sexta-feira, 26 de junho de 2015

O exército dos 26 sábios adolescentes


Ciência e tecnologia de ponta são atividades humanas extraordinárias, que exigem a ação de pessoas extraordinárias. O Brasil é o maior produtor de soja do mundo graças a pesquisas realizadas em nosso próprio país. Mas ainda dependemos do desenvolvimento científico e tecnológico de nações estrangeiras, para o crescimento econômico e social do Brasil em inúmeros outros segmentos. Se uma única mulher conseguiu trazer tanta riqueza e tantos empregos ao longo de décadas para o nosso país, graças ao seu trabalho científico, imagine o que um exército de 26 jovens de extraordinário talento pode fazer pelo nosso futuro! 

Por isso publico esta postagem. As melhores universidades e institutos de pesquisa do mundo não existem apenas para alavancar elas próprias ou os países que as abrigam. Elas existem para ajudar a construir um mundo melhor. Justamente por conta disso que os grandes centros de desenvolvimento científico e tecnológico abrem as suas portas para tantos estrangeiros. O que resta saber é se países em desenvolvimento como o nosso têm interesse real no próprio crescimento econômico e social.

Sou professor universitário de uma instituição pública de ensino, com 50 anos de idade e 32 de universidade, da graduação à posição de docente. Mas isso não me impede de perceber jovens talentos com capacidade muito superior à minha, não apenas para fazer ciência e tecnologia de alto nível mas também para transformar de maneira construtiva a realidade brasileira. 

Por conta disso apelo aqui à visão de futuro de cada leitor deste texto. A Fundação Estudar selecionou 26 jovens para fazerem a diferença em nosso país. São 26 sementes prontas para germinar. E este exército de 26 precisa da visão e da colaboração de todos.

Estes 26 alunos foram aprovados para estudar em 18 das melhores universidades do mundo, incluindo Harvard, MIT, Stanford, Yale e Princeton. Veja, por exemplo, esta reportagem para detalhes. Além de terem sido aprovados, conquistaram bolsas parciais para estudar nestes centros que são referências de excelência em todo o planeta. No entanto, o acesso a educação científica e tecnológica de ponta exige dinheiro. E as bolsas parciais não cobrem despesas muito pesadas para os padrões financeiros das famílias desses 26 jovens. Por isso uma solução encontrada foi a criação da campanha de crowdfunding Aprenda lá, dá cá. O objetivo da campanha é arrecadar R$ 350.000,00 até o dia 25 de julho deste ano. Até o momento do fechamento desta postagem foram arrecadados apenas R$ 47.745,00. 

Fiquei sabendo a respeito desta campanha porque recebi e-mail de Marcos Elias Schwartz, jovem de 17 anos que faz parte deste grupo de talentos identificados pela Fundação Estudar. O e-mail dele foi motivado pelas atividades usualmente promovidas neste blog. 

Eu, por exemplo, investirei nesses jovens. Invisto não apenas com a publicação desta postagem, mas também com a promoção da mesma no Facebook e com doação para a campanha, a qual acabo de fazer. Se a promoção paga que acabo de fazer no Facebook for bem sucedida, injetarei mais dinheiro nela.

É importante observar que este blog não tem fins lucrativos. O acesso é gratuito e não se faz anúncios por aqui. Pelo contrário, há anos venho investindo tempo e dinheiro com divulgação científica e cultural, bem como críticas ao ensino de nosso país, em todos os níveis. Faço isso porque tenho fé no Brasil, apesar do gigantesco esforço que este país faz para que não se acredite nele. 

Acredito não apenas na capacidade destes 26 jovens, mas também na genuína vontade deles de retornarem ao Brasil. 

Se algum leitor deste blog tiver alguma dúvida sobre a possibilidade desses jovens retornarem, peço que leve em conta três fatos. Em primeiro lugar, eles assumem textualmente que "acumulando conhecimentos e experiências únicos em nossa bagagem, poderemos aplicá-los à realidade brasileira". Em segundo lugar, as universidades brasileiras não estão cumprindo satisfatoriamente com o papel de desenvolvimento social. E, pior, professores universitários chegam a tentar impedir que pessoas aproveitem a juventude para um trabalho honesto e altamente relevante. Ou seja, tenho esperança de que quem lê esta postagem seja mais inteligente do que muitos professores universitários de nossa nação. 

Se você, leitor ou leitora, não puder colaborar financeiramente com a campanha Aprenda lá, dá cá, que pelo menos divulgue esta postagem ou a campanha em si. Mas, se optar pela divulgação da campanha, acrescente uma frase que expresse o que você realmente pensa a respeito desta iniciativa. 

Ciência e cultura sempre dependeram de mecenato. Este é um fato histórico, no Brasil e no mundo. E qualquer pessoa pode fazer parte de um grupo que, como um todo, cumpre o papel de um mecenas.

Tanto você quanto eu acompanharemos o trabalho desses 26 adolescentes ao longo dos próximos anos. Um dia eles serão adultos, adultos profissionais. E certamente estaremos lá para comprovar que o investimento de hoje valeu a pena. 

Que não plantemos apenas soja, mas também prosperidade e, quem sabe, felicidade.

7 comentários:

  1. Caro professor

    Que iniciativa incrível! Eis aí um investimento fantástico a se fazer, parabéns pela divulgação professor. Tomara que ainda haja tempo de atingir o objetivo.

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    1. Pois é, Lucas

      Apesar dos esforços, a campanha está congelada em termos de doações. É muito difícil vencer certas barreiras.

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  2. A principal barreira é cultural. No Brasil, não temos uma sociedade atuante.
    Predomina a ideia de que tudo é responsabilidade do governo.
    Quando falamos de contribuição em dinheiro para viabilizar um projeto
    de educação, há outras barreiras como a falta de crença no futuro do
    país.
    Eu investi nesses jovens e acredito que vai valer a pena.

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    1. Se há algum aspecto positivo no atual cenário de crise político-econômica (que, ao que tudo indica, tende a se acentuar pelos próximos anos), é que isso pode contribuir para mudar a paupérrima visão de que tudo depende da boa vontade do Leviatã estatal. Bem, agora que o cobertor irá ficar cada vez mais curto, as pessoas vão precisar "cair na real" e "arregaçar as mangas" para que projetos transformadores tenham sucesso. Chega de depender das esmolas do governo, e passemos a nos articular com pessoas que tenham os mesmos interesses que nós. Espero que isso sirva de lição ao país. É como eu digo há anos: Ou acabamos com o Estado balofo e ineficiente ( o grande drenador dos recursos do país), ou matamos de vez a galinha dos ovos de ouro (o contribuinte-trouxa que paga essa farra toda). E olha que não estamos muito longe do fim do nosso "bônus demográfico"; pois quando ele chegar, é aí que a porca vai torcer o rabo... Ou o Brasil cresce e amadurece, ou sacrificaremos o futuro das próximas gerações por puro irracionalismo e estupidez dos que nos governam — e dos muitos que os apoiam nessas sandices. Make your choice: live or die (como diria um grande filósofo do cinema norte-americano).

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  3. A campanha não vingou.
    Recebi hoje um e-mail avisando que a meta não foi atingida.

    Sebastião

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    1. Essa plataforma juntos.com.vc é meio bagunçada. Ontem recebi a mensagem dizendo que a campanha não tinha arrecadado dinheiro suficiente; hoje recebi outra mensagem dizendo que a campanha foi bem sucedida...

      Sebastião

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  4. As instituições militares (como ITA e IME) costumam ser melhores do que as públicas e privadas. Foi criada a 1ª Escola de Instrução Militar de Ensino Superior: https://www.youtube.com/watch?v=Q8QEM9cIIvM

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