tag:blogger.com,1999:blog-7013389876233226240.post8942298575116688455..comments2024-01-27T11:58:22.864-03:00Comments on Matemática e Sociedade: Uma Brasileira Cercada por MuçulmanosAdonaihttp://www.blogger.com/profile/01496591352112715128noreply@blogger.comBlogger6125tag:blogger.com,1999:blog-7013389876233226240.post-43446091812127611422014-07-25T17:30:30.754-03:002014-07-25T17:30:30.754-03:00Denis, há centenas de relatos como os que você bus...Denis, há centenas de relatos como os que você busca: são monografias antropológicas, etnografias. Pegue um livro como os Nuer, de Evans-Pritchard, ou Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande, do mesmo autor; ou os Argonautas do Pacífico Ocidental, de Malinowski, entre tantos outros.<br /><br />"pelo que percebo essa cultura não é tão estranha para as mulheres que lá vivem."<br />Claro, o próprio conceito de cultura implica duas coisas: 1) ela é "natural", "comum" e "óbvia", na maioria do tempo, para seus membros; 2) ela é diferente de outras culturas. Tomar caipirinha e comer feijoada é "estranho" para quem nunca viu. <br />«Aposto que muitas acham estranho as mulheres do Ocidente andarem mostrando os cabelos.»<br />Estranho, dificilmente: estranho é aquilo que não se entende muito bem; que é difícil explicar, mesmo que negativamente. Mas elas sabem que no ocidente as mulheres andam assim, então não é tão estranho: elas acham mesmo é errado. Ou simplesmente diferente. Ou têm inveja, vá saber. <br /><br />«um novo povo que nunca ouviu falar de...» -- talvez eu diria até mesmo que a maioria da humanidade mal conhece esses personagens. <br /><br />«Assim como as tribos na Amazônia, viveríamos em paz se olhássemos os outros não como estranhos, mas apenas como diferentes de nós.»<br />Muitas tribos na Amazônia olham os outros como estranhos; de fato, a guerra era comum antes da chegada dos europeus. Não se faz guerra somente com estranhos. Não se vive em paz com quem é parecido conosco somente por semelhança cultural. Conflitos tendem a ressaltar as diferenças, justamente por um processo justificativo. Veja bem: os russos são bem "parecidos" com os ucranianos. Uma raiz cultural comum não impediu as guerras da Europa até o século XX. Youssef Cheremhttps://www.blogger.com/profile/01424799448452502902noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7013389876233226240.post-83319959445493938412014-07-25T16:09:13.098-03:002014-07-25T16:09:13.098-03:00Youssef
Tenho um convite para você. Que tal escre...Youssef<br /><br />Tenho um convite para você. Que tal escrever uma crônica que promova comparações entre o que um leigo vê, ao visitar uma cultura islâmica, e aquilo que está por trás das aparências? Pode ser uma excelente oportunidade de esclarecimento, principalmente se for bem humorada. O que acha?Adonaihttps://www.blogger.com/profile/01496591352112715128noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7013389876233226240.post-27651957752063448342014-07-23T21:01:45.993-03:002014-07-23T21:01:45.993-03:00"Não pode mostrar o tornozelo: para os muçulm..."Não pode mostrar o tornozelo: para os muçulmanos é a parte mais sexy da mulher." Realmente não sei de onde tirou essa informação. Isso é a mesma coisa que falar que, para os brasileiros, a bunda é a parte mais bonita da mulher. Faz algum sentido? Nunca vi uma hierarquia de partes mais ou menos sexy, segundo "os muçulmanos". Existem partes "púdicas" e "impúdicas", e no caso, para os wahhabitas/salafitas (vamos botar nome nos bois, pois é a corrente "teológica" seguida na Arábia Saudita), isso pode incluir até as mãos. Mas no caso de muitos países muçulmanos, não é impúdico mostrar a face, nem as mãos. Já vi xiitas no Líbano de chador, mas calça jeans e sapato de salto alto. Então, lá se vai a teoria do "tornozelo". <br /><br />"se um país muçulmano quer impor as regras do islamismo para a mulher, deve ser rico como a Arábia Saudita."<br />De novo, isso não faz muito sentido. Se ter ar condicionado é ser rico, então, tudo bem. Na Arábia Saudita não havia muito ar condicionado até a década de 1950. A autora esqueceu também de dizer o quão distante estão Irã e Arábia Saudita em todos os sentidos -- sociais, educação, cultura, língua, política, e sim, religião.<br /><br />"No que restou das ruínas do palácio onde viveu Alexandre..." Bem, foi ele que botou fogo no palácio, ou no mínimo deu seu consentimento. Até hoje não se sabe bem por quê. E eu não sei por que alguém deveria celebrar isso.<br /><br />"Para finalizar, quero dizer que sou católica não praticante. Batizei a minha filha na religião católica para que ela não possa se casar com um rapaz muçulmano. A última coisa que desejo é ter um genro muçulmano. Eles vivem ainda no século 7."<br /><br />Não basta batizar: na verdade, é permitido ao muçulmano casar-se com uma não-muçulmana. (Por outro lado, um homem não-muçulmano é proibido de casar-se com uma muçulmana.)<br /><br />Não estou aqui para defender a Arábia Saudita, nem atitudes tomadas por muçulmanos, evangélicos, ateus, hindus, animistas ou gente que acredita em aliens; nem para jogar lenha na fogueira para uma discussão que pode não dar em nada. Há muçulmanos e muçulmanos; e, como foi dito em um comentário, a última coisa que eles querem é ter um genro não-muçulmano. Aliás, no mundo deles, eles não correm esse risco. Mas se, por um lado, se não há autocrítica ou um pingo de relativismo cultural em grande parte da Península Arábica e arredores, as generalizações terminam com um grande medo no último parágrafo, e a colocação do "diferente" como "bárbaro". Atitudes como essa são preocupantes. Não, eles não vivem como no século VII. Afinal, quem são "eles"? Os sauditas? Os muçulmanos? Infelizmente, por várias razões totalmente compreensíveis, a autora não teve contato o bastante com pessoas daquele país. Como também aparentemente não conversou com muitos iranianos, nem mencionou sua cultura. Percebo cada vez mais que o simples fato de ter "vivido no estrangeiro" não traz conhecimento algum por si só -- muitas vezes, somente um conhecimento superficial.<br /><br />Youssef Cheremhttps://www.blogger.com/profile/01424799448452502902noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7013389876233226240.post-65593953864701312172014-07-17T14:38:03.082-03:002014-07-17T14:38:03.082-03:00Recentemente vi uma reportagem na TV sobre tribos ...Recentemente vi uma reportagem na TV sobre tribos indígenas na Amazônia que são mantidas isoladas pela FUNAI, segundo as normas da FUNAI, o Fundação não faz contato com tribos isoladas a não ser que corram risco de vida.<br />Fico imaginando que um contato com um povo indígena isolado se assemelha em muitos pontos a um contato extraterrestre, seria uma experiência única poder conhecer a cultura de um novo povo que nunca ouviu falar de Jesus Cristo ou Maomé, nunca ouviu falar de Hitler ou Stalin, por exemplo. Como será a medicina? No que acreditam? Quais conhecimentos possuem sobre matemática?<br /><br />Fico pensando que todas as culturas olham apenas para seu próprio umbigo e esquecem de ver que somos todos um só grupo. Vejo muitas pessoas criticando a cultura dos países como Arábia Saudita onde as mulheres são rebaixadas, mas pelo que percebo essa cultura não é tão estranha para as mulheres que lá vivem. Aposto que muitas acham estranho as mulheres do Ocidente andarem mostrando os cabelos. Assim como as tribos na Amazônia, viveríamos em paz se olhássemos os outros não como estranhos, mas apenas como diferentes de nós.Anonymoushttps://www.blogger.com/profile/02658206417075389431noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7013389876233226240.post-51631323924783995852014-07-16T21:32:16.308-03:002014-07-16T21:32:16.308-03:00Excelente crítica, Daniel!Excelente crítica, Daniel!Adonaihttps://www.blogger.com/profile/01496591352112715128noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7013389876233226240.post-5961527753108478412014-07-16T04:00:44.985-03:002014-07-16T04:00:44.985-03:00A melhor oportunidade que tive para aguçar meu aut...A melhor oportunidade que tive para aguçar meu autoconhecimento foi viver algum tempo entre indígenas e em comunidades de seringueiros na amazônia. Também tive o privilégio de aprender sobre as culturas amazônicas em campo com uma amiga antropóloga. O que mais me enriqueceu foi perceber que em vários aspectos nossa cultura (cristã / capitalista / ocidental) é muito menos refinada que a de pessoas que, em muitos aspectos vivem no neolítico.<br />O filósofo Michel Onfray analisa muito bem este fenômeno de autoconhecimento em seu libelo Théorie du voyage : poétique de la géographie, Paris, Galilée, 2005. Mas eu queria mesmo é mencionar uma passagem do primeiro capítulo de outro livro do MO. Em Traité d'athéologie, Paris, Grasset (2005) ele faz uma pesada crítica ao Islamismo quando descreve a contrição de um motorista muçulmano que atropelou um chacal. Em minha leitura a mesma cena mostra o respeito e a atenção com os detalhes da vida, que é um aspecto de alto refinamento da cultura teocêntrica do islã.<br />O mais que eu queria fazer aqui é uma crítica à generalizada falta de autocrítica cultural, pois mesmo fora da mentalidade dominante são poucos os se atrevem a fazer perguntas como: Por que a semana tem sete dias? Por que temos de trabalhar oito horas por dia? Por que as pessoas só podem se casar de duas em duas? Por que cenas de homicídio explícito podem ser exibidas para menores mas cenas de sexo não? Por que temos que folgar dois dias na semana? Por que posso andar vestindo o cadáver de um animal mas não posso andar nú? Por que num estádio de futebol é permitido ofender verbalmente outras pessoas? Por que drogas comprovadamente maléficas são toleradas enquanto outras não? Por que temos de fazer quatro refeições por dia? Por que pais não podem fazer sexo com filhos? Por que uma pessoa não pode decidir pela própria morte? Por que é tolerado torturar animais mas não fazer sexo com animais?...<br />E para polemizar antes de me despedir: é engraçado imaginar que muitos pais, não só muçulmanos, devem dizer que a última coisa que desejam é ter genro/nora brasileir@. Em muitos aspectos pensamos do mesmo modo que pensávamos no neolítico.<br /><br />Adeus.Anonymoushttps://www.blogger.com/profile/09461314679259656410noreply@blogger.com