Esta é uma postagem diferente do usual, sobre o mais relevante e difícil tema existente para se discutir: beleza. Por um lado, nada é mais importante do que o belo. Por outro, nada é mais misterioso do que o conceito de beleza.
Mais de dez anos atrás participei de uma reunião com amigos, na qual foi lida uma tradução para o português do poema The Raven, de Edgar Allan Poe. A pessoa que se dispôs a recitar esta consagrada obra da literatura considerava a si mesma como um poeta. No entanto, esta mesma pessoa achou o poema cansativo. Portanto, para este indivíduo, O Corvo não encerra beleza alguma. Para mim, nenhum outro texto escrito é tão belo, nem mesmo em matemática.
Também já conheci cinéfilos que simplesmente não conseguem apreciar o filme 2001 - Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick, o único gênio que existiu no cinema. Mas, para mim, nenhuma outra obra cinematográfica é tão bela quanto esta película lançada em 1968. Chego ao ponto de dizer para amigos e familiares que classifico o cinema em apenas duas categorias: 2001 e o resto.
Então, fica a questão: o que é o belo?
Existem, literalmente, milhares de tratados filosóficos sobre estética e o problema do belo. Mas não estou com a mais remota inclinação de transformar esta postagem em alguma pretensiosa síntese da literatura especializada sobre o tema. Pelo contrário, quero fazer aqui apenas algo que possa ser sentido pelo leitor como belo.
No entanto, qualquer impressão pessoal minha sobre o belo não passa de uma visão estreita e míope, que eventualmente pode ser compartilhada por alguns leitores igualmente míopes e contestada por outros leitores ignorantes sobre a própria miopia intelectual.
Então, como discutir sobre o belo sem apelar à filosofia e sem apelar a uma mera visão pessoal?
A solução que encontrei foi uma e apenas uma: traduzir e transcrever as palavras de um dos mais importantes artistas do século 20 e provavelmente o único que sustenta em sua arte uma tradição com mais de dois mil anos, ao mesmo tempo em que foi extraordinariamente inovador. O nome que escolhi foi Vangelis. Por que escolhi este artista? Porque sinto que suas palavras são cristalinamente honestas e extraordinariamente relevantes, além de intrinsecamente belas.
A música de Vangelis é bela, por conta de vários motivos. Cito apenas dois. Por um lado, Vangelis sempre deixou claro em sua arte que ele mesmo jamais criou uma única música. Vangelis simplesmente capturou a harmonia que já estava lá. Bastava ouvi-la e reproduzi-la. E, por outro lado, este compositor grego tem o seu nome associado a obras já imortalizadas (pelo menos enquanto existir qualquer civilização humana), incluindo as trilhas musicais de grandes filmes, como Carruagens de Fogo, Blade Runner e 1492 - A Conquista do Paraíso.
Seguindo a tradição grega dos grandes pensadores do passado, Vangelis nunca tentou projetar a si mesmo, mas apenas a arte sustentada pela própria arte. Por conta disso, entrevistas com ele são raras. Pouco se sabe sobre a sua vida pessoal. E, de fato, a vida pessoal de um legítimo pensador é absolutamente irrelevante. O que interessa em um pensador é o que ele faz. E o que um pensador faz é expressar seus pensamentos e sentimentos, nada além disso.
Vangelis é um profundo pensador. Mas é um pensador no sentido mais amplo possível da expressão. A linguagem empregada por este genuíno cultivador da beleza é usualmente música, uma linguagem que consegue congregar pessoas de diferentes persuasões políticas, religiosas, sexuais e sociais.
Se o leitor desta postagem não for capaz de sentir as palavras aqui transcritas de uma entrevista com Vangelis, que pelo menos tente sentir a beleza de sua música. E se nenhuma dessas alternativas funcionar, rogo para que busque e cultive a beleza em outras fontes. Mas, sem o contato com o belo, a vida simplesmente carece de qualquer sentido.
Dentro de minhas próprias limitações pessoais sobre o que consigo perceber como belo, reproduzo abaixo as palavras que Vangelis pronunciou nesta que pode ser muito bem a sua última entrevista. Afinal, este inigualável compositor já está com 72 anos de idade.
A entrevista foi concedida ao repórter Tony Harris e transmitida pela Al Jazeera, a maior emissora de televisão jornalística do Catar. A ocasião foi um evento organizado pela United Nations Alliance of Civilizations (UNAOC), uma iniciativa política concebida em 2005 pelo ex-Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan. Trata-se de um grupo de alto nível cuja missão é explorar as raízes da polarização entre sociedades nos dias de hoje. O evento organizado pela UNAOC, no qual Vangelis participou, foi realizado em 2011. Segue abaixo uma transcrição de uma tradução livre dessa entrevista. Até onde sei, esta é a primeira vez que tal entrevista é transcrita.
Meu objetivo aqui é simplesmente disponibilizar em língua portuguesa uma entrevista que não se sustenta na razão, mas no sentir. Ou seja, não há na entrevista abaixo qualquer ponto sobre o qual se possa concordar ou discordar. E espero que o leitor concorde com isso. Basta sentir.
Desejo a todos uma leitura inspiradora.
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Entrevista de Vangelis concedida a Tony Harris
transcrição livre de Adonai Sant'Anna
Vangelis: Acima de tudo, precisamos investir em beleza. Isso porque beleza é harmonia, que vem do caos. No entanto, investimos no caos. Por que investimos no caos? Porque caos é muito mais lucrativo do que paz. Você olha ao redor e percebe que nada é guiado por beleza, seja arquitetura, arte ou o que for. Tudo é destruído. A beleza é como uma válvula de segurança para as pessoas. O mesmo se pode dizer da música. Mas a música de hoje não é bela. A música de hoje é apenas uma maneira para promover publicidade para outras coisas. Isso porque a música tem grande poder. E, através da música, podemos promover publicidade sobre o que quisermos.
Tony Harris: Você viveu a década de 1960. E aquela época foi marcada por muita música. Você pode dizer que a música dos anos 60 foi muito boa ou que não foi tão boa assim. Mas você acha que hoje em dia há alguma chance de surgir música de qualidade excepcional?
Vangelis: Eu não sei. Como você disse, houve muita música. Muita música que eu poderia chamar de música inocente ou música fabricada, e então passamos para uma música manufaturada durante muitos e muitos anos. As gravadoras ficaram muito famintas e a música se tornou um produto. A gravação de música se transformou em uma indústria. O que eu posso dizer? Há alguma coisa errada nisso tudo.
Tony Harris: Claro, mas ainda assim você era parte deste sistema. Foram 50, 51, 52 álbuns seus gravados.
Vangelis: Sim e não. Quando comecei eu tinha a impressão de que, alcançando sucesso, o que felizmente foi o meu caso, eu poderia fazer algo diferente. Mas quanto mais se atinge o sucesso, mais nos tornamos prisioneiros do sistema. As gravadoras não permitem fazer algo diferente.
Tony Harris: O sucesso não compra maior liberdade?
Vangelis: Não. Ao contrário.
Tony Harris: Explique isso! Eu imaginei que, ao conquistar sucesso, você poderia dizer: "Não, eu não vou fazer isso. Eu não vou pegar a estrada e me apresentar em cem cidades durante cem dias."
Vangelis: Olha. Você se torna um produto. A gravadora investe neste produto. Se você é dono da Coca-Cola e deseja mudar o sabor do refrigerante, o que você fará? Você manterá este sabor até o dia de sua morte. Por isso as pessoas continuam fazendo as mesmas coisas o tempo todo! E isso é ridículo. Eu não comecei esta carreira para me tornar um pop star. Eu estava tentando fazer algo. E tive que lutar comigo mesmo e não com os outros. E isso é algo muito difícil, extremamente complicado. Meu interesse é pela música e não ficar famoso.
Tony Harris: Mas você se transformou em uma estrela. Como isso mudou a sua vida? Como isso limitou as suas escolhas?
Vangelis: Limitou as minhas escolhas de expressão. Minhas escolhas para comprar um belo carro ou uma bela casa não foram limitadas. Mas este não é o objetivo. Não é este o propósito. Durante a minha juventude eu achava que o sucesso permitiria fazer mais. Mas não foi o que aconteceu. Permita-me colocar de outra maneira. Você tem a música e tem o compositor. Quem comanda quem? Se a música dirige o compositor, o resultado será honesto e saudável. Se o compositor comandar a música, o resultado será desonesto e industrial. A música é o que há de mais importante.
Tony Harris: Eu adoro as histórias sobre o seu passado. E fico imaginando se elas não se tornaram lendas urbanas. Adoro as histórias sobre como você foi iniciado à música. Como foi isso? Foram sons que despertaram o seu interesse? Você foi apresentado para o piano? Você encontrou o piano? O que foi que aconteceu? A música encontrou você ou foi você que encontrou a música?
Vangelis: Eu não lembro. Apenas recordo estar sentado à frente de um piano.
Tony Harris: Só isso?
Vangelis: Só isso. Até hoje não sei como explicar.
Tony Harris: Isso é incrível. Existem várias pessoas que tiveram carreiras impressionantes sem qualquer educação formal. E você é uma delas. Você teve uma carreira musical incrível e sem formação alguma. Ou seja, como você explica o seu processo criativo, no sentido de ser um veículo para a condução da música?
Vangelis: Usamos o termo "educação formal" para nos referir a escolas de música. Minha educação formal foi a natureza. Meu professor foi a natureza. Meu professor foi a música.
Tony Harris: O que isso significa, Vangelis?
Vangelis: Eu converso com você e vejo música. Eu sou música. Todos são música. É uma equação matemática. É a maneira como você vê as coisas, como você sente as coisas. Ir a uma escola não significa que você se transformará em um músico. A maioria das escolas ensina repertório, mas não música. Música é algo diferente. Não é o que as pessoas pensam. Hoje em dia as pessoas distorcem muitas coisas importantes. Falam sobre paz e distorcem isso. Falam sobre amor e o distorcem. Falam sobre música e distorcem a música. Todos deveríamos pensar de vez em quando, talvez à noite, quando estamos sozinhos. Deveríamos pensar o que é música, o que é amor. Mas não deveríamos pensar nos clichés sobre essas ideias.
Tony Harris: Então você pensa profundamente sobre esses assuntos?
Vangelis: Claro! São estes os assuntos mais importantes!
Tony Harris: E você chegou a alguma conclusão sobre música e amor?
Vangelis: Certamente! É o que estou dizendo desde o início. Meu professor de música é a natureza. Minha conclusão é que música e natureza são a mesma coisa. O universo é música. Você é uma galáxia. Eu sou uma galáxia. Tanto faz se examinar o universo com um microscópio ou um telescópio, você verá exatamente a mesma coisa. Música não é pegar uma guitarra e fazer shows para ficar famoso. E também fico perturbado com essa obrigação de fazer sucesso. Por que eu devo fazer sucesso?
Tony Harris: Porque você precisa alimentar o sistema.
Vangelis: Agora sim você está falando.
Tony Harris: E você está me arrastando para o seu ponto de vista.
Intervalo
Tony Harris: Por que você aceitou este convite para abrir o incrível anfiteatro de Catar?
Vangelis: Eu aceitei porque é muito raro ver um país que parece ter interesse em educação, artes, ciência e cultura. Na minha opinião esta é a chave para combater a crise de hoje. Sempre se fala em crise, crise, crise. Isso não é novidade. A crise econômica não é tão importante quanto a crise cultural. Quando se lida com cultura, educação, ciência e artes, todo o resto fica mais fácil. Eu queria apoiar esta iniciativa [em Catar]. Além disso, fiquei muito impressionado com este teatro em estilo grego. Eu prefiro esses teatros retangulares. Eles se parecem com caixas de som. E ver um teatro novo traz esperança. Em meu país existem muitos teatros. Mas isso vem de tempos remotos. Mesmo em meu país não se constroem mais teatros assim. A moda é construir lugares nos quais ninguém se sente especial quando entra. Você não sente que verá algo especial nos novos teatros. Então, por que ir ao teatro?
Tony Harris: Pelo que entendi, quando você aceitou este convite, alguns de seus amigos e colegas o acompanharam.
Vangelis: Sim. Temos uma ótima equipe. Angela, Roberto, Jeremy. Está sendo ótimo.
Tony Harris: Você está novamente trabalhando com Hugh Hudson, certo?
Vangelis: Sim. Tem sido um grande prazer. Desde Carruagens de Fogo que não trabalhamos juntos. Ele está sendo responsável por toda a ambientação. Tem sido realmente ótimo.
Tony Harris: O que o motiva hoje em dia? Certamente este projeto aqui em Catar o motivou. Você compôs música original para o evento. Mas o que o motiva a compor hoje em dia?
Vangelis: Eu crio música todos os dias. Mas para este evento aqui em Catar eu criei música porque, pela primeira vez, vi um país demonstrar interesse por algo que considero como o que há de mais necessário para todas as pessoas. Toda a miséria que existe nos dias de hoje é por conta da ausência de beleza. E beleza é qualidade de vida. E qualidade de vida não é dinheiro, é algo diferente. Por exemplo, civilização não é tecnologia. Naturalmente não tenho nada contra tecnologia. Mas você consegue imaginar alta tecnologia entre pessoas não civilizadas? É algo muito perigoso. Ou seja, a partir do momento em que Catar está tentando fazer algo dessa natureza, eu tenho que apoiar essa iniciativa. Afinal, isso faz parte de minhas crenças. E mesmo que isso [o investimento nas artes, na ciência, na educação e na cultura] jamais aconteça, nós temos que ajudar. Todos temos que ajudar. E espero que aconteça.
Tony Harris: Você sente necessidade de produzir mais álbuns?
Vangelis: Não. Eu componho música todos os dias.
Tony Harris: Você não tem necessidade de expor seu trabalho na internet ou outros meios? Não tem vontade de ser ouvido pelas pessoas, de compartilhar seus sentimentos ou suas ideias? Não tem necessidade de influenciar pessoas em favor do mundo que você gostaria de ver?
Vangelis: Bem, compartilhar é importante. Mas, como eu disse, não quero me impor. A partir do momento em que você entra no sistema, você precisa se impor. É um jogo muito perigoso. Essa postura é contra os meus princípios. Colocar-me em uma posição em que, por um lado, fazem exatamente o contrário daquilo em que acredito e, por outro, tento manter o equilíbrio... É uma situação muito complicada.
Tony Harris: Falando em compartilhar, devo dizer que passei algum tempo com você. Você tem uma vida maravilhosa.
Vangelis: Como você sabe disso?
Tony Harris: Bem, isso é fácil. Posso dizer a partir do que ouvi das pessoas que o cercam. Elas me fazem crer que você tem uma vida maravilhosa. Fico pensando por que você não compartilha isso. Você não tem Facebook, nem Twitter. Você não compartilha aquilo que vejo como uma vida maravilhosa de amizades, de amor, de conquistas profissionais.
Vangelis: Eu não quero inundar pessoas com a minha pessoa. Existem problemas o suficiente no mundo. Eu prefiro fazer o meu trabalho, compor música. Se alguém quiser ouvir a música, não há problema. Se eu puder ajudar, como posso e como estou fazendo agora, com essa gente sensacional de Catar, o que mais posso fazer? Eu também pinto quadros, fico feliz com isso e assim tento manter o equilíbrio.
Tony Harris: Se eu lhe pedisse para compartilhar comigo os melhores momentos de sua carreira como compositor, o que você diria? Eu penso nos filmes. Talvez você não concorde. Mas penso em Blade Runner, talvez Alexandre. Quais foram os melhores momentos?
Vangelis: Agora você está falando sobre música para cinema.
Tony Harris: Sim. Música para cinema.
Vangelis: Bem, Blade Runner foi muito importante, pois foi um filme profético. Trabalhei neste projeto porque senti que estamos seguindo este caminho.
Intervalo
Tony Harris: Quais são os seus momentos mais felizes?
Vangelis: Oscar Wilde dizia que não existe felicidade, mas apenas momentos de felicidade. E esses momentos de felicidade podem acontecer em qualquer lugar, em qualquer momento. Às vezes você sabe o motivo, às vezes não sabe. Quando estou com música, sou muito feliz. Quando estou com pessoas que amo, sou feliz. Quando estou com saúde, sou feliz. Quando vejo pessoas sorrindo, sou feliz. Isso tudo depende de muitas coisas. Mas eu não sou infeliz.
Tony Harris: Legado. Há muito trabalho ainda pela frente, eu sei. Mas como você quer que as pessoas lembrem a sua obra? O que você deseja que elas aproveitem de sua obra?
Vangelis: Eu prefiro deixar que as pessoas decidam o que elas preferem. Outra questão que surge a partir de sua pergunta é que o trabalho que pessoas conhecem representa um percentual muito pequeno daquilo que componho. Porque, em geral, as pessoas conhecem aquilo que foi lançado por gravadoras ou pela indústria cinematográfica. Existem muitas peças sinfônicas que compus e que jamais foram lançadas. Então, não há como eu escolher o que as pessoas devem preferir. Se elas preferirem algo de meu trabalho, tudo bem. Mas podem não querer nenhuma das minhas músicas. Como saber?
Tony Harris: Oh, mas elas continuarão ouvindo muitas de suas músicas. Vangelis, elas continuarão a ouvir.
Vangelis: Como você sabe disso? Tudo o que espero das pessoas é que elas tratem a música com mais respeito. Só isso. Quanto a mim, nada espero.
Tony Harris: Agradeço pelo seu tempo.
Vangelis: Grato.
Incrível. Ele realmente consegue ser "vazio" de si mesmo. E quando o vemos falando, suas expressões e gestos somente reforçam essa sensação de desprendimento. Maravilhoso!
ResponderExcluirPenso que uma verdadeira obra-prima da beleza (a true masterpiece of the beauty) é um paradoxo, pois é tanto objetiva quanto subjetiva. Mas paradoxos não devem ser censuráveis, pois na vida há inúmeros deles. Se não fosse o caso, não haveria razão para se criar (ou descobrir) a lógica fuzzy, ou a lógica paraconsistente -- criada por, entre outros, nosso grande Newton da Costa.
ResponderExcluirPessoalmente, consigo ver beleza nA Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky [1], assim como nos Papas do pintor Francis Bacon [2]. Obras-primas da beleza por terem uma linguagem que, subjetivamente, mexem com minha razão E com minhas emoções e, objetivamente, me fazem melhor pessoa.
[1] https://youtu.be/rq1q6u3mLSM?t=382
[2] http://obviousmag.org/archives/2008/06/os_papas.html
Eduardo
ExcluirMuito obrigado pelas referências.
Lembrei agora de uma fala do sempre brilhante Richard Feynman sobre beleza; senti que eu deveria compartilhar isto, então aqui vai:
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=cRmbwczTC6E
Sinceramente, quase que me leva às lágrimas.
Eduardo
ExcluirVídeo realmente excepcional. Muitíssimo grato pela importante contribuição. Divulgarei.
'Beleza' sempre me pareceu um termo muito difícil, que escapa a quaisquer tentativas de definição. Ainda assim, parece ser o termo mais apropriado em diversas situações. Haverá melhor palavra para descrever a experiência de olhar, ao vivo, um quadro de Rafael? Não que eu saiba.
ResponderExcluirE talvez se trate de opinião pessoal, mas, vá lá, acho que o cinema tem gênios maiores do que o Kubrick. : ) Jean Renoir, para citar um (diretor francês, filho do pintor, e que foi chamado por Orson Welles de, simplesmente, 'the greatest of all directors' - http://www.wellesnet.com/thanksgiving-treat-orson-welles-on-jean-renoir/).
Aliás, ótima entrevista essa do Vangelis.
Otavio
ExcluirAlguém disse (não consigo descobrir quem) que belo é aquilo que resiste à familiaridade. Gosto muito dessa visão, apesar de obviamente não atender às exigências de um espírito racional.
Gostei bastante do que escreveu sobre Renoir. Kubrick, por exemplo, gostava muito do filme O Exorcista, de William Friedkin. Este filme, em minha opinião, tem o melhor roteiro já escrito. Esta é a beleza do belo: atinge alvos completamente inesperados.
Tal citação aparece aqui:
Excluirhttp://revistapesquisa.fapesp.br/2008/06/01/paixao-e-contradicao/
Krishnamurti
ExcluirAté onde sei, Poe jamais disse isso. Newton da Costa parece ter errado a referência. Ainda procuro pela referência original correta.
Eu não ouço rock por achar bonito, mas por ter afinidade com o estilo. Não é só uma questão de beleza, mas de identidade também. Apreciar uma obra talvez exija mais da personalidade que do senso de estética.
ResponderExcluirSebastião
Só um complemento ao meu comentário acima: coisas sem harmonia, (aparentemente) feias, muitas vezes são vistas como algo a ser desprezado, inconvenientes. Mas elas tem uma qualidade: são potencialmente subversivas. Que o diga as duas nuvenzinhas escuras no horizonte límpido e limitado de Lord Kelvin.
ExcluirSebastião
Sobre a impossibilidade de redução da arte à diversão e aos padrões de hedonismo estéticos, Ernst Cassirer : “A exigência da diversão pode ser satisfeita por meios muito melhores e mais baratos. Pensar que os grandes artistas trabalharam com este fim, que Michelangelo construiu São Pedro ou que Dante ou Milton escreveram seu seus poemas tendo em vista a diversão, é impossível. Eles subscreveriam as palavras de Aristóteles, segundo às quais ‘esforçar-se e trabalhar pela diversão parece tolo e totalmente inútil’.”
ResponderExcluirSócrates não tem um texto sobre a beleza, com um valor absoluto?
Sócrates não tem textos.
ExcluirCaros
ExcluirSobre essas diferentes visões filosóficas a respeito de beleza, um excelente texto é, claro, este link de Stanford:
http://plato.stanford.edu/entries/beauty/
E, sim, Sócrates não tem textos.
Pois é...assim como Jesus Cristo não tinha "textos"....e pensar que a humanidade perdeu um tempo danado com esses dois...
ExcluirVídeo: Importância da beleza | Why Beauty Matters (by Roger Scruton)
ResponderExcluirvimeo.com/73344145
Livro: Beleza
Autor: Roger Scruton
http://www.erealizacoes.com.br/livros/Beleza.asp
Documentário sensacional, Krishnamurti. Divulgarei. Grato.
ExcluirAlguém compreendeu realmente o que ele explica como sendo música? Relação natureza-universo-música? Não poderia ser energias que nos invadem e provocam sensações agradáveis? Onde está a arte? Todos somos artistas? Porque a beleza não é absoluta?
ResponderExcluirJá que o apreciador influencia a beleza, então beleza é quântica!!!!!!!
João Luiz
ExcluirDefinitivamente não vejo como podemos todos ser artistas, se assumirmos que artista é aquele que produz arte. Mas o que realmente escapa da maioria das pessoas é a capacidade de apreciar o belo e até mesmo a necessidade de buscar o belo. No mais, como adverti, a entrevista de Vangelis mais vale para ser sentida do que explicada.
as o que realmente escapa da maioria das pessoas é a capacidade de apreciar o belo e até mesmo a necessidade de buscar o belo.
ExcluirO que será que então as pessoas buscam e apreciam?
Se fosse colocado a tocar uma Bachiana N5, a maioria das pessoas diriam: quem é Villa Lobos? Que música mais chata! No entanto, para mim é a beleza em seu âmago.
O que elas ouvem me atormenta, funk, bate estaca, caipira, etc... Elas buscam isto. Por que será? Como gostaria de entender esta questão!!!!
João Luiz
ExcluirLembro que Adorno escreveu algo a respeito deste problema. Não recordo em qual texto. Mas, pelo pouco que lembro, esse tipo de apreciação (principalmente sobre o que há de pior em músicas populares) nada tem a ver com música. Música, para muitos, precisa ter letra e deve permitir danças tribais. As Bachianas de Villa Lobos jamais viabilizam isso.
Mas é magistral!!!!!
ExcluirCaro Professor
ResponderExcluirConfesso que infelizmente nunca havia ouvido falar do Vangelis, a ignorância definitivamente não é uma bênção. É realmente incrível como o músico conseguiu discorrer sobre tantos temas importantes em uma única entrevista ! Essa conversa foi muito interessante, parabéns pela tradução.
Uma outra entrevista muito interessante sobre beleza, sob outros sabores, é a do Edward Witten (acredito que o senhor já a tenha visto, mas de quaisquer forma...) :
https://www.youtube.com/watch?v=zsyF2BAHg2o&list=PLYmwFR_XLSpb9br57giVzZnJjDWe2gpeU&index=9
Lucas
ExcluirOuço as músicas de Vangelis desde 1982. Considero-o o melhor compositor do século 20, apesar de certamente muita gente poder discordar (e com razão). Afinal, não podemos esquecer de gente como John Williams, Xenakis e tantos outros.
Agradeço muito pelo vídeo indicado. Assim que puder, assistirei.
Este texto do corvo não tem graça: http://pt.wikisource.org/wiki/O_Corvo_(tradu%C3%A7%C3%A3o_de_Machado_de_Assis)
ResponderExcluirBem lembrado, Anônimo. A tradução de Machado de Assis é realmente péssima. A leitura que recordei nesta postagem foi de uma tradução feita por Fernando Pessoa. Bem melhor.
ExcluirDe todo modo sou incapaz de ver a beleza em um poema, música ou arte. Só matemática acho bonito mesmo assim acredito que nem tanto quanto os matemáticos. Não nasci com essa capacidade não sei pensar, ver, escrever.Sou trivial, um mero mortal. Nada mais.
ResponderExcluirFalando em beleza e cinema, não consigo deixar de pensar no gênio Hayao Miyazaki, para mim cada um de seus filmes é extremamente belo!!
ResponderExcluirAcho que existe um filme, também de Kubrick, que consegue ser mais bonito que 2001, e que nunca é lembrado: Barry Lyndon. Esse é o filme mais bonito a que assisti em toda a minha vida.
ResponderExcluirLeonardo
ResponderExcluirKubrick sempre foi um cineasta pouco compreendido. Barry Lyndon é realmente um filme espetacular e com fotografia única. E, de fato, é um dos filmes mais subestimados deste mago da sétima arte. Mas em termos de ousadia, mensagem e técnica, ainda fico com 2001.
Me sinto obrigado a comentar agora hahah : Ran, Kagemusha, Os Sete Samurais etc. Já assistisse alguma das obras geniais de Akira Kurosawa professor? Ouso dizer que não tem como se arrepender.
ResponderExcluirarthur
ExcluirDe Kurosawa conheço apenas Ran, Os Sete Samurais e Sonhos. São realmente magníficos.
Adonai, já viu?
ResponderExcluirhttps://m.youtube.com/watch?v=Q3oItpVa9fs
Sebastião
Sim, Sebastião. Muito bom.
ExcluirConhece essa banda?
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=mFuxq_J1VuA
Eu não conhecia. Fenomenal! Bons tempos em que bandas populares procuravam fazer música. Grato pela excelente recomendação.
ExcluirA apresentação completa:
ResponderExcluirhttps://m.youtube.com/watch?v=tTuE45ljIHc
Sebastião