quinta-feira, 30 de abril de 2015

Como ler sobre ciência sem ficar lelé da cuca


Enquanto desenvolvo os vídeos educativos anunciados, além de cumprir com as minhas obrigações como docente e pesquisador, consigo encontrar algumas brechas de tempo para escrever postagens. Vamos lá.

A neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzel lançou no mês passado o livro Falando Ciência: Guia prático para comunicar ciência aos seus pares e ao público sem arrancar os cabelos. A ideia da autora, em princípio, é muito boa. Afinal, qual é o valor social do conhecimento científico se ele não puder ser aplicado ou, pelo menos, compartilhado? E como justificar a investigação científica perante o público se seus resultados forem conhecidos apenas por aqueles que desenvolvem a ciência? 

Mas creio que seria igualmente importante alguém escrever uma obra um pouco mais fundamental, intitulada "Ouvindo Ciência: Guia prático para entender ideias novas sem arrancar os cabelos dos outros".

Como muitas atividades sociais (incluindo educação, música, teatro, cinema e política, entre outras), a ciência enfrenta grave crise. A última novidade foi publicada hoje, no site de notícias The Independent. De acordo com Richard Smith, ex-editor do prestigiadíssimo British Medical Journal (BMJ), "a maior parte do que é publicado em periódicos científicos hoje em dia está simplesmente errado ou carece de sentido". Em palestra na Royal Society, Smith relatou um experimento muito simples, realizado quando ele editava o BMJ. Um pequeno artigo científico, contendo oito erros intencionalmente colocados, foi enviado a 300 pesquisadores que costumam trabalhar como avaliadores para aquele periódico. Nenhum dos avaliadores encontrou mais do que cinco erros. A média foi de dois erros encontrados, para cada revisor. E 20% desses revisores não encontrou erro algum. Se o atual sistema de avaliação de artigos científicos - para fins de publicação em periódicos especializados - fosse uma droga sob testes, jamais entraria no mercado. Isso por conta de inúmeras evidências de indesejáveis efeitos colaterais, mas sem evidências convincentes de benefícios, afirma Smith. 

A raiz do problema reside, entre outros fatores, em conflitos de interesses entre pesquisadores e obsessão por modismos científicos. E este fenômeno tem criado também enormes obstáculos para a veiculação de ideias genuinamente originais e relevantes.

Ora. Se a própria comunidade científica encontra crescente dificuldade para conferir credibilidade no que faz, mesmo entre seus pares, o que deve pensar um leigo que se interesse por ciência?

Por conta disso, fiz uma breve lista de dicas para ler e ouvir ciência. Espero que o leitor aproveite bem essas recomendações.

1) Não se impressione com vocabulário técnico. Ciência é uma atividade humana que faz uso de termos linguísticos e modos de pensar nem sempre encontrados no cotidiano do público leigo. Portanto, é muito fácil usar terminologias e modos de inferência que simplesmente induzem ao erro. Um exemplo bem conhecido é o célebre embuste do monóxido de dihidrogênio. Esta substância é o principal componente da chuva ácida, contribui para o Efeito Estufa, pode causar queimaduras severas, acelera a corrosão e oxidação de metais e já foi encontrada em tumores retirados de pacientes com câncer. No entanto, é empregada na fabricação de refrigerantes e sucos industrializados, bem como na produção de fast food. Devemos combater o emprego de monóxido de dihidrogênio na indústria alimentícia? Certamente que não. Afinal, monóxido de dihidrogênio é simplesmente um termo técnico para água.

2) Desconfie de afirmações exageradamente surpreendentes. Se um autor afirma categoricamente algo que lhe parece muito estranho ou surpreendente, consulte especialistas ou outras fontes confiáveis, para cruzar informações. Jamais confie em um único autor, mesmo que publique suas ideias em um veículo científico bem conhecido e respeitado. Procure conhecer a repercussão dessas ideias na comunidade científica. Por exemplo, nenhum físico sensato afirma de maneira categórica que o Big Bang determinou o nascimento do universo bilhões de anos atrás. O que se afirma, de maneira responsável e bem qualificada, é que existem evidências muito convincentes de que o universo conhecido surgiu a partir de uma grande explosão hoje conhecida como Big Bang. Citando mais um exemplo, este mês o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis publicou um pequeno livro em parceria com Ronald Cicurel, no qual defende que máquinas de Turing jamais conseguirão simular o cérebro humano. Este é um belo exemplo muito recente de afirmação bombástica que certamente gera muita desconfiança. Cuidado! 

3) Desconfie do senso comum. Com intimidadora frequência, "senso comum" significa simplesmente "repetição de jargões populares resultantes de reflexão superficial". Afirmações como "é lógico que x = x", "a toda ação corresponde uma reação", "tudo é relativo", "o homem descende do macaco", "é impossível dividir por zero", "postulado é uma verdade evidente", "o gato de Schrödinger está vivo e morto ao mesmo tempo", entre outras, nada têm a ver com ciência. Toda ideia de caráter científico depende de um contexto que deve ser cuidadosamente avaliado. Não se resume ideias relevantes da ciência, de maneira responsável, em uma ou duas frases.

4) Evite autores que opinam sobre ciência sem jamais terem feito contribuições científicas. Para opinar, é preciso conhecer. E, para conhecer, é preciso fazer. Quem faz ciência, publica suas ideias em veículos especializados. Quem não publica em veículos especializados, não conhece ciência. Simples assim. Não existe conhecimento científico passivo, que se aprende apenas lendo. Ciência é uma atividade que demanda sofisticado requinte intelectual, o qual só pode ser desenvolvido com muita prática. Assim como um atleta nada aprende de relevante apenas acompanhando atividades físicas de seu treinador, nenhuma pessoa aprende ciência sem fazer ciência. Livrarias e internet estão repletos de livros e artigos de autores que opinam sobre ciência sem jamais terem se qualificado para isso. É claro que fazer ciência não é suficiente para opinar sobre o tema. Afinal, não são poucos os experientes profissionais que erram gravemente em seus pareceres, como ilustrei acima. No entanto, é fundamentalmente necessário.

5) Desconfie de quem grita e de quem especula. Aqueles que tentam impor ideias, são meros doutrinadores. E ciência não é uma doutrina. Quem tenta impor que "ciência é uma atividade racional", não demonstra racionalidade. Quem afirma ser cético, deve cultivar o ceticismo sobre seu próprio ceticismo. Quem afirma que uma máquina de Turing jamais poderá simular as funções do cérebro humano, está apenas especulando. Conhecimento científico só pode ser adquirido com muito empenho, muita discussão e muita paciência. 

6) Conheça noções básicas de argumentação. Saiba diferenciar argumentos dedutivos de indutivos. Conheça pelo menos as formas mais comuns de falácia. E perceba a diferença entre debates e embates.

22 comentários:

  1. "o gato de Schrödinger está vivo e morto ao mesmo tempo"

    Vejo a mecânica quântica quase que como algo totalmente metafísico, quase poesia. No tal experimento mental do grande Schrödinger, o que há de errado com a afirmação acima?

    "O que se afirma, de maneira responsável e bem qualificada, é que existem evidências muito convincentes de que o universo conhecido surgiu a partir de uma grande explosão hoje conhecida como Big Bang.

    Sei que pode parecer preciosismo, e já li que o nome "Big Bang" veio do astrônomo Fred Hoyle num comentário mezzo pejorativo, mas preferiria (gosto pessoal) que a teoria científica se chamasse "teoria do universo inflacionário" – meio pomposo, talvez. Outra coisa é a palavra "teoria", que quase sempre gera confusão entre o povo criacionista: "teoria não é lei; é só teoria", algo assim. Problema semântico que só gera debates infrutíferos e perda de tempo. E se se usasse o termo "modelo" (toda teoria não seria uma representação da realidade?)? E.g. "modelo da evolução 'dos seres vivos' (e talvez de todo o universo) através de seleção natural". Mas será que um leigo entenderia melhor assim?

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    1. Eduardo

      Sobre a sua primeira questão, o erro comum é imaginar um gato que esteja vivo e morto ao mesmo tempo. A questão colocada brilhantemente por Schrödinger é a dificuldade de estabelecer um contato entre o mundo quântico e o mundo descrito pela física clássica. O melhor livro que conheço e que trata desse tema de maneira não técnica e muito bem escrita é Sneaking a Look at God's Cards, de Ghirardi.

      Sobre a segunda questão, importante lembrar que o conceito de teoria não é claro sequer entre cientistas e filósofos. Não creio que sua sugestão mudasse algo, mesmo para um público leigo.

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  2. Simplesmente sensacional o exemplo do monóxido de dihidrogênio, ou ácido hidroxílico, ou somente água mesmo.

    O site "Humor na Ciência" já usava exemplo similar para fins de sátira, com o artigo: "Vamos banir o monóxido de dihidrogênio!", hehehehehehe

    http://humornaciencia.com.br/especiais/banir.htm

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  3. Outro exemplo sensacional de cientificismo barato:

    "O dissacarídeo de fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e da evaporação de H2O do líquido resultante da prensagem do caule da gramínea Saccharus officinarum, Linneu, isento de qualquer outro tipo de processamento suplementar que elimine suas impurezas, quando apresentado sob a forma geométrica de sólidos de reduzidas dimensões e arestas retilíneas, configurando pirâmides truncadas de base oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no órgão do paladar de quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona favoravelmente as papilas gustativas, sugerindo a impressão sensorial equivalente provocada pelo mesmo dissacarídeo em estado bruto que ocorre no líquido nutritivo de alta viscosidade, produzindo nos órgãos especiais existentes na Apis mellifica, Linneu.

    No entanto, é possível comprovar experimentalmente que esse dissacarídeo, no estado físico-químico descrito e apresentado sob aquela forma geométrica, apresenta considerável resistência a modificar apreciavelmente suas dimensões quando submetido a tensões mecânicas de compressão ao longo do seu eixo em conseqüência da pequena deformidade que lhe é peculiar."

    Simplificando:

    "Rapadura é doce, mas não é mole."

    hehehehehehehehehe

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  4. http://io9.com/8-logical-fallacies-that-fuel-anti-science-sentiments-1679442426

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  5. Quem faz ciência, publica suas ideias em veículos especializados. Quem não publica em veículos especializados, não conhece ciência. Simples assim.

    Creio que existe uma obrigatoriedade de publicação em veículos especializados, caso contrário não estarei qualificado para opinar sobre ciência. Não posso fazer ciência se não publico? É uma condição essencial?

    Ciência é uma atividade que demanda sofisticado requinte intelectual, o qual só pode ser desenvolvido com muita prática.

    Como poderíamos entender requinte intelectual?

    É claro que fazer ciência não é suficiente para opinar sobre o tema. Afinal, não são poucos os experientes profissionais que erram gravemente em seus pareceres, como ilustrei acima.

    Se os experientes erram, quem julga que eles erraram? Errar não é uma característica de humanos? Neste caso, quem está apto a falar sobre ciência deve ser alienígena, e ainda assim, devemos supor que este alienígena não erre!

    Desculpe Adonai, não quero criar embate, mas foram questionamentos que surgiram diante das afirmações! Entenda estes questionamentos como um exercício racional. Se falei bobagem, por favor me ajude a entendê-las.

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    1. João Luiz

      O requinte intelectual que mencionei é externado por modos de comunicação de ideias que não se encontram em discursos cotidianos daqueles que não fazem ciência. Um exemplo marcante aparece em uma das últimas postagens, na qual se discute sobre o folclore de que vivemos em um espaço tridimensional (ou de quatro dimensões, tanto faz). Citando outro exemplo, já vi muitos físicos experientes afirmarem que não-localidade em mecânica quântica pode ser compreendida como uma comunicação superluminal entre partículas elementares. Pior do que isso, já li em artigo científico confusões imensas entre não-localidade e ação-a-distância. E por aí vai.

      Sua comparação com alienígenas não deixa de ter um fundo de verdade. Lógica matemática, por exemplo, é provavelmente a área do conhecimento mais requintada de todas, em termos de qualificação de discurso. E ainda assim lógicos experientes erram com bastante frequência. Eu, por exemplo, não tenho um único artigo publicado em periódico especializado que eu não gostaria de modificar.

      O requinte intelectual exigido na atividade científica mais se identifica com um horizonte do que com algo que esteja ao alcance das pessoas, sejam cientistas ou não. Por isso a necessidade de trocas de ideias, quando o assunto é ciência ou filosofia da ciência. Uma pessoa sozinha não dá conta do recado, seja quem for.

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    2. Eu, por exemplo, não tenho um único artigo publicado em periódico especializado que eu não gostaria de modificar.
      De acordo com a postagem você não poderia opinar sobre ciência, no entanto, discordo totalmente. Se você erra, isto não o desqualifica. Se você tem fé, ai sim, penso que não se pode falar de ciência. No meu entender, ciência é a evolução individual, alicerçada na interação com os saberes e/ou sentires de outros. Sem interação nada ocorre. Mesmo que você nunca tenha lido nada, mas se expressou uma ideia, ocorrerá interação. Haverá soma, mesmo que haja discordância. Neste momento se pratica ciência.
      "Por isso a necessidade de trocas de ideias, quando o assunto é ciência ou filosofia da ciência. Uma pessoa sozinha não dá conta do recado, seja quem for." Esta ideia eu estou plenamente de acordo!!!!

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    3. João Luiz

      Este é o aspecto divertido da vida: as inevitáveis contradições.

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    4. Caro Adonai. Eu, particularmente não acho contradição algo divertido, entretanto penso que conscientização do fato, é um momento sublime na vida de um indivíduo. Somente o fato de teres reconhecido e manifestado publicamente, é um ato a ser admirado. Na minha modesta opinião significa uma manifestação de inteligência.
      Gostaria de aproveitar para manifestar uma ideia. Penso que um ser humano é consequência de uma combinação de moléculas organizadas segundo uma ordem característica. Esta organização garante o componente matéria de nosso corpo. No entanto, este corpo necessita de energia para se tornar operante. Esta energia permeia nosso ser. Existem incontáveis tipos energéticos distribuídos em duas classes, a inconsciente e a consciente. Nós, humanos, somos o somatório dessas energias. A proporcionalidade entre elas é o que garante que sejamos únicos. Ao longo de nossa jornada no espaço-tempo, vamos acumulando energias das duas classes, inconsciente e consciente, sendo que a interação entre as classes de energias, é o que garante nossa individualidade. Assim sendo, nossa personalidade está diretamente ligada à maneira como operamos nosso consciente.
      A forma como enfrentaste a contradição, confere uma quantidade energética muito grande, que pode ser usada e liberada para a expansão do consciente. É neste momento que o consciente de uma pessoa pode atuar, de maneira positiva, para o próprio crescimento consciencial.
      Penso que você entrou em contradição de forma inconsciente. Como se sentiria alguém ao perceber que, ao interagir com outros indivíduos, expôs seu lado inconsciente? Como reagir diante de nosso próprio inconsciente? Nosso inconsciente é nosso aliado ou nosso inimigo? O que mais pode conter meu inconsciente que ainda não percebi? Será que eu sei quem eu sou?
      Muitos outros questionamentos são possíveis, mas com apenas estes, já seremos capazes de provocar um movimento energético tamanho, somente se pensarmos em nós mesmos. Mas se aprofundarmos, poderemos perceber que interagimos com outros indivíduos, ou melhor, nossa energia atinge outras pessoas. Assim sendo, por menor que seja, uma alteração em nosso campo energético, fatalmente influenciará outros indivíduos, de forma, muitas vezes, imprevisível.
      Estudar campos energéticos pode significar entendermos a nós mesmos. Em realidade somos campos energéticos entre infinitos outros campos. Neste Universo energético é onde devemos moldar nosso caminho, que ficará como pegada ou impressão digital, no espaço-tempo! Desta forma, nosso caminho, consciente ou inconsciente, é uma parte do Universo. O divertido é tomarmos consciência disto!

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    5. João Luiz

      Não tenho ideia do que seriam os campos energéticos que você menciona. Mas a interação entre pessoas, para a construção de uma sociedade melhor, é trivialmente fundamental. E, além disso, é a interação entre pessoas que molda aspectos fundamentais de pessoas. Gente não vive bem sem gente.

      Com relação a contradições, importante observar que elas estão muito mais presentes neste blog do que normalmente os leitores percebem. Contradições são uma componente indispensável nas atividades humanas, incluindo a ciência. Por conta disso que sempre recomendo a leitura do livro O Irracional, de Granger. Em geral, pessoas têm uma visão muito ingênua sobre contradições, paradoxos, antinomias. Chega-se a achar até mesmo que todo paradoxo implica no emprego de negações. Comumente se sugere também que contradições implicam em erros. E essa visão simplesmente carece de sentido.

      Em algum momento publicarei uma postagem sobre o tema.

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    6. Adonai. Um monte de letras soltas ao acaso possui uma grande possibilidade de continuar sendo um monte de letras. No entanto, se ordenarmos estas letras em determinada ordem, elas poderão formar uma ideia, originando então um campo energético. Cada indivíduo é um campo energético quando ideias são geradas.

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  6. Na verdade o texto da rapadura é bem mais completo:

    QUANDO SE TEM DOUTORADO

    O dissacarídeo de fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e da evaporação de H2O do líquido resultante da prensagem do caule da gramínea Saccharus officinarum, (Linneu, 1758), isento de qualquer outro tipo de processamento suplementar que elimine suas impurezas, quando apresentado sob a forma geométrica de sólidos de reduzidas dimensões e arestas retilíneas, os quais configuram pirâmides truncadas de base oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no órgão do paladar de quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona favoravelmente as papilas gustativas, sugerindo impressão sensorial equivalente provocada pelo mesmo dissacarídeo em estado bruto, que ocorre no líquido nutritivo da alta viscosidade, produzido nos órgãos especiais existentes na Apis mellifera (Linneu, 1758) . No entanto, é possível comprovar experimentalmente que esse dissacarídeo, no estado físico-químico descrito e apresentado sob aquela forma geométrica, apresenta considerável resistência a modificar apreciavelmente suas dimensões quando submetido a tensões mecânicas de compressão ao longo do seu eixo em conseqüência da pequena capacidade de deformação que lhe é peculiar.

    QUANDO SE TEM MESTRADO

    A sacarose extraída da cana de açúcar , a qual ainda não tenha passado pelo processo de purificação e refino e apresentando- se sob a forma de pequenos sólidos tronco-piramidais de base retangular, impressiona agradavelmente o paladar, lembrando a sensação provocada pela mesma sacarose produzida pelas abelhas em um peculiar líquido espesso e nutritivo. Entretanto, não altera suas dimensões lineares ou suas proporções quando submetida a uma tensão axial em conseqüência da aplicação de compressões equivalentes e opostas.

    QUANDO SE TEM GRADUAÇÃO

    O açúcar, quando ainda não submetido à refinação e apresentando-se em blocos sólidos de pequenas dimensões e forma tronco-piramidal tem similaridade com o sabor deleitável da secreção alimentar das abelhas; todavia não muda suas proporções quando sujeito à compressão.

    QUANDO SE TEM ENSINO MÉDIO

    Açúcar não refinado, sob a forma de pequenos blocos, tem o sabor agradável do mel, porém não muda de forma quando pressionado.

    QUANDO SE TEM ENSINO FUNDAMENTAL

    Açúcar mascavo em tijolinhos tem o sabor adocicado, mas não é macio ou flexível.


    QUANDO NÃO SE TEM ESTUDO

    Rapadura é doce, mas não é mole, não!

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    1. Permita-me acrescentar um item:

      QUANDO SE TEM O PRÊMIO NOBEL

      Não é fácil fazer ciência.

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    2. Enfant

      Não sabia desse complemento.....

      Muito bom.....

      :)

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  7. Excelente texto professor Adonai.

    Porém não gostei do título da postagem.

    "Fazer ciência sem ficar lelé da cuca" ajuda a alimentar o esteriótipo de que todo cientista é louco, o que distancia os jovens da prática desta, e rotula esta atividade como algo que é necessário conhecimento sobre-humano. Se tivemos algum cientista louco, creio que já fosse ou seria mesmo sem a prática da ciência. Embora difícil, creio que todos que desejam e se dedicam a tal fim podem contribuir de forma equilibrada (embora este último termo seja impreciso, confesso).

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    1. Hugo

      Grato pelo comentário. Honestamente, nem eu mesmo consigo decidir se gosto deste título.

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  8. Adonai, tenho uma pergunta que talvez se encaixe aqui. Você conhece as ideias do iraniano Meheran T. Kesh? É alguém que vem ganhando uma certa fama entre alguns admiradores da ciência(?), e ele faz várias afirmações bastante bombásticas. A princípio, pelo pouco que vi, me parece que ele produz um misto de pseudociência e charlatanismo. Mas ainda não estou completamente seguro por não ter me detido cuidadosamente sobre o tema. Gostaria de saber se você tem algum conhecimento sobre isso.

    (Brasileiro)

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    1. (Brasileiro), lamentavelmente não conheço o trabalho de Keshe. Examinei rapidamente aqui no Google e entendo o que diz. Há um tom messiânico no ar. Examinarei com mais cuidado. Grato pela dica.

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