Apesar de manifestações contrárias de alguns leitores, segue abaixo mais um depoimento. Desta vez trata-se de um breve relato de uma brasileira que viveu durante alguns anos em três países de dominação muçulmana. Lucia Fagundes, que assina o texto abaixo, foi colega minha de escola durante a década de 1980, época em que estudávamos no Colégio Leôncio Correia, em Curitiba, Paraná.
Publico o depoimento dela por dois motivos: 1) Recentemente foi veiculado neste blog um brilhante texto do professor Youssef Cherem sobre arte islâmica e, portanto, o depoimento de Fagundes faz um excelente contraste social com a perspectiva artística; 2) Uma das postagens recentemente encomendadas para este blog é sobre o papel da mulher na vida acadêmica e, levando em conta que mulheres encontram extrema dificuldade de inserção social nos países de cultura islâmica, este relato oferece uma bela introdução para tema ainda a ser explorado de forma mais detalhada neste site.
Matemática por formação, Lucia Fagundes é hoje empresária no ramo de cosméticos. Autora do livro Detetive da Beleza, anos atrás ela concedeu entrevista no programa de televisão de Jô Soares.
Desejo a todos uma leitura crítica.
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Depoimento
escrito por Lucia Fagundes
Morei em Riad, capital da Arábia Saudita, de 1993 a 1994. No aeroporto de Riad, vesti a roupa preta chamada de Abaia. É uma roupa claustrofóbica. Foi minha primeira viagem para fora do Brasil, e levei um choque cultural difícil de descrever. Em um país como a Arábia Saudita, a mulher vive em um mundo masculino governado pela religião. E a sua individualidade de mulher é deixada no avião. No passaporte do seu marido, as autoridades anexam um papel com o seu nome. Na verdade, a partir do momento em que entrei na Arábia Saudita, meu passaporte perdeu a validade. É o documento de meu marido que tinha valor para a autoridade alfandegária. Mesmo sendo estrangeira e católica tornei-me uma propriedade de meu ex-marido na época. A mulher não tem a liberdade de ir e vir na Arábia Saudita.
Quando se está longe de seu país é como filmar uma festa no andar de cima. Observamos detalhes difíceis de serem vistos quando estamos envolvidos com a bagunça da festa.
Na década de 1990 havia no Brasil uma inflação de 75% ao mês. Foi outro choque perceber que havia estabilidade econômica. No primeiro mês, fui ao supermercado e levei um susto: os preços não mudavam. A inflação já havia permeado minhas entranhas. Em Riad, as pessoas compravam pra valer e não era véspera de Natal. Cheguei lá no mês de maio de 1993.
Na cidade de Meca está localizado o Templo Sagrado dos muçulmanos: é uma enorme mesquita, uma pedra preta, ao ar livre. Todo o muçulmano que se preze, uma vez na vida deve dar sete voltas ao redor dessa pedra. Um canal de TV mostra durante vinte e quatro horas por dia os fiéis rezando e circundando essa pedra. É lugar proibido para quem não é muçulmano.
Kaaba: Templo Sagrado |
O país é um dos maiores produtores mundiais de petróleo. Na cidade de Jeddah está localizado o maior porto que transporta o petróleo. Em Jeddah, longe dos olhos dos policiais religiosos usei biquíni; pois é uma cidade com hotéis e resorts enormes. É onde os estrangeiros relaxam e podem sentir-se um pouco mais à vontade.
Daman é outra cidade com praia; porém nada de usar biquíni. Fui à praia usando calça Jeans, com uma temperatura de 45 graus.
Todos os estabelecimentos comerciais fecham quatro ou cinco vezes ao dia, por trinta minutos. É a hora da prece a Alah. Caso você se encontre no supermercado fazendo suas compras, deverá terminar tudo rapidinho e sair. Ou eles te colocam para fora de qualquer jeito. No início, isso não me incomodava. Mas depois começou a perturbar. Pois nunca se sabe o horário em que o comércio vai fechar. Os horários da prece seguem a posição do sol.
O dia de descanso é a sexta-feira, domingo é um dia normal de trabalho.
No mês do Ramadan, que seria para os católicos o equivalente à quaresma, todos os mercados e shopping centers fecham durante o dia. Abrem apenas após o anoitecer. Enfim, o país respira religião. Por isso algumas empresas recomendam não viver lá mais do que cinco anos.
Empresários afirmam que, pelo fato de ser um estilo de vida muito contrastante com o ocidente, depois de muito tempo lá, algumas pessoas passam a adquirir comportamentos esquisitos.
A mulher jamais, nem por sonho, pode usar saia, blusa de alcinha, calça comprida. Não pode mostrar o tornozelo: para os muçulmanos é a parte mais sexy da mulher. Comprei saias longas, até o dedão do pé, blusas de manga comprida.
Em público, a mulher estrangeira precisa cobrir o cabelo, ou o véu deve estar dentro da bolsa. Ele é mais importante que a sua carteira de identidade.
Existem dois tipos de polícias: civil e religiosa. A polícia religiosa não trabalha o tempo todo. Portanto, a mulher deve manter o véu na bolsa, quando vai, por exemplo, ao shopping center; pois se o Murtawa, (o policial religioso) aparecer, ele gritará para a mulher cobrir o cabelo. Caso não tenha o véu, pode ser presa.
Os estrangeiros moram em condomínios fechados. Nesses condomínios existem supermercados, farmácia, piscina, quadras esportivas. Dentro dos condomínios a mulher pode se vestir normalmente, usar biquíni na piscina etc. Estão localizados longe da cidade, praticamente no meio do deserto. No meu condomínio, um ônibus levava as mulheres para fazer compras duas vezes ao dia. Aliás, na Arábia Saudita, o passatempo da mulher era comprar. Não existiam cinema, teatro, bar. E na época, nem internet.
É um país onde o estrangeiro é o empregado das empresas locais. Os sauditas são os donos do dinheiro. A maioria é riquíssima. Contratam a peso de ouro os estrangeiros, para fazer de tudo para eles, desde alguém que limpe o chão até aquele que constrói redes de telecomunicações ou os ensina a jogar futebol.
A bebida alcoólica é proibida. Porém, meu ex-marido tomava o seu whisky. Chegou a pagar trezentos dólares americanos por uma garrafa de Black Label, no câmbio negro. Os estrangeiros aprendem a fazer vinho e cerveja em casa. Os suecos e alemães eram especialistas em produzir schnapps. Concluindo, você fica bêbado, Alah queira ou não.
Descobrimos uma escola americana feminina. Detalhe: as escolas são separadas em feminina e masculina. Foi onde comecei a aprender inglês. Um evento hilário aconteceu na escola de inglês: um dia cheguei à sala de aula, encontrei minhas colegas de classe, todas amontoadas numa cadeira, olhando para fora, e perguntei se Saddam havia soltado um míssil? (Na época ele ainda era vivo e estava na ativa). Não era nada disso. As janelas eram todas pintadas de preto. As mulheres não podem ser vistas da rua. E as janelas eram altas. Mas em uma das janelas da sala de aula, a tinta preta havia descascado, formando espaços transparentes no vidro. As alunas descobriram e olhavam os transeuntes na rua por meio daqueles buraquinhos. Era a forma de transgredir e se divertir, olhando o mundo lá fora.
No meu condomínio havia mulheres estrangeiras que viviam em Riad por 10 anos, porém nunca tinham visto o rosto de uma mulher saudita, (elas cobrem o rosto totalmente quando saem à rua, usando três véus). E são mulheres muito lindas.
Conheci uma senhora saudita, escritora, e a sua filha, na escola. Ela me disse que as mulheres eram proibidas de entrarem em bibliotecas públicas. Existiam bibliotecas femininas, mas muito precárias. Ela viajava para os Estados Unidos, para buscar educação e informação. A filha dela adorava ir ao Egito, para dançar na discoteca.
Tornei-me amiga de uma moça que ficou noiva, e que estava se preparando para casar. Após o casamento, ela trouxe o álbum de fotos para eu ver. Seu vestido era branco, longo e com grinalda na cabeça. Segundo ela, quase todas as mulheres se casavam de branco. Cerimônia com grande festa, onde inclusive, era servida bebida alcoólica. Os casamentos são arranjados pelas famílias. Casam-se entre primos. Minha amiga casou-se com o primo.
O noivo precisa pagar um dote para a família da noiva. Uma vez fomos comprar ouro. Em Riad, sair para comprar ouro é como ir até a farmácia aqui. Um rapaz, vendedor de ouro, perguntou: “Quanto custa uma mulher no Brasil?” Meu ex-marido respondeu que o preço de uma mulher no Brasil era uma boa conquista. Ele disse: “Já que é tão fácil assim, quero ir ao Brasil buscar uma mulher”.
Mulher não dirige. Mas minha colega na escola tinha uma moto. Perguntei quando dirigia? “No deserto, meu pai ensinou. É onde pratico. E quando viajo para Londres no verão, levo minha moto para andar lá.” Apesar de tantas regras, na escola de inglês percebi que a maioria das regras islâmicas estava mais no papel do que na prática. Nos finais de semana, os sauditas jovens se divertem dirigindo caminhonetes, pelas dunas de areia no deserto.
O lazer dos estrangeiros era fazer piquenique no deserto. A areia fina (não o sol) deixa a pele bronzeada. É impossível ficar ao sol durante o verão. A temperatura chega fácil aos cinquenta graus Celsius.
Presenciei e senti na pele uma tempestade de areia no deserto. Todos os orifícios do corpo são literalmente preenchidos por areia. A barraca onde estávamos queria voar. As mulheres faziam peso dentro da barraca; os homens lá fora segurando e levando lufadas de areia no rosto. A tempestade durou uns trinta minutos; o vento assobiava nos ouvidos; foi uma experiência incrível.
Devido à vastidão de luz existente no deserto, tiramos fotos maravilhosas. Andando pelo deserto, imagina-se que a última coisa a encontrar seria uma planta verde? Ledo engano. No meio do nada, me deparo com uma planta verdinha. Tenho as fotos. À noite o vento carrega gotas de orvalho; é o suficiente para a Mãe Natureza entrar em ação.
Tenho ótimas lembranças da Arábia Saudita. E foi o lugar onde iniciei meu aprendizado de inglês. Não era o lugar ideal para aprender inglês, mas quando se tem força de vontade, aprende-se inglês até na Arábia Saudita.
Após essa experiência marcante na Arábia Saudita, fui viver durante quatro anos na Indonésia, onde a religião não interfere tanto no dia-a-dia. É um país muçulmano bem mais flexivel com as mulheres estrangeiras.
Porém, para encerrar, tive a oportunidade de viver durante três meses no Irã. E a minha conclusão foi a de que, se um país muçulmano quer impor as regras do islamismo para a mulher, deve ser rico como a Arábia Saudita.
O Irã, apesar de ser produtor de petróleo, é pobre. Praticamente não existem carros com ar condicionado; e durante o verão as temperaturas chegam perto de quarenta e cinco graus Celsius. E as mulheres também precisam cobrir o cabelo e vestir roupas compridas.
Mas no Irã fiz a melhor viagem histórica de minha vida: visitei Persépolis. Persépolis fica setenta quilômetros ao norte da cidade de Chiraz, ao sul do Irã. Em uma hora de carro, percorre-se o deserto até a entrada da antiga capital do Irã. No que restou das ruínas do palácio onde viveu Alexandre, o Grande, faz um calor infernal. Mas o cenário histórico, que eu havia aprendido apenas nos livros da quinta série do ginásio, ali na minha frente, ao vivo e a cores, não tem preço.
Para finalizar, quero dizer que sou católica não praticante. Batizei a minha filha na religião católica para que ela não possa se casar com um rapaz muçulmano. A última coisa que desejo é ter um genro muçulmano. Eles vivem ainda no século 7.
A melhor oportunidade que tive para aguçar meu autoconhecimento foi viver algum tempo entre indígenas e em comunidades de seringueiros na amazônia. Também tive o privilégio de aprender sobre as culturas amazônicas em campo com uma amiga antropóloga. O que mais me enriqueceu foi perceber que em vários aspectos nossa cultura (cristã / capitalista / ocidental) é muito menos refinada que a de pessoas que, em muitos aspectos vivem no neolítico.
ResponderExcluirO filósofo Michel Onfray analisa muito bem este fenômeno de autoconhecimento em seu libelo Théorie du voyage : poétique de la géographie, Paris, Galilée, 2005. Mas eu queria mesmo é mencionar uma passagem do primeiro capítulo de outro livro do MO. Em Traité d'athéologie, Paris, Grasset (2005) ele faz uma pesada crítica ao Islamismo quando descreve a contrição de um motorista muçulmano que atropelou um chacal. Em minha leitura a mesma cena mostra o respeito e a atenção com os detalhes da vida, que é um aspecto de alto refinamento da cultura teocêntrica do islã.
O mais que eu queria fazer aqui é uma crítica à generalizada falta de autocrítica cultural, pois mesmo fora da mentalidade dominante são poucos os se atrevem a fazer perguntas como: Por que a semana tem sete dias? Por que temos de trabalhar oito horas por dia? Por que as pessoas só podem se casar de duas em duas? Por que cenas de homicídio explícito podem ser exibidas para menores mas cenas de sexo não? Por que temos que folgar dois dias na semana? Por que posso andar vestindo o cadáver de um animal mas não posso andar nú? Por que num estádio de futebol é permitido ofender verbalmente outras pessoas? Por que drogas comprovadamente maléficas são toleradas enquanto outras não? Por que temos de fazer quatro refeições por dia? Por que pais não podem fazer sexo com filhos? Por que uma pessoa não pode decidir pela própria morte? Por que é tolerado torturar animais mas não fazer sexo com animais?...
E para polemizar antes de me despedir: é engraçado imaginar que muitos pais, não só muçulmanos, devem dizer que a última coisa que desejam é ter genro/nora brasileir@. Em muitos aspectos pensamos do mesmo modo que pensávamos no neolítico.
Adeus.
Excelente crítica, Daniel!
ExcluirRecentemente vi uma reportagem na TV sobre tribos indígenas na Amazônia que são mantidas isoladas pela FUNAI, segundo as normas da FUNAI, o Fundação não faz contato com tribos isoladas a não ser que corram risco de vida.
ResponderExcluirFico imaginando que um contato com um povo indígena isolado se assemelha em muitos pontos a um contato extraterrestre, seria uma experiência única poder conhecer a cultura de um novo povo que nunca ouviu falar de Jesus Cristo ou Maomé, nunca ouviu falar de Hitler ou Stalin, por exemplo. Como será a medicina? No que acreditam? Quais conhecimentos possuem sobre matemática?
Fico pensando que todas as culturas olham apenas para seu próprio umbigo e esquecem de ver que somos todos um só grupo. Vejo muitas pessoas criticando a cultura dos países como Arábia Saudita onde as mulheres são rebaixadas, mas pelo que percebo essa cultura não é tão estranha para as mulheres que lá vivem. Aposto que muitas acham estranho as mulheres do Ocidente andarem mostrando os cabelos. Assim como as tribos na Amazônia, viveríamos em paz se olhássemos os outros não como estranhos, mas apenas como diferentes de nós.
Denis, há centenas de relatos como os que você busca: são monografias antropológicas, etnografias. Pegue um livro como os Nuer, de Evans-Pritchard, ou Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande, do mesmo autor; ou os Argonautas do Pacífico Ocidental, de Malinowski, entre tantos outros.
Excluir"pelo que percebo essa cultura não é tão estranha para as mulheres que lá vivem."
Claro, o próprio conceito de cultura implica duas coisas: 1) ela é "natural", "comum" e "óbvia", na maioria do tempo, para seus membros; 2) ela é diferente de outras culturas. Tomar caipirinha e comer feijoada é "estranho" para quem nunca viu.
«Aposto que muitas acham estranho as mulheres do Ocidente andarem mostrando os cabelos.»
Estranho, dificilmente: estranho é aquilo que não se entende muito bem; que é difícil explicar, mesmo que negativamente. Mas elas sabem que no ocidente as mulheres andam assim, então não é tão estranho: elas acham mesmo é errado. Ou simplesmente diferente. Ou têm inveja, vá saber.
«um novo povo que nunca ouviu falar de...» -- talvez eu diria até mesmo que a maioria da humanidade mal conhece esses personagens.
«Assim como as tribos na Amazônia, viveríamos em paz se olhássemos os outros não como estranhos, mas apenas como diferentes de nós.»
Muitas tribos na Amazônia olham os outros como estranhos; de fato, a guerra era comum antes da chegada dos europeus. Não se faz guerra somente com estranhos. Não se vive em paz com quem é parecido conosco somente por semelhança cultural. Conflitos tendem a ressaltar as diferenças, justamente por um processo justificativo. Veja bem: os russos são bem "parecidos" com os ucranianos. Uma raiz cultural comum não impediu as guerras da Europa até o século XX.
"Não pode mostrar o tornozelo: para os muçulmanos é a parte mais sexy da mulher." Realmente não sei de onde tirou essa informação. Isso é a mesma coisa que falar que, para os brasileiros, a bunda é a parte mais bonita da mulher. Faz algum sentido? Nunca vi uma hierarquia de partes mais ou menos sexy, segundo "os muçulmanos". Existem partes "púdicas" e "impúdicas", e no caso, para os wahhabitas/salafitas (vamos botar nome nos bois, pois é a corrente "teológica" seguida na Arábia Saudita), isso pode incluir até as mãos. Mas no caso de muitos países muçulmanos, não é impúdico mostrar a face, nem as mãos. Já vi xiitas no Líbano de chador, mas calça jeans e sapato de salto alto. Então, lá se vai a teoria do "tornozelo".
ResponderExcluir"se um país muçulmano quer impor as regras do islamismo para a mulher, deve ser rico como a Arábia Saudita."
De novo, isso não faz muito sentido. Se ter ar condicionado é ser rico, então, tudo bem. Na Arábia Saudita não havia muito ar condicionado até a década de 1950. A autora esqueceu também de dizer o quão distante estão Irã e Arábia Saudita em todos os sentidos -- sociais, educação, cultura, língua, política, e sim, religião.
"No que restou das ruínas do palácio onde viveu Alexandre..." Bem, foi ele que botou fogo no palácio, ou no mínimo deu seu consentimento. Até hoje não se sabe bem por quê. E eu não sei por que alguém deveria celebrar isso.
"Para finalizar, quero dizer que sou católica não praticante. Batizei a minha filha na religião católica para que ela não possa se casar com um rapaz muçulmano. A última coisa que desejo é ter um genro muçulmano. Eles vivem ainda no século 7."
Não basta batizar: na verdade, é permitido ao muçulmano casar-se com uma não-muçulmana. (Por outro lado, um homem não-muçulmano é proibido de casar-se com uma muçulmana.)
Não estou aqui para defender a Arábia Saudita, nem atitudes tomadas por muçulmanos, evangélicos, ateus, hindus, animistas ou gente que acredita em aliens; nem para jogar lenha na fogueira para uma discussão que pode não dar em nada. Há muçulmanos e muçulmanos; e, como foi dito em um comentário, a última coisa que eles querem é ter um genro não-muçulmano. Aliás, no mundo deles, eles não correm esse risco. Mas se, por um lado, se não há autocrítica ou um pingo de relativismo cultural em grande parte da Península Arábica e arredores, as generalizações terminam com um grande medo no último parágrafo, e a colocação do "diferente" como "bárbaro". Atitudes como essa são preocupantes. Não, eles não vivem como no século VII. Afinal, quem são "eles"? Os sauditas? Os muçulmanos? Infelizmente, por várias razões totalmente compreensíveis, a autora não teve contato o bastante com pessoas daquele país. Como também aparentemente não conversou com muitos iranianos, nem mencionou sua cultura. Percebo cada vez mais que o simples fato de ter "vivido no estrangeiro" não traz conhecimento algum por si só -- muitas vezes, somente um conhecimento superficial.
Youssef
ExcluirTenho um convite para você. Que tal escrever uma crônica que promova comparações entre o que um leigo vê, ao visitar uma cultura islâmica, e aquilo que está por trás das aparências? Pode ser uma excelente oportunidade de esclarecimento, principalmente se for bem humorada. O que acha?