos jovens e adultos que baixam ilegalmente músicas e filmes da internet, sem pagar um centavo sequer por esses produtos. E por isso, também, que se vê tantas campanhas contra o copyright em universidades, entre outras persistentes ingenuidades da cega vida acadêmica brasileira comumente partidária de mentalidades atrasadas e sob bandeiras vermelhas.
Por outro lado, também conversei com uma representante do consulado norte-americano no Brasil. Ela me disse algo que jamais vou esquecer:
"O Brasil é um país que não tem tradição na produção de ideias. Por isso o povo brasileiro não consegue entender a pirataria como algo prejudicial ao bem comum."
Concordo que há e houve cientistas importantes no Brasil, como Newton da Costa, Carlos Chagas, Cesar Lattes, Celso Grebogi, Maurício Peixoto, Newton Freire Maia, Jacob Palis, Milton Santos, Leopoldo Nachbin, Francisco Doria, Mario Schoenberg, entre tantos outros. Mas isso está muito longe de nos colocar no patamar das grandes nações produtoras de conhecimento relevante. Quando, anos atrás, participei de um congresso de lógicos e filósofos em Florença, na Itália, a anfitriã do evento, Maria Luisa Dalla-Chiara, citou Galileu e Da Vinci em seu discurso de abertura. E em meio àqueles milhares de profissionais da ciência de todos os cantos do planeta pensei "O que eu teria para dizer se este evento fosse realizado no Brasil?"
A estrutura arcaica, estagnada, politicamente viciada, engessada, rançosa, medíocre, ingênua, mesquinha, partidária, iludida, acéfala e egoísta de nossas universidades federais, por exemplo, simplesmente não viabiliza um progresso científico que possa competir com nações como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Japão e outras (nações que, diga-se, têm acompanhado este blog). E esse exemplo se espalha pelo território nacional na forma de um conformismo generalizado. Afinal, estudantes de licenciaturas se formam em universidades públicas (que não produzem conhecimento realmente relevante de forma sistemática) ou em universidades privadas (que se afastam da pesquisa como o diabo foge da cruz). E tais estudantes se tornam professores que contaminam estudantes mais jovens com homeopáticas, mas efetivas, doses de mediocridade. Uma das consequências é que nossos jovens nas escolas (do primário à graduação) desconhecem por completo as obras dos cientistas e pesquisadores daqui. Na verdade eles são, em geral, ignorantes sobre a obra de qualquer cientista da história do mundo. E, além disso, muitos desprezam quem cultiva o conhecimento. Cheguei a ouvir risadas de alunos universitários, quando mencionei Copérnico em uma aula de cálculo diferencial e integral. E ouço com frequência pessoas dizendo que sou idealista, purista, sonhador. Mas quem me chama de idealista é simplesmente um tolo que desconhece por completo a realidade dos países que efetivamente têm tradição na produção de ideias. Você, leitor, já perguntou a um importante cientista do exterior o que ele pensa da ciência brasileira? Garanto que vale a pena conferir.
Criminosos que comercializam produtos falsos, ou produtos importados e autênticos que não passaram pelo fisco, comumente negociam armamentos e drogas ilegais. Não é raro encontrar, em um mesmo container desembarcado em um porto, produtos ilegais que variam de computadores e brinquedos chineses (feitos a base de lixo hospitalar reciclado) até cocaína e fuzis.
Cheguei a conhecer camelôs nas ruas de São Paulo que se especializam em vendas de DVDs de filmes clássicos do cinema americano dos anos 1940, 1950 e 1960. Comprei de um desses camelôs (que me entregou até mesmo seu cartão de visitas) o filme Spartacus, de Stanley Kubrick. E garanto que a qualidade do DVD é idêntica a do filme em mídia legalizada, a qual eu já tinha. A pirataria brasileira é uma instituição extremamente organizada, envolvendo figuras influentes e muito conhecidas do poder público. Posso dizer, por exemplo, que a Presidência da República não está bem acompanhada. E o mesmo vale para o Governo de Minas Gerais.
Ou seja, a população que ignora o valor de uma ideia e baixa ilegalmente músicas e filmes, também contribui ativamente para os crimes do tráfico de armas e drogas, da pirataria e dos descaminhos econômicos. E esses são crimes que se perpetuam no seio de uma sociedade cuja educação remete à desoladora estagnação intelectual. Afinal, o Brasil não tem tradição na produção de ideias. Aliás, esta frase deveria estar espalhada em todas as instituições de ensino do país. Isso porque o primeiro passo para a cura é o reconhecimento da doença.
A tradição brasileira é a de cópia. Cópia ruim. Basta examinarmos a velha tradição dos chamados trabalhos escolares - aquelas atividades realizadas em casa e que devem resultar em um texto que faz parte do processo de avaliação. Quando um professor pede a seus alunos para realizarem um trabalho escolar em casa, a resposta dos discentes é quase invariavelmente a mesma: cópia. Não importa se o aluno é de uma série primária ou de um curso superior, o procedimento usual é simplesmente copiar algum texto já veiculado. E a maioria dos docentes aceita (até com elogios) esses "trabalhos", que nada mais são do que descarados plágios. Certa vez pedi a alunos meus, dos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Matemática da UFPR, para realizarem um trabalho sobre aplicações da teoria das definições. E fui muito específico: não seriam aceitas cópias. Ainda assim, alguns deles traduziram para o português textos originalmente escritos em inglês, alegando que não se tratava de cópia, mas tradução. E, para piorar as coisas, usaram a ferramenta de tradução automática do google. Então podem imaginar o resultado final. Mas o mais incrível foi um aluno que copiou, palavra por palavra, trechos de um livro meu, alegando que era impossível escrever melhor do que eu. O espírito da mediocridade está fincado de maneira extremamente profunda na mente de nossos jovens e dos lamentáveis professores que os educam. E o resultado disso é um povo que não sabe o que é plágio e não tem a menor ideia do valor de uma ideia. Em geral, ser brasileiro é sinônimo de ser uma besta.
Se a educação brasileira mudasse significativamente para melhor, teríamos uma chance de prosperar enquanto nação socialmente mais justa, equilibrada, informada e, quem sabe, feliz. Mas enquanto mantivermos essa postura de cidadãos intelectualmente eunucos, continuaremos a aumentar nossa já enorme distância da civilização.
Entendo que a economia brasileira tem avançado, com um percentual maior da população se enquadrando como classe média ao longo das últimas décadas (apesar de nosso conceito de classe média ser radicalmente diferente daquele praticado nos países desenvolvidos). Mas um país não se define apenas por situação econômica. E esse crescimento econômico certamente não se sustenta sem investimentos sérios e permanentes em educação, ciência e tecnologia. Quem se impressiona com a atual colocação da economia brasileira no cenário mundial, ignora o fato de que a instabilidade econômica hoje vivida no mundo é apenas temporária. Se não pensarmos a longo prazo, agindo agora, nada poderemos garantir para nossos filhos e netos.
E de todas as áreas do conhecimento no Brasil, a matemática parece ser a mais estagnada (ao lado, talvez, da filosofia). À medida em que o conhecimento mundial se transforma, sempre se percebem pequenas atualizações em livros e apostilas de história, português, geografia, biologia, química, física e outras áreas, mesmo no vergonhoso Brasil. Mas praticamente nada se percebe em termos de avanço de material didático de matemática. A maioria absoluta dos autores e professores brasileiros agem como se nada de novo existisse em matemática nas últimas décadas. Pelo contrário, muitas ideias têm sido sistematicamente amputadas, como é o caso especial do ensino da fundamental teoria de conjuntos.
Enquanto dermos aos nossos jovens o exemplo de que nada se cria, apenas se copia (rindo como hienas dessa piada de muito mau gosto), será realmente difícil combater certas atividades criminosas que representam perigo real ao nosso futuro. Afinal, um brinquedo feito a partir de lixo hospitalar e que se encontra na boca de uma criança é tão desalentador quanto uma nação cuja prosperidade depende das ideias dos outros e de uma mão de obra local que se mostra cada vez pior qualificada.
Em função do que tenho aprendido com alguns leitores deste blog, planejo postar em breve textos que apontam caminhos práticos para o melhoramento de nosso sistema educacional como um todo.
Enquanto isso, termino esta brevíssima discussão com uma pergunta ao leitor: O que você efetivamente fará para mudar esta realidade? O Brasil não é propriedade privada do Governo Federal, o qual tem demonstrado incrível incompetência para lidar com a educação. O Brasil é terra nossa. E investir na prosperidade de nossa terra não é idealismo ou um sonho utópico. É uma necessidade básica. Afinal, o Brasil é o nosso lar.
Para complementar esta postagem recomendo o excelente texto de Susan Blum sobre plágio. Além disso, indico dois vídeos musicados no YouTube. O primeiro é sobre pirataria e o segundo sobre educação. Basta clicar nas imagens para acessá-los.
Falando sobre plágio, me lembrei de um professor - colega universitário - que me disse que uma aluna havia reclamado com ele por eu ter dado zero para ela. Segundo ela: "Foi injusto! A Susan disse que eu plagiei, mas mudei todas as palavras por sinônimos!" Ele me contou isso rindo muito. Eu já não sabia se ria... ou chorava... pois ela realmente acreditava que não tinha plagiado!
ResponderExcluirCaraca Susan to com medo do Artigo já! hahahaha
ExcluirPaulo Henrique. Não precisa ter medo do artigo. Basta ter ética e fazer como ensinei em sala: CITAR as fontes de todo material que está dando embasamento para as pesquisas e ideias DE vocês. Fico contente que tenham lido esta postagem, além do artigo que dei em sala sobre plágio e o que escrevi no meu blog sobre o mesmo assunto! Precisamos de seriedade acadêmica! Lembrem dos casos com Moacyr Scliar e "As aventuras de Pi", além de outros.
ExcluirGostei muito do texto, so discordo dizer que os juizes, por serem concursados, nao tomam posse por merito.
ResponderExcluirDesculpe-me, mas acho que passar num concurso tao disputado e que exige tanto conhecimento como o de juiz exige merito sim.
Qual outra forma o senhor acredita que confere meritrocracia a posse de cargos publicos?
Porque indicacao, posso falar por experiencia propria, nao tem nada de meritocracia, e formaria profissinais muito piores do que o que temos disponivel.
Apesar disso, concordo muito com o que foi dito, certas coisas sao assustadoras quando paramos para pensar, e devemos mesmo mudar nossa cultura.
Boas, Adonai.
ResponderExcluirConcordo com alguns pontos da sua postagem, discordo de outros;
Me lembro de uma frase, que confesso, não sei se é verdade, mas atribuída aos "japoneses", o tal "copiar para criar, criar para competir, competir para vencer". Um povo com mil anos de história, de uma disciplina quase "doentia", e que "copiou" tudo o que pode da "criativa indústria ocidental", para se tornar hoje, o que é. A China, vai pelo mesmo caminho;
Para mim, a diferença básica entre o que fizeram estes povos, repito, de cultura milenar, e o que se faz em Pindorama, é justamente o investimento em Educação;
Diga-se de passagem, que as nações mais criativas do planeta não passaram por quase 4 décadas de completo abandono do ensino (do pré-primário, a universidade). Também não foram tomadas de assalto por um grupelho de fascistas apoiados por milicos golpistas. Não tinham e não têm uma elite econômica mesquinha, perversa, racista, reacionária, escravagista, etc, etc;
Nos EUA, boa parte da produção intelectual é financiada por universidades onde os cursos custam milhares de dólares, e que são patrocinadas por um sem número de milionários e bilionários interessados no desenvolvimento científico e tecnológico daquele país;
Investimento em educação não é tarefa exclusiva do governo federal, pelo contrário, é responsabilidade primeira de governos municipais e estaduais, pouco interessados em investir na formação de futuros 'eleitores conscientes'. O governo federal de outrota nunca investiu em educação, em desenvolvimento científico e tecnológico, como nos últimos 10 anos;
É claro que temos um sem número de problemas, mas não dá pra ser politicamente seletivo e atribuir esses problemas a "partidos e bandeiras", sejam elas vermelhas, ou azuis;
Se a indústria nacional "colaborasse", vendendo seus produtos a preços honestos, em especial a indústria fonográfica e de cinema, não haveria tanto banditismo como ocorre com a pirataria. Vc entra num site dos EUA e compra CD's de qualidade por poucos dólares. Aqui, qq. lixo é vendido por dezenas de dólares;
Enfim, não dá pra exigir que um povo politicamente ignorante, que não tem a menor noção de seus direitos fundamentais, vá entender que piratia é um crime como outro qq.
Oi, Marcinha
ResponderExcluirNão é fácil responder sua questão, pois você me parece uma pessoa honesta. Então tentarei não ser agressivo em minha resposta. É sempre mais fácil responder aos boçais, o que não parece ser o seu caso.
A mentalidade de que concursos públicos avaliam mérito é típica de países atrasados como o nosso. Lembro de um colega meu em Stanford (EUA), também brasileiro. Por indicação de um professor emérito de lá, foi criado um cargo naquela universidade especialmente para a contratação deste colega. Isso porque a competência deste colega era inquestionável. No Brasil este tipo de atitude é rapidamente reprovável, pois quase sempre há alguma negociação ilícita envolvida. Mas nos países desenvolvidos as negociações para fins de contratação dos melhores faz parte da realidade. Não é por acaso que EUA tem as melhores universidades do mundo, pois o que se avalia em profissionais é mérito e não o desempenho individual em um breve concurso público que garante um cargo para o resto da vida de uma pessoa.
Você afirma que indicação não funciona. No Brasil isso é verdade. No Brasil a indicação não funciona porque nossas instituições são fracas. A Justiça, por exemplo, não opera de forma decente. Por isso mesmo nossa realidade precisa mudar. Praticamente toda a rede social brasileira está podre. Mas se fortalecermos a Justiça, a Saúde, a Educação e a Segurança, aí sim teremos condições de instituir civilização em nosso país. Aí sim poderemos eleger um juízes por mérito e não por concursos públicos que representam a uns poucos eleitos a garantia de um cargo permanente, independente de seu desempenho. O mesmo comentário vale para professores universitários. Conheço professores na UFPR que fumam maconha todos os dias, comprometendo seriamente a qualidade de suas aulas. Mas o concurso público feito em passado distante garante a esses professores seus empregos. Este quadro simplesmente não sustenta desenvolvimento em nação alguma.
Oi, Julio
ResponderExcluirPraticamente cada tópico que você menciona merecia uma extensa resposta. E você coloca muitos tópicos. Infelizmente terei que ser breve.
O Japão tem 16 Prêmios Nobel em áreas científicas. A China tem 8. Se isso lhe parece com filosofia da cópia, então precisa atualizar suas informações para além de ditados colocados fora de contexto. Se sua referência de cópia no Japão é uma reação imediata de pós-guerra para a reconstrução do único país do mundo a sofrer um ataque nuclear, precisa repensar o que aquela nação fez depois. Com relação à China, terei que responder em postagem futura, pois o tema é muito mais complexo do que você coloca.
A questão da responsabilidade de todos nós sobre a educação é algo que venho insistindo há bastante tempo por aqui. Já o investimento brasileiro em educação, ciência e tecnologia tem sido mal administrado por governos. Lembro de um levantamento feito pela revista Nature dez anos atrás, sobre os investimentos em ciência e tecnologia na América Latina. O Brasil investia cinco vezes mais do que a Argentina. Mas nossa produção em termos de artigos em revistas indexadas era apenas o dobro da argentina. Ou seja, a relação custo-benefício era mais favorável para a Argentina (país que tem 5 Prêmios Nobel). Não acho que o problema de nossa educação superior seja dinheiro. O problema é que não estamos aproveitando este dinheiro. Recomendo que leia a postagem sobre trigonometria no ensino médio. Entenderá melhor que temos agido de forma primária em nossas escolas.
Se você se ofendeu com o trecho sobre bandeiras vermelhas, recomendo que mude de partido, pois o PT é de fato um dos motivos do atraso de nossa nação. Ao invés de apoiarmos partidos políticos, deveríamos estar apoiando a construção social.
Já a questão da indústria fonográfica também é complicada. Sobre isso prefiro não escrever agora e nem depois. Em minhas pesquisas tentei compreender essa indústria, mas não consegui. Apenas tenha em mente que a certeza é um luxo daqueles que não estão envolvidos.
Enfim, que tal responder à questão colocada no final da postagem? O que você tem feito para melhorar o país?
Olá, prof. Adonai!
ResponderExcluirDepois de ler e reler o seu "polêmico" post, tenho a grata satisfação em rever também, o que diz aquele ditado popular: "no Brasil nada se cria e tudo se copia"!!!! Parabéns, por ter coragem de "lançar a serpente no... nosso paraíso"!!!!
Um abraço!!!!!
Adonai, seu texto é instigante e traz muitas referências importantes. Para se discutir cada ponto revelado ali precisariamos de horas (talvez dias). Mas gostaria de destacar dois deles: primeiro a relação de intelectuais que vc cita (dos vários nomes citados - com certeza há mais alguns de outras áreas que desconhecemos) - fiquei impressionada em perceber a ignorância que temos de pesquisadores sérios, mas as pessoas lembram de Pelé, Ronaldo, Guga, e outros "reis" - sejam do esporte ou música. Ou seja, realmente não temos consciência de nossa massa crítica. Segundo, a relevância de se destacar o quanto somos responsáveis. Sempre disse que sou favorável ao extermínio de cela especial. Algumas pessoas ficam zangadas comigo quando defendo esta ideia, mas creio que se uma pessoa tem educação superior deveria saber mais que um "ignorante" a diferença entre o certo e o errado. E se optou pelo errado deve pagar da mesma forma que uma pessoa sem estudos ou com pouco estudo. Por fim, respondendo ao Julio: deve-se examinar exatamente a "cópia" feita por outros países, pois em meu texto mostro claramente que somos construídos por estudos que existem. O que precisamos fazer, e acho que é isso que o Adonai quis mostrar é que podemos (e devemos) partir de estudos sérios existentes, para criar novas possibilidades, novos olhares,novas descobertas. Ou seja, criar a partir do que já existe. Óbvio que não vou criar a roda para reformulá-la. Basta pensar em intertextualidade e hipertextos. Para terminar... o que estou fazendo? muito pouco Adonai... não compro DVD pirata. Procuro repassar textos assim e promover discussões em sala.
ResponderExcluirAdonai,
ResponderExcluirexcelente postagem. Já vou compartilhar com toda a minha lista. Realmente muita gente (e muitos professores com anuência da escola) usam DVDs, softwares e músicas piratas sem o menor peso na consciência. A geração que vem aí continuará a ver como "natural" toda essa pirataria.
Grande abraço
Luís Cláudio LA
Olá Professor Adonai, li com calma o seu texto e os comentários abaixo. Me deixou muito triste a frase da funcionária do consulado americano: "O Brasil é um país que não tem tradição na produção de ideias", mas é a realidade e pouco se faz e para mudar este quadro.
ResponderExcluirAliás, gosto muito de ler os seus posts pela clareza de ideias e sabedoria adquirida de um pensamento crítico. A sua pergunta no final do post é bem interessante e sendo professor também e preocupado com a Educação, senti a necessidade de fazer algo. E foi através do blog Fatos Matemáticos que procuro contribuir com a Matemática em nosso país, sem verba, sem apoio e com pouco reconhecimento.
Parabéns pela postagem e para seguir de perto os posts futuros adicionei um link em meu blog.
Talvez tão desagradável quanto ter essa percepção de que a Sociedade desconhece grandes nomes e trabalhos de cientistas brasileiros, é perceber que eu também me enquadro (pelo menos em partes) nessa triste realidade!!!!!!
ResponderExcluirDos nomes mencionados pelo Adonai, apenas conheço superficialmente e de "ouvi falar" os nomes de Carlos Chagas, César Lattes, Newton Freire Mais e, um pouco mais a fundo, Newton da Costa e sua Lógica Paraconsistente!!!!!!
E mesmo sobre Newton da Costa, só ouvi falar dele por intermédio do Adonai, quando este último me indicou alguns títulos do Newton da Costa para leitura. E, ainda assim, naquele momento eu confundi Newton da Costa com algum outro sobrenome diferente de "da Costa"!!!!!
:(
Nunca sequer ouvi falar de nomes como Celso Grebogi, Maurício Peixoto, Jacob Palis, Milton Santos, Leopoldo Nachbin, Francisco Doria e, muito menos, Mario Schoenberg!!!!!!
Só ouvi falar destes nomes, pela primeira vez na vida, aqui neste blog!!!!!!
:(
Ao menos agora posso iniciar uma busca por suas obras, para ao menos saber quem foram e o que fizeram.
CONTINUA
Outros nomes de importantes brasileiros dos quais ouvi falar ou mesmo conheço algumas obras são:
ResponderExcluir1) Miguel Reale (importante jurista brasileiro);
2) Idalberto Chiavenato (na área de Administração e Ciências Econômicas);
3) Constantino Tsallis (importante físico greco-brasileiro com estudos fundamentais em Termodinâmica).
Tento compensar a minha baixíssima cultura com a leitura de algumas obras originais que possuo, mais é um caminho bastante árduo.
O acervo de obras que possuo (e que estou lendo aos poucos, dentro do possível), inclui títulos como "Os Elementos" de Euclides, "Sobre a Revolução dos Orbes Celestes" de Nicolau Copérnico, "Novo Sistema de Filosofia Química" de John Dalton, "Tratado Elementar de Química" de Antoine Laurent Lavoisier e o ótimo "Os Números" de Georges Ifrah que, apesar de não tão gigante quanto os mencionados anteriormente, possui uma ótima obra sobre a história e desenvolvimento dos números!!!!!!
Das obras que mencionei, já li por completo "Os Números", "Novo Sistema de Filosofia Química" e o "Tratado Elementar de Química". Estou para iniciar a leitura de "Os Elementos", que aborda diversos conceitos estudados em cursos básicos de Aritmética, bem como o desenvolvimento da Geometria Euclidiana!!!!!!!
Temos que buscar por fora, já que grande parte dos professores universitários não nos estimulam para leituras desse porte, com raríssimas exceções, como o professor Adonai!!!!!
Luís Cláudio
ResponderExcluirQue tal enviar esta postagem para aqueles professores que você conhece e que praticam naturalmente a pirataria? Muitos deles violam copyright sem se darem conta do que estão realmente fazendo. Ignorância não é pecado. Não há uma única pessoa neste mundo que não seja ignorante. Pecado é persistir no erro quando se sabe sobre suas consequências. De qualquer modo agradeço pelo apoio.
Professor Paulo Sérgio
ResponderExcluirO Professor Newton da Costa (meu grande mentor) diria o seguinte a seu respeito: você é daquelas pessoas que só para se alguém der um tiro. Vou prestar mais atenção em seu blog. E espero poder contribuir como você tem feito.
Leandro
ResponderExcluirVocê me deu duas ótimas ideias. A primeira é escrever futuramente sobre a obra desses nomes que você desconhece. Tá na cara que você se interessa pelo conhecimento científico. E se uma pessoa como você nunca ouviu falar na maioria dos nomes citados, é porque a situação é pior do que eu pensava. Entre os nomes que você menciona, não conheço Idalberto Chiavenato. Vou procurar informações sobre ele. Quanto ao Realle, certamente foi uma figura importante em ciências jurídicas (o pai, não o filho). Já o Tsallis tive a oportunidade de conhecer pessoalmente. Ele e eu participamos de uma mesa redonda anos atrás, em São Paulo. A obra dele é belíssima.
A segunda ideia que você me deu foi sobre o livro de Ifrah. Esta obra (dividida em dois tomos) é um best seller mundial. Mas é também uma fraude. Fortemente recomendo que ignore tudo o que está escrito naquilo. Em breve justificarei em postagem minha advertência.
Susan
ResponderExcluirCom relação à questão da cela especial, não se esqueça que a prisão de uma pessoa não implica que ela seja culpada. Os problemas da segurança pública brasileira já foram bem estudados por autoridades do mundo inteiro. E a solução deste problema é realmente muito, muito, muito complicada.
Quando o famoso e importantíssimo físico Richard Feynman esteve no Brasil, um dos fatos que mais o intrigou foi que se por um lado o Brasil é um dos países que possui um elevado número de crianças interessadas em aprender Matemática e Ciências até uma determinada série escolar, tendo também um acesso razoável a materiais para estudo, por outro lado é um dos países em que menos se formam pessoas na área de Exatas, bem como um dos países que menos consegue atrair jovens para as carreiras em Matemática, Física, Química, Estatística, entre outros.
ResponderExcluirComo pode um país que possui muitas crianças interessadas em Matemática e Ciências nos primeiros anos de escola não formar tantos profissionais nestas áreas, futuramente?????
Essa teria sido (naturalmente com palavras distintas), se não estou sendo muito ruidoso, uma das indagações de Feynman sobre a Educação no Brasil após sua visita ao país.
Aliás, vale muito a pena a leitura do texto de Richard Feynman acerca da Educação Brasileira, conforme link abaixo:
http://physicsact.wordpress.com/2009/03/27/richard-feynman-e-o-ensino-da-fisica-no-brasil/
A "paulada na cabeça" dói ainda mais por se tratar de um dos maiores físicos da História da Humanidade, um dos grandes pensadores contemporâneos, Prêmio Nobel de Física e um dos fundadores da Nanotecnologia Moderna!!!!!!
Muito da resposta do Adonai para o Júlio (principalmente acerca da comparação entre Brasil e Argentina em termos da relação investimento x aproveitamento e a questão do investimento em si) entra em perfeita sintonia e vai perfeitamente ao encontro do que Richard Feynman descreveu sobre o Brasil em seu suposto relatório após a vinda para cá!!!!!!
ResponderExcluirQuanto ao processo de indicação ao invés de concurso, trata-se da segunda vez que ouço comentários a respeito. Só ainda não opino, pois não refleti bastante a respeito.
A primeira vez foi quando conversei com um doutorando brasileiro em Física pela Brown University e com um professor aposentado do Departamento de Física da USP sobre o sistema de seleção para programas de doutorado no exterior.
Segundo eles, ao contrário daqui, costuma-se selecionar estudantes por meio da convocação deles para conversas com os possíveis orientadores ou mesmo outros pesquisadores que participam do processo de seleção.
Essa conversa se daria em um tom informal mesmo (como se fosse uma conversa em meio a um "cafezinho na cantina") no qual procura-se avaliar o candidato em várias vertentes, incluindo criatividade e versatilidade para resolver situações-problema de modo inteligente e produtivo, avaliando características do candidato que melhor estejam em sintonia com as características desejadas para um futuro pesquisador!!!!!!
Segundo eles, não se usa avaliação por escrito (no estilo concurso ou provas) pois estas são temporárias e avaliam apenas situações de momento, além de não permitir um verdadeiro conhecimento do perfil do candidato em termos mais completos, pois o candidato seria avaliado apenas pela sua habilidade em resolver aqueles problemas e não em seu potencial como um todo!!!!!
É como se a prova escrita representasse um método "engessado" de avaliação, ignorando completamente o dinamismo existente no conhecimento e na avaliação dos candidatos!!!!!
Por isso é que países desenvolvidos evitariam avaliações no estilo prova ou concurso!!!!!!
Neste sentido, os comentários dos dois físicos também entra em perfeita harmonia com o sistema de indicação a que o Adonai se refere!!!!!!
No Brasil, o sistema de indicação não costuma funcionar também, além do que o Adonai já colocou, porque trata-se de indicações pervertidas no sentido de favorecer interesses pessoais de alguns (indicações por camaradagem) do que efetivamente pela competência do indivíduo!!!!!!
É aquela velho (e podre) filosofia: "fulano é amiguinho de beltrano. Beltrano é gente boa, camarada e tem muita estima por fulano. Beltrano também é influente na empresa X. Assim, beltrano indica o amigo fulano ao invés do ciclano, pois o fulano é camarada e o ciclano é um mero desconhecido qualquer".
Boas, Adonai.
ResponderExcluirPois é, para cada “réplica”, eu gostaria de fazer a “tréplica”, mas também estou com pouco tempo disponível, e nessas questões eu ainda prefiro o antigo modo que as pessoas usavam para se comunicar, qual seja, um “falando”, outro “ouvindo”, com o “privilégio” de, além de falar/ouvir, poder ver, rsss. Já foi o tempo em que nossas rotinas diárias nos permitiam tal “privilégio”, não é?
Vou me permitir discutir apenas um ponto, que considero essencial para esclarecer meu modo de pensar sobre essas questões:
Eu não me “ofendi” com o “trecho” sobre "bandeiras vermelhas", até porque muito pouco me preocupam a “cor das bandeiras ideológicas” de cada um. Não posso “mudar de partido”, já que não sou filiado a partido algum, e mesmo tendo certa “afinidade” com o PT, considero o partido muito “centrista”, para o meu “gosto”;
Me perdoe a expressão, mas considero uma bobagem atribuir a um partido político a responsabilidade pelo “atraso de nossa nação”. Se somos atrasados, e, em muitas situações pode-se afirmar que somos mesmo, isso diz respeito a nossa história, a todo conjunto da sociedade, não a meras questões de política partidária, a esse, ou aquele partido político;
Eu até poderia-me “ofender” com algumas questões do texto, como exemplo, o modo simplista de ver nosso país, vindo de uma burocrata americana, funcionária do governo de um país acostumado à prática do genocídio, do terrorismo de Estado, da tortura e violação aos direitos humanos de um sem número de outros povos, um país onde boa parte da população é formada por puritanos hipócritas da “pior espécie”, espalhando o horror da guerra para fazer frente a suas necessidades econômicas, mas, acho que nem isso me ofende. Penso que já estou até cansado de ter vergonha de pertencer a “mesma espécie” que alguns dos seres mais abjetos que já pisaram sobre a Terra;
Enfim, meu Caro, eu sou um eterno apaixonado por esse país, com seus defeitos e virtudes, e faço tudo que posso para colaborar com seu engrandecimento, ainda que faça pouco.
Suzan
ResponderExcluirEu não estou "incentivando" a cópia, apenas fiz referência ao "modo de pensar" do 1º Ministro Japonês Takeo Fukuda, em algum momento da história (também não sei sobre que condições), num país cujo povo teve um processo civilizatório muito mais avançado que o nosso, representado por uma eterna "República dos Carimbos";
Na verdade, tenho verdadeira ojeriza ao plágio, que considero uma forma covarde para tentar se obter vantagem pessoal.
Adonai
ResponderExcluirSe me permite ainda, como sugestão sobre o trabalho de nossos pesquisadores, acho que merecia espaço nesse blog uma postagem sobre o Neurocientista Miguel Nicolellis, um dos grandes gênios da nossa Pátria, em sua defesa de nossa "soberania intelectual".
Engraçado, a primeira coisa que me veio à cabeça quando fui escrever um post foi "mas não há interesse no governo em acabar com a pirataria", o que não deixa de ser verdade de certa forma. Mas não passou nem de perto a idéia de que o meu interesse é o interesse do governo. Mudar esse tipo de concepção pode ser um dos primeiros passos.
ResponderExcluirOutra idéia que me veio à cabeça foi de apenas falta de empenho para as instituições de ensino, não que não seja importante. Mas com a forma de como o sistema esta funcionando a partir de suas convicções, é como dar uma duas Uzis para o Assassino de Relego ao invés de dois revólveres calibre 38. O fundamental é mudar a visão dos educadores.
Se estas duas primeiras realizações que tive acontecerem, a população iria forçar o governo a diminuir os impostos, e o mais importante quebrar o monopólio de certas marcas para certos produtos (no qual acho que realmente seja o principal fator dos altos custos para a compra). Pois o principal argumento de toda pessoa que apóia a pirataria é de que a margem dos preços é muito alta, e prefere dar o seu dinheiro ao criminoso que não está usando terno.
Mas definitivamente uma reforma judicial cairia muito bem também.
Desculpe, mas discordo do post.
ResponderExcluirViolação de copyright é um problema frequentemente exagerado, por vezes inexistente. Apesar do esquema corrupto nojento que existe em torno do negócio, o caso do tênis falsificado é um (ou dois) bom exemplo disso: ou o tênis 1) é vendido como genuíno, caro, ou 2) é uma cópia barata, vendida barato. No primeiro caso, o atentado ao copyright da marca é quase irrelevante - a vítima nesse caso é o consumidor, e é a fraude que ele sofre o crime a ser combatido. No segundo caso, a empresa detentora da marca não tem prejuízo algum: quem compra Nike ou Rolex de 30 reais nunca teria dinheiro para comprar o original. Na verdade as empresas lucram com a propaganda gratuita.
Já a conexão da pirataria com a falta de tradição brasileira em produzir ideias é menos que tênue. Assunto complicado mas, já que a comparação internacional se mostra popular no site, me limito a lembrar duas coisas:
1) baixar músicas ilegalmente é extremamente comum, inclusive nos EUA:
http://periodicals.faqs.org/201001/2367231391.html
2) Rússia, Índia e China (e Argentina e Chile) pirateiam mais que o Brasil:
http://www.nationmaster.com/graph/cri_sof_pir_rat-crime-software-piracy-rate
Oi, Julio
ResponderExcluirSobre o trabalho do Nicolelis acho improvável que eu publique algo por aqui, apesar da evidente importância e pioneirismo de seu trabalho. Isso porque tenho minhas limitações e nada sei sobre neurociêncas. Mas sobre outros nomes publicarei em postagens futuras, incluindo Waldyr Rodrigues, que também esqueci de mencionar.
De qualquer modo agradeço pelas contribuições.
Leandro
ResponderExcluirQuando fiz pós-doutorado em Stanford, ninguém de lá pediu para ver qualquer diploma meu. Quando fui pesquisador visitante na University of South Carolina, mesma coisa. O que se avalia é mérito, um conceito muito vago e distorcido no Brasil.
Mas é importante insistir que o sistema da indicação funciona nos países desenvolvidos porque lá as instituições pilares da sociedade são fortes. Pessoas de má índole existem em qualquer lugar. Mas, em um país desenvolvido, se a pessoa for "pega no flagra" ela fica com a vida bem complicada. Aqui a impunidade é regra.
Leandro
ResponderExcluirAcabei me descuidando em minhas respostas aos seus comentários. Aqui vai um complemento.
Uma das postagens que colocarei no ar dentro de poucas semanas (já está escrita) é sobre uma experiência que tive ministrando uma palestra para alunos de quarta série do primário. Aquilo foi muito revelador sobre iniciativas possíveis para as séries iniciais. Minha proposta basicamente é instigar as crianças a pensar em questões que as deixem desnorteadas. Crianças têm curiosidade natural. São os adultos que fazem de tudo para transformá-las em zumbis sem opinião própria. Uma amiga minha, quando criança, perguntava de tudo para o pai. Um dia o pai se incomodou com aquilo e disse que a curiosidade matou o gato. Ela então perguntou o que o gato queria saber. Isso é simplesmente genial. Adoro a criançada.
Com relação ao Feynman e sua estada no Brasil, isso também será colocado aqui provavelmente este mês ainda.
Na verdade me obriguei a mudar a agenda de postagens em virtude de um comentário seu sobre Georges Ifrah. Este será o próximo texto: como ler um livro de matemática.
Wilson
ResponderExcluirÉ exatamente isso! E se me permite complementar seu comentário, deveríamos seguir a política inglesa e francesa: o governo deve temer o povo e não o contrário.
Claro professor, obrigado por complementar. Mas eu gostaria de fazer uma pergunta agora. O professor conhece algum grupo de professores e/ou alunos, no qual pretende ou já tenta reformular a nossa maneira de ensinar?
ExcluirApenas para esclarecer um comentário do Julio Cruzeta, ele e eu fomos amigos de infância. Fazíamos parte de uma vizinhança atípica (Julio Cruzeta, Anderson Chaves, Alan e Aurélio Sant'Anna, Luis Fernando Nunes, Gilberto Branco, Epaminondas Franco e outros) que adoravam discutir sobre ciência, história, música, filosofia, cultura geral. Todos viemos de famílias que apoiavam esse tipo de iniciativa ou, pelo menos, não atrapalhavam. É aí que começa tudo: família.
ResponderExcluirUau, Stafusa
ResponderExcluirFiquei surpreso agora. Você foi um dos melhores alunos que tive em toda a minha carreira. Essa realmente me surpreendeu. Usando a mesma base de dados que você mostra, fica evidente que a maior parte dos países com tradição na produção de conhecimento pirateiam menos softwares do que o Brasil: Polônia, Itália, França, Irlanda, Canadá, Alemanha (país onde você mesmo vive), Reino Unido, Israel, Dinamarca, Suécia, Japão, Estados Unidos, Suíça. É claro que a falta de tradição na produção de ideias não é o único responsável pela violação de copyright. Mas o peso desse fator, de acordo com os dados que você mesmo aponta, é praticamente determinante. Leia novamente os dados do site, cujo conteúdo, aliás, eu já conhecia.
Com relação aos seus primeiros argumentos, fiquei pasmado. Dizer que pirataria de calçados é propaganda gratuita para o fabricante legítimo foi exatamente o discurso do senhor A, o criminoso que entrevistei. Se fosse propaganda, não haveria tanto investimento em combate ao crime por parte das marcas que acompanhei de perto. Você leu mesmo a postagem? E dizer que apenas na compra da marca legítima o consumidor é prejudicado é um disparate sem precedente. Você já viu de perto a qualidade desses calçados falsos? Eu vi. E garanto que aquilo faz muito mal para quem usa.
Aliás, Stafusa, é importante observar algo mais. Dos países que você citou como pirateando mais softwares do que o Brasil, vale notar que a ciência da Russia, India, China e Argentina está em brutal queda há algum tempo. Do Chile não tenho dados. No caso da Russia e Argentina o problema é econômico. Na India se aprende a produzir muito conhecimento tecnológico, mas aqueles que se destacam migram para países como Estados Unidos, pois não há emprego na terra onde nasceram. E a China vive uma realidade mais complicada ainda. Por que você acha que tantos chineses migram para EUA, Brasil, Itália, França e outras nações?
ResponderExcluirOu seja, não basta ter tradição na produção de ideias. Tem que manter essa tradição.
Caro Adonai,
ResponderExcluirmanifestei minha opinião sabendo que desapontaria mas, em prol da discussão, fui em frente. E continuo.
Claro que li a postagem, mas pelo visto não consegui ser bem claro no argumento do tênis. Repito: "tênis falsificado é um (ou dois) bom exemplo disso: ou o tênis 1) é vendido *como* [se fosse] genuíno, caro, ou 2) é uma cópia barata, vendida barato.".
É exatamente pela má qualidade do falsificado que digo que a vítima relevante no caso (1) é o comprador enganado.
E continuo não vendo contra-argumento ao fato de que quem compra artigo de luxo falsificado não tem dinheiro para comprar o original e, portanto, os diferentes produtos (imitação e genuíno) se destinam a mercados diferentes, não competindo diretamente.
E a comparação internacional continua não sendo convincente:
"a maior parte dos países com tradição na produção de conhecimento pirateiam menos softwares do que o Brasil"
Quase todos os países da sua lista têm também em comum: serem ricos, terem softwares mais baratos, uma distribuição de renda muito melhor que a do Brasil e um forte combate à pirataria. Esse cenário, especialmente o último ponto, é o que leva a menos pirataria, não tradição intelectual.
Só a Polônia é um bom exemplo: tem uma tradição bem maior em produção de ideias, mas não é rica - e está basicamente empatada com o Brasil em pirataria.
(O PIB per capita da Polônia é basicamente igual ao nosso (maior, se corrigido pelo poder de compra) e o IDH melhor.)
Pois é, Stafusa
ResponderExcluirSeus insistentes argumentos, confesso, me parecem um tanto bizarros. Qual seria exatamente a diferença entre tênis que é vendido como se fosse genuíno e aquele que é cópia barata? Tecnicamente entendo que há falsificações que somente especialistas conseguem identificar. Mas ainda continua existindo o desrespeito à propriedade intelectual. E isso por si só é crime contra a economia e representa um atraso social com consequências graves ao país (bem mais graves do que você evidentemente possa se dar conta).
Com relação à sua estranha visão de um mercado distinto formado por pessoas que compram artigos de luxo falsificados, não consigo ver o baixo poder de compra como o principal responsável. Eu mesmo tive uma infância de recursos econômicos bem limitados. Nescau, por exemplo, era comprado apenas uma vez por ano e apenas uma lata. Mas sabíamos a diferença entre certo e errado. Não faltaram oportunidades para comprar falsificações. Mas não o fazíamos. A questão é educação, pura e simples.
Quanto à lista de países, ela não é minha. Foi você quem trouxe esse elemento à discussão. E se a maioria dos países com tradição na produção de conhecimentos é mais rica do que o Brasil, garanto que isso não é mera coincidência. Por isso insisto neste assunto. Conhecimento beneficia sociedades inteiras, inclusive do ponto de vista econômico. Praticamente todas as marcas que se consome no Brasil são estrangeiras: Colgate, Mitsubishi, Ford etc. São os criadores que ganham e não os copiadores.
Quanto à Polônia, de fato ela tem mais tradição na produção de conhecimento. Mas, ainda assim, o que fez a Polônia brilhar no cenário internacional foram a matemática e a lógica. Outras áreas precisam ser melhor exploradas.
O trabalho é árduo. Não há solução fácil para as injustiças sociais. E minha esperança é que um jovem incrivelmente brilhante como você perceba isso. Repito algo que já foi colocado na postagem. Escrevi aqui somente uma pequena porção do que sei sobre a pirataria e os descaminhos econômicos. O tema vai muito além do que postei, passando inclusive por pornografia infantil.
Sei que na UFPR e outras universidades públicas do país se usam sistematicamente softwares pirateados. Ou seja, a suposta elite intelectual daqui é simplesmente obtusa. Mas uma pessoa como você, usando esse tipo de argumento, me causa profunda perplexidade.
Posso soar utópica, confusa e leviana, mas tenho algumas considerações:
ResponderExcluirQual a relação entre propriedade intelectual e quem irá consumir tal idéia?
Admito. Baixo filmes, baixo música e baixo inclusive livros em meu computador.
Mas também, quando gosto muito mesmo de algo, compro.
E adoraria comprar todos os outros. Mas não posso. Porque recebo pouco, e esse pouco é organizado para minha sobrevivência.
Tenho curso superior, trabalho honestamente muitas vezes mais do que 8h por dia e mesmo assim, para consumir tais idéias no volume que quero preciso ser uma "pirata".
Pode a sede de conhecimento e prazer pela literatura e música, seja qual for, ser impedida pela falta de valorização e remuneração do mercado para com o trabalho que realizo?
Então chegamos em outro ponto.
Falo do pouco que sei: a porcentagem que as gravadoras, editoras, produtoras recebem em relação a remuneração é bem maior do que quem as de fato produz.
Eles tem custos? Sim. O autores também, com certeza. E eu e todo o resto das pessoas também tem.
É justo? Hoje, acredito que não.
Não tenho pretensões de levantar discussões acaloradas sobre os problemas do sistema em um simples comentário. Mas é algo a se pensar, no mínimo. Que, infelizmente, para satisfazer a minha demanda, eu tenha de buscar outros meios. Não acho justo, tenho consciência do que faço, mas também compreendo minha própria realidade.
Soa egoísta, sim.
Mas não nasci em condições financeiras favoráveis a esse sistema. embora um dia talvez eu chegue lá e pague por todos os direitos autorais. Mas só consigo enxergar como chegar lá com a ajuda de um prévio "roubo" dos mesmos.
Qual a linha entre engrandecimento pessoal e egoísmo? Uma boa pessoa esclarecida pode fazer de seu mundo um lugar melhor, não pode?
Ou isso é Robin Hood demais?
Adonai,
ResponderExcluirnão tenho interesse numa ética que valorize empresas acima de pessoas. Essa é a única mensagem no exemplo (1) do tênis: a vítima mais relevante, na venda de uma falsificação no lugar do original, é o comprador enganado, não a dona da marca. Exemplo extremo disso são remédios falsificados: na minha escala de valores, os pacientes prejudicados pelas falsificações são infinitamente mais importantes que qualquer companhia farmacêutica com copyrights violados. Você parece discordar, uma vez que considera o argumento bizarro.
Mas isso é detalhe. O que realmente me decepciona nessa discussão é a aparente falta de cuidado ao estabelecer relações causais.
Conhecimento leva a desenvolvimento. Check.
Mas, *por favor*: a partir de que momento na nossa história a pirataria passou a ser a causa de nossa baixa produção intelectual?
Pesquisadores deixaram de escrever livros porque sabiam que acabariam xerocados?
Músicos desistiram das carreiras por causa de CD's pirateados?
Enfim, nos falta uma cultura de inovação, claro, e isso contribui para nosso atraso, certo. Mas onde estão os dados e argumentos mostrando que é a prevalência da pirataria que *causa* nossa baixa produtividade em ideias?
Adonai, te respeito mais do que o bastante para acreditar que você possa ter razão - mas não posso deixar de admitir que seus argumentos (ou a falta deles) falham em me convencer.
Mas não fique "perplexo" e lamentando minha obtusidade nesse assunto: por favor me explique melhor e, se meus argumentos são infundados, os desconstrua! Se insisto neles é por serem aparentemente ignorados ou incompreendidos. Para dar um único exemplo, qual é a falha no argumento de que é o maior combate à pirataria (e não a tradição intelectual) dos países ricos que leva à prevalência mais baixa da pirataria neles?
Ana Paula
ResponderExcluirÉ um pesadelo responder pessoas como você, dado o caráter antagônico de seu texto. Por um lado você valoriza o conhecimento e, por outro, corajosamente admite violar propriedade intelectual. Eu adoraria viver em um mundo no qual não existisse a noção de posse. Mas mesmo nas chamadas comunidades alternativas, sem o direito à posse, elas não duram muito tempo.
Vamos à primeira pergunta: "Qual a relação entre propriedade intelectual e quem irá consumir tal ideia?" As relações são inúmeras, mas citarei apenas uma, que é muito marcante: o consumidor é um poderoso incentivo ao produtor da ideia. E, sem estímulos, menos ideias são produzidas.
Entendo suas justificativas econômicas para a prática da pirataria. Mas mesmo justificando, continua sendo crime e continua sendo prejudicial para a sociedade. Realmente lamento por isso, mas é a realidade de hoje.
Com relação às gravadoras receberem percentuais maiores do que artistas (e o mesmo vale para editoras versus autores), tenha em mente que a tarefa mais complicada e cara em qualquer processo de veiculação (seja de música, filmes ou livros) é a distribuição. Se a produção de um filme, por exemplo, custa 100 milhões de dólares, a distribuição consome cerca de 40 ou 60 milhões. Proporções não muito diferentes se aplicam a outras obras. Ou seja, quem mais investe dinheiro e, consequentemente, assume maior risco, é o empresário e não o artista. Se o empresário ganha mais, isso não me parece ser um problema.
Você ainda pergunta: "Uma boa pessoa esclarecida pode fazer de seu mundo um lugar melhor, não pode?" Realmente pode. Mas pessoas boas e esclarecidas também podem fazer o mal. A história está repleta de exemplos (Gauss, Heisenberg, muitos dos cientistas do Projeto Manhatan etc.).
Na minha opinião (e é apenas uma opinião, nada além disso), as pessoas mais perigosas não são aquelas rotuladas como más ou as ignorantes. As pessoas mais perigosas são as inflexíveis, que jamais cogitam a possibilidade de estarem erradas. Se você pelo menos pensa a respeito dos assuntos aqui tratados, isso me parece uma clara demonstração de que há chances reais de você tomar atitudes mais construtivas do que os radicais que definitivamente nada de mal percebem na prática da pirataria.
Stafusa
ResponderExcluirVocê afirma: "não tenho interesse numa ética que valorize empresas acima de pessoas." Isso é radicalismo. A vida de muitas pessoas depende de empresas e, por outro lado, empresas são formadas por pessoas. Uma visão mais cuidadosa se preocuparia com as relações entre diferentes segmentos sociais: iniciativa privada, cidadão, escola, governo, saúde etc.
Você pergunta: "a partir de que momento na nossa história a pirataria passou a ser a causa de nossa baixa produção intelectual?" Leia o título da postagem. Eu jamais disse isso. A tese que defendo é que um dos fatores que fortemente favorece a pirataria como prática aceitável é nossa baixa produção intelectual.
Você pergunta: "qual é a falha no argumento de que é o maior combate à pirataria (e não a tradição intelectual) dos países ricos que leva à prevalência mais baixa da pirataria neles?"
Meus argumentos não são definitivos, Stafusa. Nada neste mundo me parece definitivo. Se você não se convence, então por que insiste em dizer isso? Para mim parece natural que pessoas esclarecidas, e com um mínimo de empatia para com o próximo, combatam mais a pirataria do que aqueles que não têm ideia do que é uma ideia. Só isso. Mas se você prefere insistir por outro caminho, ignorando a muito provável relação entre ignorância (falta de tradição na produção intelectual) e caos social (desordem econômica), siga-o. Nada farei para impedi-lo.
Ana Paula
ResponderExcluirvc, por acaso, já estudou ou leu algum título sobre o tema Lógica?????
Se não, recomendo fortemente que o faça!!!!!
Não precisa se tratar de textos formais e elaborados de Lógica no sentido estritamente técnico, tampouco sistemas de lógica não-clássica como as lógicas paraconsistente, paracompleta, fuzzy, lógicas trivalentes, dentre outras existentes.
Basta um livro introdutório sobre Lógica Clássica e lógica bivalente para entender as falhas e os absurdos cometidos por argumentações neste sentido, que vc procura justificar!!!!!
Os raciocínios e argumentações que apresentam quaisquer valores de natureza emocional, comportamental, apelativo, de favorecimento pessoal e, porque não, também de natureza política podem não apresentar (e geralmente não apresentam na maioria dos casos) qualquer valor lógico embutido!!!!!
E isto incorre naquilo que se conhece como "Falácias Lógicas"!!!!!!
Em outras palavras, falácias lógicas são justamente aqueles argumentos que apresentam qualquer valor (emocional, político, apelativo, entre outros) exceto o valor lógico por si só, que é o que efetivamente interessa se queremos valorizar a razão, a racionalidade e o bom e correto raciocínio!!!!!!
São justamente estes valores voltados para o bom raciocínio e o desenvolvimento da razão como um todo que permitirão (e permitem, desde os primórdios da Humanidade, para quem efetivamente os utiliza) a evolução contínua e constante da nossa Sociedade, bem como da Humanidade como um todo, permitindo também um mundo mais justo e confiável!!!!!
A própria História nos mostra que o fruto de toda a evolução humana já conquistada até aqui decorre única e exclusivamente do bom uso da razão, bem como do raciocínio lógico como um todo!!!!!!
Os valores emocionais, políticos e aqueles aquém à Lógica, por outro lado, têm se mostrado nada mais do que pura conversa fiada, que só atrapalhou o efetivo desenvolvimento das Sociedades como um todo!!!!!!
CONTINUA
Tendo isto em mente, é razoável eleger a Lógica e o raciocínio lógico como um todo, como sendo um dos principais instrumentos (talvez o principal) para o bom desenvolvimento e evolução de toda a espécie humana!!!!!
ResponderExcluirPor outro lado, todos aqueles argumentos que violam a Lógica não passariam de mimimi sem sentido, que apenas atrapalham o desenvolvimento humano!!!!!!
Agora, falando dos seus argumentos em específico, vc parece usar aquele típico raciocínio falacioso conhecido popularmente como "os fins justificam os meios".
É aquela velha história de que "dane-se tudo se o objetivo final for a minha satisfação e meu (pseudo)desenvolvimento", ou mesmo aquela máxima de que "o importante é o resultado e não o processo".
Esses são alguns exemplos de grandes absurdos, insultos e violações ao raciocínio lógico e, por consequência, à própria inteligência humana, uma vez que apela-se para argumentos puramente emotivos, ao invés de racionais, para tentar justificar um comportamento logicamente inconsistente!!!!!
E por que atitudes como "os fins justificam os meios" são logicamente inconsistentes?????
Não sou um profundo conhecedor e estudioso de Lógica, mas eu diria que comportamentos como esse ignoram completamente os valores-verdade das premissas envolvidas e se importam apenas com a conclusão do raciocínio.
Falácias como essa parecem partir do pressuposto de que, por exemplo, se a conclusão é verdadeira (ou correta), então todas as premissas também seriam verdadeiras (ou corretas), assim como a estrutura lógica do argumento seria verdadeira (ou correta). Se não partem desse pressuposto, parecem, por outro lado, assumir que o importante é o resultado final, e nada mais!!!!!
No entanto, não é difícil provar, em outros contextos, que se a conclusão é verdadeira (ou correta), não necessariamente as premissas ou a estrutura argumentativa seguem o mesmo padrão!!!!!!
CONTINUA
Um exemplo que mostra que as premissas são falsas, apesar da conclusão ser verdadeira:
ResponderExcluir1ª premissa) Todo metal é um plástico (F)
2ª premissa) Plásticos são excelentes condutores de eletricidade (F)
Conclusão) Logo, todo metal é um excelente condutor de eletricidade (V)
A implicação disso para "os fins justificam os meios" seria justamente partir do falso pressuposto de que se a conclusão é verdadeira, então as premissas também seriam necessariamente corretas, o que não é verdadeiro!!!!!
Agora, segue um exemplo no qual as premissas são verdadeiras, mas a conclusão é falsa devido a uma má organização da estrutura do raciocínio lógico:
1ª premissa) Cachorros são animais (V)
2ª premissa) Esquilos são animais (V)
Conclusão) Cachorros são esquilos (F)
Neste último caso, é fácil notar que, apesar da veracidade das premissas, a conclusão é falsa.
A implicação disso para a ideia de que "os fins justificam os meios" seria realizar a falsa suposição de que a conclusão estaria necessariamente correta se as premissas também estiverem corretas, levando o indivíduo a crer que "os fins" estariam corretos porque "os meios" estão corretos, o que não é necessariamente verdadeiro!!!!!!!
Como consequência, o indivíduo raciocina que se "os fins" estão corretos (segundo a percepção dele) e "os meios" estão corretos, então "os fins justificariam os meios".
Apesar do raciocínio do indivíduo mostrar-se estruturado, sistemático e, até certo ponto, organizado, isto não eliminaria o fato de tratar-se de um raciocínio logicamente inconsistente!!!!!!
Extrapolando a estrutura de raciocínio dos exemplos anteriores para a sua argumentação, vc estaria assumindo que é justificável piratear propriedade intelectual, dado que a condição financeira de algumas pessoas não permite a aquisição do produto original.
Destrinchando esta argumentação em partes, usando de termos do silogismo, teríamos algo como:
1ª premissa) É correto piratear se eu não disponho de condições financeiras suficientes para adquirir determinado produto;
2ª premissa) Piratear se eu não disponho de condições financeiras suficientes para adquirir determinado produto, permite adquirir o produto, desde que seja pago o devido valor monetário por ele;
Conclusão) Logo, é correto adquirir o produto, desde que seja pago o devido valor monetário por ele.
CONTINUA
Veja que, apesar da conclusão ser verdadeira, não podemos assumir que as premissas também o são, pois estaríamos incorrendo no erro de assumir que a pirataria é correta, dependendo das circunstâncias.
ResponderExcluirE isso é problemático, pois não leva em conta o lado do proprietário da ideia e o prejuízo imposto a ele.
Por mais que se tente justificar como vc fez, isto implicaria em assumir que piratear é correto, mesmo que a sua intenção não seja essa!!!!!!
Afinal, independente de intenções, defender certas colocações implica em, indiretamente, defender outras colocações, mesmo que para vc estas outras colocações se mostrem incorretas.
No entanto, indiretamente e talvez sem perceber, vc acabou defendendo a ideia de que piratear é correto, ou seja, que justifica o baixo padrão monetário daquelas pessoas que não dispõe do capital necessário para adquirir o produto!!!!!
No exemplo do silogismo anterior, o problema da argumentação encontra-se no fato do termo médio ser completamente ignorado, ressaltando apenas a ideia da importância de se adquirir o produto contanto que seja pago algo por ele.
O problema é que o termo médio (que aparece na segunda metade da primeira premissa e na primeira metade da segunda premissa) além de ser incorreto, contradiz a segunda parte da segunda premissa, uma vez que se vc pirateia um produto, vc não está pagando por ele, ao passo que no fim da segunda premissa dá-se a entender que algum valor está sendo pago por ele, mesmo pirateando!!!!!!
Toda essa ignorância acerca do termo médio, ressaltando apenas aquilo que interessa pessoalmente (no sentido egoísta mesmo), faz com que muitos pensem que, apesar de errado piratear, seria uma atitude justificável pois assim, "os fins justificariam os meios", já que o importante seria obter tal produto, e nada mais!!!!!
Estudando Lógica é possível verificar de perto que, ao contrário do que se prega por aí, OS FINS NÃO NECESSARIAMENTE JUSTIFICAM OS MEIOS!!!!!!
Para finalizar, gostaria de pedir desculpas para todos se, por acaso, esta minha linha de raciocínio apresentar falhas graves!!!!!!
Como não sou um profundo conhecedor de Lógica, é bem possível que minhas postagens contenham erros "de arrepiar os cabelos" de pessoas como o Stafusa e o Adonai!!!!!
No entanto, conto com eles (principalmente o Adonai) para corrigirem o que escrevi, já esperando para ser duramente criticado (como o Newton da Costa fazia com seus discípulos) pelas minhas postagens, uma vez que existe a possibilidade de meu texto conter alguns (ou mesmo vários) erros que, eu não duvidaria, podem ser graves!!!!!
Me desculpem, a todos, se cometi erros graves!!!!!
Optei por publicar mesmo assim todo este texto como um modo de tentar pôr em prática o pouco que entendo de Lógica e, ao mesmo tempo, aprender com possíveis erros (graves ou não) que venham a surgir em meu texto para corrigí-los a tempo e, na hipótese de se aproveitar algo do que escrevi, ajudar outros que ainda não conheçam menos sobre Lógica do que eu!!!!!
Desde já agradeço a todos e conto com as observações e correções do Adonai, já esperando por duras críticas!!!!!
Abraços a todos.
Adonai
ResponderExcluirse, porventura, vc julgar que meu texto representa um desserviço para os demais participantes, no sentido de desorientá-los ao invés de ajudá-los a aprender Lógica corretamente e mais a fundo, sinta-se a vontade para ignorá-lo e descartá-lo caso seja necessário.
Creio que a publicação do meu texto só será útil se algo de bom puder ser extraído dele!!!!!
Seja como for, gostaria que vc decidisse, visto que conhece do assunto "n" vezes mais do que eu e muitas outras pessoas!!!!!
Abraços.
Por incrível que pareca, acabo de assistir a um documentário no qual se credita a revolução industrial japonesa e chinesa à mudança nas regras de propriedade privada, mais radical no primeiro do que no segundo em função das políticas intervencionistas americanas. A tese não é nova, todavia. De fato, Douglas North (1981) theoriza o desenvolimento economico histórico em função de três fatores: 1) propriedade privada (em sua incepção, susseranos garantiam segurança e acesso à terra aos vassalos); 2) Estado, o qual garante o funcionamento da economia por meio da capacidade de coerção; 3) ideologia que é o resultado do investimento do Estado em legitimidade para formar o consenso sobre a forma como as coisas devem operar. Em teu artigo, encontro referênicas aos ítens 2 (capacidade institucional) e 3 (papel da educação - ou hegemonia (Gramsci), ou aparelhos ideológicos do Estado (Althusser)). Assim, fica a sugestão para o desenvolvimento do tópico sobre os efeitos econômicos resultantes do respeito à propriedade privada.
ResponderExcluirLinks:
http://www.amazon.com/Structure-Change-Economic-History-Douglass/dp/039395241X
http://www.wttw.com/main.taf?p=7,13,1,9
Leandro
ResponderExcluirOs únicos comentários que não são bem-vindos são aqueles que apelam a vocabulário chulo ou ataques pessoais. Ou seja, sinta-se à vontade para escrever. Mas apenas peço para refletir melhor sobre sua crença na razão. Recomendo o livro O Irracional, de Gilles Gaston Granger. Nesta fabulosa obra ele defende a necessidade de posturas irracionais no desenvolvimento da ciência, incluindo a matemática.
Também não pense que tenho conhecimentos profundos de lógica. É possível contar nos dedos de uma só mão as pessoas espalhadas pelo mundo que conhecem profundamente lógica. No meu caso, não tenho conhecimento profundo de coisa alguma. O que tenho é curiosidade, nada mais.
Uma nota de esclarecimento
ResponderExcluirO comentário feito logo acima por CM foi solicitado pessoalmente por mim. Ele havia escrito sobre isso no facebook e pedi para reproduzir aqui com detalhes, pois o tema é fascinante.
Agradeço pela valiosa colaboração.
Bem, não vejo muito avanço no entendimento, por qualquer os lados dessa discussão, e claramente já abusei da paciência do Adonai. Melhor passar apenas a leitor.
ResponderExcluirComo última tentativa de contribuir para a discussão, chamo a atenção para um só ponto até agora não mencionado:
o 'bad timming' para a defesa dos direitos autorais: em seu nome em todo o mundo se está fazendo uma pressão pelo aumento do controle e vigilância sobre nós, tanto pelo Estado como por companhias, num movimento de violação à privacidade e ameaça às liberdades de informação e expressão.
Nesse sentido, é instrutivo considerar quem, nos EUA, é a favor de ou contra o "Stop Online Piracy Act", o último projeto de lei por lá visando proteger direitos autorais através de uma maior regulamentação da internet:
- Contra:
a maioria das empresas de tecnologia e conhecimento, como Google, Yahoo! e a Wikimedia Foundation;
entidades de proteção aos direitos humanos e liberdade de expressão, como os Repórteres sem Fronteiras, o Human Rights Watch e a American Civil Liberties Union;
muitos outros, e.g., The New York Times, Los Angeles Times, American Library Association, Creative Commons, WordPress,...
- A favor:
a indústria de entretenimento em peso (tv a cabo, estúdios, etc.) como a Warner, Sony, Disney e a News Corporation (Fox e Cia.);
e outros (sem comentários), como a Associação dos Banqueiros Americanos, Visa, Pfizer,...
Fácil ver quais os interesses envolvidos.
Stafusa
ResponderExcluirEste seu último comentário foi bastante interessante. Minha única observação é sobre sua frase "Fácil ver quais os interesses envolvidos." Se algo é fácil de ver, é trivial e não merece atenção. Como o tema da pirataria é não-trivial (basta acompanhar as infindáveis discussões), certamente não é fácil de ver. Todo cuidado é pouco.
Creio que você tem razão em muitos pontos, embora eu discorde da sua opinião sobre o PT (como todo partido tem aproveitador e tem gente boa). Acho que o grande problema da pirataria ainda está em quem produz o produto falso, não quem compra ou vende, o camelô é tão vítima da situação quanto o comprador. O cara que vende uma camiseta do flamengo falsa não tem outra opção de emprego e o cara que compra uma falsa por R$50 jamais compraria uma original por R$150, tanto por falta de dinheiro mesmo quando por falta de educação. Pelo lado econômico tem o problema da falta de coleta de impostos, lavagem de dinheiro, contrabando, etc., mas acredito que com o tempo isso diminua, nos EUA tem isso também, mas não tão descarado como aqui. Não vejo mais DVDs pirata tão descaradamente sendo vendidos como antes, mas ainda tem muita roupa e calçado falso em grandes lojas de qualquer cidade brasileira.
ResponderExcluirLuisandro
ResponderExcluirUm dos pontos sobre os quais insisto em várias postagens é o caráter de rede das sociedades contemporâneas. A responsabilidade é de todos nós. Pode mudar o caráter da responsabilidade, mas não o peso.
Olá Professor Adonai,
ResponderExcluirSou um (ex) aluno seu e em geral gosto do seu blog, interessante, tal qual suas aulas. Quando vi o seu Post, ao inves de postar a respeito da pirataria, da producão intelectual ou da relacão entre ambos, fique mais interessado em saber quando sairá o filme? Alguma ideia? (apesar de tb estar morando fora do Brasil, vou tentar não baixar ele. :P ).
Abracos
Gustavo
ResponderExcluirTive muitos alunos com o nome Gustavo. Poderia me localizar melhor sobre sua identidade? E em qual país está morando? É apenas curiosidade.
Tenho dois projetos de longa-metragem de ficção com o José Padilha. Um é sobre as universidades federais brasileiras e outro sobre a pirataria. O José me disse que certamente ambos serão realizados. Mas, no momento, não há previsão alguma. Assim que eu tiver notícias (se tiver) aviso por aqui mesmo. Cinema é muito diferente de produção científica. Em ciência, quando se produz algo bom, a publicação é garantida. Já a produção de filmes é uma incerteza sem fim. Até mesmo Stanley Kubrick foi obrigado a cancelar a produção de um filme extremamente promissor sobre Napoleão Bonaparte.
Recentemente um roteiro meu (em parceria com meu filho) virou um curta-metragem exibido pela televisão. Mas o resultado final ficou horroroso, até porque o roteiro original foi severamente mudado sem autorização minha.
Pelo menos no que depender de competência, Padilha é uma ótima referência.
Ops, esqueci de colocar mais informacões. Gustavo Baldissera, Fiz física e fui seu aluno em cálculo em 2001, na mesma turma do Gabriel (que, pelo que lembro, fez IC contigo e não me lembro o nome completo) e alguns anos depois do Stafusa, que alias, tive o prazer de ter muitas discussões diversas! Hoje moro na Suécia, estou por aqui fazendo meu doutorado, sem planos futuros por enquanto.
ResponderExcluirA respeito do filme, entendo a problemática, quando estava no Brasil era acostumando a acompanhar filmes e os de meu interesse, a producão, por isso perguntei. Como você comentou que a três anos atrás foi contatato, achei que talvez já tivesse alguma notícia a respeito da producão. Porém, sei que isso pode demorar. Mas também sei esperar.
E alias, caso tenha alguma informacao de como eu posso ver o curta, eu acharia interessante.
E é uma pena que as vezes uma boa história seja perdida por uma adaptacão ruim. Mas isso, infelizmente, é bem comum. Gosto de quadrinhos e muitas vezes, se vê o mesmo problema, um rico e perfeito desenho original e uma arte final sem graca alguma. Exatamente pois o responsável final ou foi preguicoso, negligente ou apenas não se dispos a aceitar uma boa obra (que não era sua) e apenas fazer o que era necessário para manter ela em seu nível e/ou melhora-lá. Mas isso as vezes entra outras questões em jogo, como público e afins (mais no caso da TV e filmes).
De qualquer maneira, estarei no aguardo por novos posts ou filmes.
Caríssimo Gustavo
ResponderExcluirÉ ótimo reencontrá-lo por aqui. O sobrenome do Gabriel é Guerrer. Ele também é extremamente talentoso (tendo sido entrevistado até mesmo pela Rolling Stone Brasil). Com o Stafusa também mantenho contato de tempos em tempos. Ele está casado, é pai e mora na Alemanha.
O tal do curta-metragem está em
http://www.youtube.com/watch?v=ijmUk8zkQTk
Já que você gosta de quadrinhos, recomendo o Logicomix. Neste comic book o herói é Bertrand Russell. Absolutamente sensacional.
Detalhes em http://www.logicomix.com/en/
Espero que você jamais retorne à UFPR. Você merece muito mais do que isso.
Adonai, não poste com meu nome, estou só repassando para vc postar aqui com seu nome mesmo!
ResponderExcluirhttp://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI6192822-EI12884,00-Pirataria+pode+dar+de+a+anos+de+prisao+no+Japao.html
Susan
ExcluirDesculpa. Na última leva de comentários havia nove para serem moderados e eventualmente respondidos. De qualquer forma agradeço pela colaboração. Assim que eu puder, lerei o texto.
Desculpe, só mais este link
ResponderExcluirhttp://www2.uol.com.br/sciam/artigos/hollywood_matou_a_estrela_de_video.html
Adonai: "O que você efetivamente fará para mudar esta realidade?". --- Sugiro que Adonai apague tudo sobre educação da sua memória e acompanhe o raciocínio, mente livre frouxa franca aberta: A) considerar Fundamental 9 + Médio 3 + Superior 5/6; ensino é uma coisa e educação é outra coisa; ensino trabalha com teorias universais; educação lida com objetividades de época; B) ensino objetivamente incute/induz/instala/produz na mente do indivíduo a disciplina e o rigor no pensar (cognitivo); a disciplina diz respeito à eficiência, produzir o necessário, fazer bem/correto, atender ao solicitado no tempo indicado (meta); o rigor diz respeito à eficácia, gerar uma suficiência, propor a versão, bancar a novidade/estranheza/propriedade (precisão); C) educação subjetivamente aconselha/exorta/alerta/recomenda/sugere/apresenta à mente do indivíduo o rigor. --- Reparar que educação não tem nada a ver com disciplina (eficiência) e, tão somente tudo a ver com rigor (eficácia). Reparar que ensino é simples (objetivamente: sim ou não) de proporcionar enquanto que educação é complexo (subjetivamente: sim e/ou não). Tudo bem até aqui?
ResponderExcluirRigor
ExcluirApenas lamento sua visão compartimentalizada e sem qualificação.
"Qualificação"? Esquece! "Compartimentalizada"? Espera para ver! --- Li o artigo na SAB/fev/2013; oportuníssimo; proponho questão a partir da distinção de ensino complementado pela educação (faces de moeda) para o Básico (Fundamental+Médio). --- A escola e o lar estão absurdamente (ou estupidamente) descolados; por analogia imaginar o impossível na moeda da "cara" descolada da "coroa". Analogia é uma ferramenta de primeira ordem na educação; no ensino é inútil já que está tudo objetivamente posto nos livros e explanado pelos educadores. --- Com a analogia - aplicada continuadamente na educação - além de distinguir necessário de suficiente, cena de cenário, circunstância de contexto, eficiência de eficácia será feita a distinção entre subjetivo e objetivo. --- Dá de perceber por meio de bem pensadas observações que "nas melhores famílias" a educação é levada por "n" analogias durante fase de crescimento/formação nas idades de crianças/jovenzitos. Evidente que os pais/familiares procedem naturalmente/intuitivamenter/empiricamente, sem pensar nas analogias como ferramenta principal da educação. Daí uma chance de peitar/censurar no estabelecimento escolar: o professorado ignora a analogia, não faz a mínima ideia da utilidade na educação. Reitero que ensino é forcejar objetividades sem tréguas enquanto que educação admite elevada subjetividade "resolvida" ou seja objetivada por analogias (e figurações). --- Tem mais!
ExcluirTrecho no SAB: "Médicos, psicólogos... contam com o apoio de códigos de éticas para padrões de qualidade/proteção/punição...". --- Considerar que a diferença (everéstica) entre profissional liberal e professor está no lidar eticamente com "indivíduo/cliente/totalidade" e lidar seriação e/ou progressão continuada com "turma/classe/etapa". Considerar que o código de ética no magistério existe e funciona plenamente: a) ministrar o conteúdo no prazo estipulado; b) obter o máximo possível de aproveitamento; c) reparar que o código de ética no ensino inclui conflito irresolvível entre objetividade "conteúdo no prazo" e subjetividade "aproveitamento possível"; d) o código de ética –humanamente correto - no ensino não intenciona interditar plenamente maneiros/jeitinhos. --- Adotada concepção de "moeda" com "cara" ensino e "coroa" educação surgiria o profissional da educação com especialização distinta do profissional do ensino. Trabalhariam em mesmos ambientes juntos aos mesmos indivíduos em momentos distintos com abordagens absolutamente distintas e repercussões distintas junto aos lares/familiares. Não haveria educação sem ensino e vice-versa: a educação "forcejaria" acompanhando a escalada de "forcejos" do ensino.
ExcluirSó para constar. O artigo na minha revista SAB/Fev 2013 está "cheio de bolas": cada "bola" dá destaque para uma colocação importante, uma ideia novidadeira, um senso comum diferentemente abordado; deve haver limite para as tais de "bolas" pois no caso de muitas "bolas" surge a inutilidade já que salientar "tudo" é o mesmo que "nada" salientar". --- SAB: "O Brasil simplesmente não compete". Isso é do senso comum nacional só facilita salientar no caso de constar em edição SAB, artigo ordenado, parágrafo de raciocínio, frase estilo "é isso meu, e fim de papo". --- "O Brasil simplesmente não compete". Acompanhar exposição: A) imaginar na sala de aula, classe de miúdos/pirralhos, concluído período "ensino 40 min" muda o orientador e inicia o período "educação 10 minutinhos"; B) a profe apresenta para a classe imagem de "água jorrando"; pode ser projeção no quadro/cartaz/esquema desenhado; tudo levado num "passe da mágica" rapidamente pois o tempo é curto e deve haver surpresa; que sejam apresentados torneira, mangueira, chuveiro, barragem, cano estourado, calha pra chuva, chaleira, jorrar água pela boca; C) profe dá destaque: há uma "suficiência" em volume de água, há uma "eficiência" de operação aplicada à água, há uma "necessidade" de vasão de água; pelas imagens dá destaque para volume, operação, vasão; levar tudo rapidinho; D) dar curto tempo para indivíduos anotarem dever de casa e prazo de entrega; dar por encerrado o período com fala "Vejam bem! É trabalho duro! Ninguém pode falhar senão o bicho vai pegar! Boa sorte!"; E) familiares do miúdo estão condicionados (curso dado pela escola) a participarem do "dever de casa" (desenho, relato do evento, citação de coisas incomuns). --- Reparar haver educação referente expressões: "suficiência, eficiência, necessário"; se trata de educação voltada especificamente para vocabulário e situações análogas: um bom começo para implementar interesse competitivo no ambiente escolar.
ExcluirRigor, não sei quanto aos demais, mas eu não entendo o que você diz. Talvez exemplos concretos e referências ajudassem.
ResponderExcluirUm (há outros) ponto de partida é levar para a educação (começar já nos seis aninhos) a distinção entre circunstância e contexto; miúdos dão conta e rapidamente fazem “suas” distinções e daí partir para distinguir necessário de suficiência: há infinidade de situações (domésticas, do ambiente de convivência) para dar uso. Inicialmente, em sala de aula, as gerais/comuns mas loguito estimular as do cotidiano de cada indivíduo: a educação da escola pode ser bancada nos lares, é só fazer os familiares compreenderem e atuarem. Daí ampliar para distinções entre cenas e cenários e, com alguns forcejos de leve para distinguir eficiência de eficácia. Essas são citações "concretas”. Claro que tal educação difere de todo do ensino; tal estranha educação deve ser levada em paralelo ao ensino, intercalar na sala com a classe no mesmo período, fazer colocações conforme a ocasião, em qualquer disciplina (aritmética inclusive).
ExcluirStafusa
ExcluirAcredito que sua indagação esteja respondida.
Rigor, distinguir "cena" e "cenário" parece tão importante quanto distinguir "caçar" e "cassar", mas essa é apenas uma questão de esclarecimento de vocabulário - não compreendo como seus exemplos definem 'educação' e 'ensino'.
ExcluirManja esta Stafusa. Imaginar o "seis aninhos" designado/solicitado/estimulado a distinguir no cotidiano cena de cenário: a) descrever ambiente que seja corredor/rua/sala de aula/recreio escola/janela/mesa/pia e "n" outras; inicialmente só falar mas na primeira chance escrever; b) em tal cenário relatar cena assistida a dar conta dos protagonistas e acontecidos, falar/escrever (estorieta); c) adultos a facilitar vocabulário e junções nos relatos (noveleta); d) recompensar feitos e iniciativas; propor nas classes concurso/competição sobre estorietas/noveletas a respeito de eventos (cenário/cena); e) criar méritos/recompensas para vocabulário, detalhismo e precisão. --- Reparar que já se está a educar "acionando" ambiente, cenário, cena, estorieta, noveleta, vocabulário, detalhamento, precisão. A educação passaria a ser um "eterno acionar" no cognitivo. --- Ora pois está a deslanchar uma primeira "etapa" de educação; no lar os adultos assumem para "não deixar a peteca cair" enquanto que na escola os profissionais gabaritados "forcejam"; se trata de um "nano momentito" dum processo educativo. Nada (de nada!) a ver com o padronizado ensino.
ResponderExcluirOlá Adonai,
ResponderExcluirE como fazemos quando o que queremos não existe mais para vender? Sempre preferi comprar meus livros, ou então fazia um download apenas para ver se era o que eu queria e depois comprá-los. Mas existem livros que estão fora de catálogo e não existem mais! Idem para filmes (que também sempre fiz questão de comprar original)! Inclusive excelentes livros ainda em uso pela academia.
Só para citar um exemplo, o livro "Introdução à Física Estatística" do prof. Salinas. Ele é o livro básico para o início do estudo em física estatística e está fora de catálogo! Na biblioteca não há exemplares o suficiente, não tive outra alternativa senão fazer um download...
Laura
ExcluirNa verdade o problema que você aponta é muito mais grave. O conhecimento científico mais relevante e atual de periódicos especializados frequentemente exige o desembolsar de muito dinheiro. Isso torna o acesso ao conhecimento e à cultura nada democrático.
Minha recomendação é a persistente pressão sobre governos para tornar o acesso à cultura e à ciência mais viável para todos os interessados. Pretendo postar um texto neste blog sobre este problema. Enquanto isso, não posso responder por decisões pessoais suas. Eu mesmo já fiz fotocópia de livros e artigos até mesmo quando cursei o doutorado. Hoje não preciso mais fazer isso. Mas nem por isso justifico meus atos ilegais. Agi sim contra a lei. E não gosto da sensação.
No entanto, meus estudos jamais exigiram a violação de direitos autorais e de cópia sobre filmes e músicas. Por isso simplesmente não pratico pirataria sobre essas mídias. É uma situação extremamente limitante para alguém como eu, pois gosto muito de cinema e música. Mas sou obrigado a conviver com isso.
Só eu que tenho a impressão de que Rigor Crítico está usando propositalmente um vocabulário preciosista?
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